Juliana (Ju/Jubs) 24/07/2022
Eu não esperava tanta sinceridade. Peguei esse livro pra ler por indicação de um amigo, não conhecia Amara, não sabia o que esperar, mas gostei muito do título; e li.
A primeira coisa que reparei foi: 3 revisores em um livro (trabalho na área), logo pensei que ou ia dar muito certo ou ia ser uma tragédia (Spoiler: deu certo, vou falar sobre isso mais pra frente).
A segunda coisa que reparei foi a linguagem, junto à sinceridade. Tão despojada, tão natural, isso muitas vezes faz um texto ser mal escrito, o que aumentou meu receio.
A questão é: o conteúdo é tão incrível que deixei de lado a parte chata de mim. Amara me fez sentir amiga dela, fez com que eu quisesse conhecer ainda mais dela e de seus pensamentos. Ela ganhou uma fã.
Ela fez eu perceber a transfobia no meu dia a dia, e eu tentei fazer algo a respeito, infelizmente, não deu resultado, é algo tão naturalizado. Na hora eu fiquei muito chateada e triste, mas fiquei feliz de ter feito algo a respeito, de ter tentado.
Acredito que esse é o caminho, não só (re)conhecer o preconceito, mas fazer algo a respeito. A questão é que quem não faz parte, não vê, não sente, e, assim, é só mais uma piada, mais uma campanha publicitária sobre/para mulheres/homens cis, mais um ditado popular. Mas não, é mais uma forma de fechar os olhos e fingir que uma parte da população não existe.
Enfim, voltando (antes que eu me esqueça). Sobre a revisão, está muito bem feita, quase bem feita demais. Acho que a revisão poderia ter acompanhado mais o tom despojado do livro, não exagerado, mal escrito, mas natural, como um livro de comum de literatura. A revisão seguiu à risca as regras gramaticais, fiquei com medo de ela atrapalhar a linguagem usada, no fim, foi uma mistura interessante.