Resenhas -

Livrendo 08/11/2024

Entregou muito...
Ler E Se Eu Fosse Pura é como adentrar em uma montanha-russa de reflexões intensas, com uma autora que fala sem rodeios sobre sua própria realidade e as complexidades da existência trans. O conteúdo, por si só, é um primor – com coragem, Amara Moira desnuda alma, corpo e coração em cada página. Mas quando a gente fala do livro físico, tem um "porém": a diagramação e a revisão, que parecem não ter recebido o mesmo capricho.

Vamos começar com o positivo: o conteúdo é poderoso. Amara usa as palavras como lâminas, com um texto afiado e sensível que nos faz sentir cada experiência como se fosse a nossa. Ela explora temas profundos como identidade, desejo e marginalização com uma honestidade que raramente se vê. Este livro não é uma leitura leve, mas é daquelas que deixa um impacto duradouro. Se o objetivo da autora era nos deixar com aquela sensação de “preciso reler porque ainda estou processando”, ponto para ela. Missão cumprida!

Agora, a parte divertida – ou nem tanto, dependendo do ponto de vista. A diagramação do livro parece ter sido feita na correria, tipo aquele trabalho que você entrega no último minuto. A experiência de leitura acaba ficando um pouco confusa por causa disso. Tem página que parece que vai “comer” a margem, linhas que ficam com espaçamento estranho… Se a intenção era criar um efeito de inquietação visual, até entendo, mas às vezes a gente só quer um espacinho para respirar entre uma reflexão e outra, né?

E a revisão? Ah, essa é uma questão à parte. Pequenos deslizes aqui e ali poderiam ser esquecidos, mas o número de erros tira um pouco da fluidez da leitura. A obra merecia um tratamento mais cuidadoso, com uma revisão que honrasse o peso e a qualidade do conteúdo. Nada que vá atrapalhar completamente a experiência, mas que definitivamente merecia atenção. Afinal, um texto tão forte e pungente merecia uma edição à altura.

No fim das contas, E Se Eu Fosse Pura é aquele livro que vale por cada palavra sincera e intensa de Amara Moira, que nos provoca e nos desafia a enxergar o mundo com outros olhos. A obra nos deixa maravilhados e pensativos, e é só por isso que a diagramação e a revisão passam um pouco batido, porque, no que realmente importa – conteúdo –, Amara entrega de sobra.

Jéssica Maria 28/10/2024

Triste, por vezes engraçado, mas muito reflexivo
Esse livro foi sorteado para a leitura do clube do livro que faço parte em setembro de 2023. A leitura não fluiu naquela época. Eu tive muita dificuldade com o começo, acho que por conta das minhas questões morais.
Mas eu insisti na leitura. Tanto porque a autora faz parte de uma comunidade literária que "frequento" no WhatsApp, como porque é um livro que eu resgatei no skello, e ele ficaria para sempre na minha estante.
A leitura ela começa com Amara descobrindo o prazer através do trabalho (prostituição). Ela fala muito da chance de uma mulher trans ter experiência sexuais e descobrir o próprio prazer através do seu corpo (e lucrando com isso).
Eu não tive muito engajamento na primeira parte mas, próximo da metade do livro, ela começa a inserir reflexões quanto a estar naquele lugar, bem como comenta sobre a mercantilização do seu corpo a redução da mulher trans ao único espaço que lhe cabe: a rua, e essa segunda metade me prendeu bastante.
Você lê refletindo, ao mesmo tempo que dá umas risadinhas ? porque Amara é uma mulher engraçada.
Seu relato é muito forte e faz a gente pensar sobre a rua, sobre o espaço da mulher na sociedade, sobre o espaço da mulher trans na sociedade, até mesmo aquela mais progressista.
Ah, não é uma leitura fácil ? vale a pena ter um dicionário pajubá debaixo do braço ?, mas não é uma leitura ruim.

regis49 21/09/2024

Esse livro explora muitas questões de identidade, sexualidade e aceitação através da perspectiva de uma protagonista trans (inclusive é o primeiro livro que leio nessa visão). A narrativa é bem envolvente e sensível, destacando a busca por autoconhecimento e pertencimento em uma sociedade muitas vezes hostil.
a escrita é bem mais formal, seguindo regras gramáticas, mas que você consegue entender sem nenhuma dificuldade.
talvez eu mesma tenha colocado expectativas demais, não que tenha sido ruim, de forma alguma, só não me tocou da mesma maneira que tocaria alguém a quem o livro foi destinado. No mais, gostei e indico.

Vitoria 17/09/2024

Um relato real de uma prostituta travesti.
O livro faz pensar sobre a prostituição. Existem pessoas que fazem porque querem e tem aqueles por necessidade. Acredito que por necessidade deveria ser evitada. Espero que de alguma maneira elas consigam seus direitos e dignidade.

JamilaV 04/07/2024

E se eu fosse..
Aaahh.. pensei realmente que seria um tapa na cara por conta da apresentação do livro, mas senti como se fosse mais um livro da Bruna surfistinha, não que seja uma coisa ruim para quem gosta desse tipo de leitura, mas minha espectativa para esse livro era outra.

Adrielle106 30/06/2024

E se eu fosse puta
Esse livro relata sobre a vida e o dia a dia de uma travesti que seguiu a vida da prostituição. Ela relata cada envolvimento e vem sempre falando sobre quebrar os tabus, o que os homens em 4 paredes desejam e não assumem em seus relacionamentos...
"Ser travesti já nos torna tabu, daí a maioria ainda encontra na prostituição a única forma de subsistência (e sabemos que seremos consideradas putas mesmo as poucas de nós que escaparem ao trabalho sexual)... não é fácil querer encarar esse combo ao nosso lado e, mesmo quando se queira, não é fácil ter estrutura emocional pra lidar com tanta pressão. O olhar público, a família, o círculo social, às vezes até o trabalho pode estar em jogo, e só por estarem com a gente! A transfobia nos exclui, a prostituição nos abraça e a putafobia amplia a exclusão a que já estamos sujeitas só por meramente existir."

Muito top, todos deveriam ler.

Larissa 26/05/2024

Profundo!
Amara conseguiu colocar em palavras a sua experiência enquanto puta travesti.
O livro é um relato, do início ao fim, das suas experiências na noite, da sujeição da travesti, na grande maioria, ao trabalho com o corpo e da precarização dessa atividade.
Dos perigos, intolerâncias e preconceitos a que estão sujeitas as pessoas que trabalham nas ruas, com seu corpo.
Mas o livro foi também uma forma de ela contar sobre o seu desejo, sobre o seu processo de descoberta e tudo que foi necessário a ela viver pra se ?permitir? ser quem é, sem que o julgamento da sociedade impactasse tanto a sua vida.
Um livro de coragem!

Micelandia Lima 21/05/2024

Comecei por safadeza mesmo, assumo, carência brutal, vontade que me desejassem, pegassem, pagassem por mim, mas rapidinho vi que não era assim tão bom como eu sonhava e poder escrever sobre começou ser a razão para eu querer continuar, hoje já não sei mais se me prostituo para escrever ou se escrevo para me prostituir, essa é a verdade, quanto vcs saberiam da vida por trás dos planos da profissão mais malfadada do mundo não fosse por mim. Venho sendo entrevistada em tudo quanto é canto, convidada para dar palestras em universidades, dividir mesa com políticos, ser capa de jornal e revista importante, participar de documentário e não é a toa, quem toca esse discurso assim na caruda, doa a quem doer são poucas no Brasil, loucas como eu, mas as coisas vão mudar, daqui em diante obscenidade mesmo só vai ter por assim dizer vez ou outra quando não der para encontrar palavra mais respeitável cabível a situação, assim quem sabe o pai de família não leve tão a mal ver-se outra vez outra vez ver aqui citado em meio a minhas estripulias.

eulalianivea 20/05/2024

Até onde vai um olhar de julgamento?
Amara Moira nesse livro relata sua vida antes da transformação em Trans, em como já se sentia uma prostituta mesmo antes de exercer essa profissão.

Revela como eram os programas, o tratamento que recebia dos homens, maioria rejeitados pela sociedade por sua forma física, presos em casamentos onde não podiam falar de suas carências, seus desejos impróprios, e por essa condição procuravam as prostitutas pra sentirem prazer, podendo ali mostra sua verdadeira nudez quando trancados.

O que me impactou bastante foi nos valores pagos pra essas pessoas, além da falta de consideração, respeito por essas que só faziam aquilo pra sobreviver.

Isso sem contar nos olhares de julgamentos em ser Travesti no Brasil, simplesmente por ter escolhido em ser assim.

Saulo122 21/04/2024

O que ahei da Amara
Um livro que tras um relato muito interessante sobre a prostituíção das travestis no Brasil. É de abrir os olhos.

Gus 21/12/2023

A história é cativante pela transparência e emoção, como está ouvindo um relato de alguém conhecido!
Me prendeu do início ao fim.

Jessica.Virgens 12/10/2023

Mesmo com conhecimento e acesso, ainda assim uma mulher trans esteve prostituta. Estudante de doutorado e puta.
A marginalidade dessas pessoas na sociedade é tão forte e o que faz com o psicológico de cada uma delas é terrível.

Um livro que traz muita reflexão sobre diversas problemáticas sociais.

Foi uma excente leitura fora da minha zona de conforto

Marina 09/08/2023

Revolucionário, mas triste
Um livro que empodera as travestis, as put@s e as travestis put@s. Amara se define lindamente ao se diver puta pq escritora e escritora pq puta.

Mas, sem moralismos, é um livro triste, por mostrar a realidade da prostituição e os sentimentos por trás. O problema não é prostituir-se, mas sujeitar-se à violência que uma prostituição sem direitos trabalhistas impõe, que a transfobia impõe, que a sociedade brasileira impõe.

Termino esse livro feliz por ler Amara Moira, feliz por acrescentar essa realidade nas minhas experiências literárias, mas triste por saber o quão dura pode ser a difícil vida fácil.

maria 18/04/2023

Bom livro
Gostei muito desse livro, adorei receber essa recomendação, viva a literatura!
Me fez repensar muito e criar novas dúvidas, uma ótima ótima leitura.
5 estrelas

Fer Buzinari 03/03/2023

Transgressão de primeira e de quinta categorias
Não adianta procurar demais, porque não tem gente oferecendo transgressão com tanta nudez, pornografia e realismo por aí que nem a Amara.
Esse livro é pra fazer caretas ao longo da leitura, pra perceber que tem muito fififi nosso que tá precisando ser demolido na base da porrada pra gente aceitar, normalizar e militar por outros modos de vida que, com ou sem o nosso aval, vão continuar existindo e resistindo.
Amara, obrigado por esse monumento.