Contos

Contos Machado de Assis
Machado de Assis




Resenhas - Contos


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Bruna 13/05/2011

Machado, novamente, não me decepcionou.

Gostei dos contos, que são, em sua maioria, convincentes, devido ao realismo empregado. A escrita é envolvente, objetiva, irônica - marca registrada de Machado, e sempre deixa a vontade de ler mais obras dele.

Recomendo, em especial, os contos que foram os meus preferidos: "A Cartomante" (claro!), "Cantiga de Esponsais" e "O Caso da Vara". Um único conto me assustou, pois esperava muito mais - "Felicidade pelo Casamento". Aquele final não me desceu...

PS: Minha edição é a da "Série Bom Livro", que contém as seguintes histórias: "Almas Agradecidas", "Conto de Escola", "Cantiga de Esponsais", "Longe dos Olhos...", "Carolina", "O Caso da Vara", "Felicidade pelo Casamento", "Um Apólogo", "A Cartomante" e "Missa do Galo".

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Vê Tezoni 06/05/2011

A igreja do diabo; A carteira; O empréstimo; A desejada das gentes; Monólogo do burro; Uns braços; Suge-se gordo; Idéias do canário; Pai contra mãe; Missa do Galo.
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G. 01/06/2011

lembro que li esse livro na oitava série e gostei muito dos contos!
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carol 05/11/2011

Realismo
Machado de Assis em seus contos,mostra a realidade da sociedade do séc. XVIII. Mostra seus vícios e pecados, de forma intelectual e bem humorada(descontraída) ao mesmo tempo. Uma façanha típica de tal autor, é manter seus contos atuais, mesmo depois de tanto tempo de escritos.
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Crispim 24/01/2012

Machado de Assis é um maestro das palavras. Seus contos são simplesmente fantásticos. Retrata o ser humano de maneira sútil e com um carinho todo especial. Adorei a leitura do livro. Das minhas últimas aquisições despretensiosas essa, sem dúvida, foi a melhor.
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Rômulo 03/03/2012

Contos Machadianos
Maravilhoso!
Se você quiser ler só uma obra do gênio Machado, leia os contos, não são muito longos, embora exijam uma certa atenção na interpretação por causa das ironias etc.

São Exelentes!
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Havi 08/09/2012

Contos
Antepenúltimo e penúltimo contos são simplesmente fantásticos ! Machado, como sempre, magnífico.
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Ana Luiza 09/10/2014

Para conhecer Machado de Assis
Machado de Assis é um dos maiores nomes muitas vezes considerado o maior - da literatura brasileira e conquista, intriga, diverte e provoca muita gente até hoje. Entretanto, a pior maneira de se conhecer o autor é pegando logo de cara um de seus romances mais famosos: Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, etc. Machado era simplesmente genial e suas obras não são das mais fáceis. Infelizmente, muitas pessoas tiveram a mesma experiência com Machado que eu tive. No ensino fundamental fui obrigada, pela escola, a ler Dom Casmurro e não deu outra: odiei a obra e odiei Machado.

Particularmente, não acredito que alunos antes do ensino médio tenham maturidade e conhecimento literário o suficiente para ler os romances de Machado, o que não quer dizer que devemos os manter longe do autor. Agora, no ensino médio, tive novamente por obrigação ler Machado de Assis. Só que dessa vez foram contos, que realmente se mostraram a melhor maneira de verdadeiramente conhecer o autor.

Nesse livro, Contos de Machado de Assis, temos 14 contos do autor que representam bem o seu modo de escrita e a pluralidade de temas que ele abordou ao longo de sua carreira. Comecei o livro desconfiada por causa da experiência negativa e o primeiro conto, O Medalhão, não me ajudou a ter um bom começo de leitura.

O conto O Medalhão traz a conversa entre um pai e filho, no dia do aniversário deste último. O pai instrui o filho sobre como ser um medalhão, uma pessoa importante. Não gostei do conto, pois, honestamente, não vi muito sentido nele. A trama, construída através de diálogos, dificulta conhecer os personagens que, mesmo para um conto, não foram muito desenvolvidos. Uma surpresa boa, por ser o primeiro conto, foi descobrir que a linguagem de Machado não é difícil, algo que não esperava, já que o autor é do século XIX.

O segundo conto, O espelho, começa com 5 amigos debatendo temas metafísicos e filosóficos. O mais calado deles, Jacobina, resolve contar uma história sua para exemplificar sua opinião de que todos nós temos duas almas. A trama desse conto é muito intrigante e conta com um suspense bem construído, mas, para mim, um final decepcionante. Novamente, não compreendi complemente o sentido da história. Entretanto, gostei bastante da narração bem detalhada do autor, que faz o leitor sentir-se dentro do conto.

O terceiro conto, A Sereníssima República, foi uma excelente surpresa e um dos meus favoritos de todo o livro. Nele, um homem narra a descoberta de uma sociedade de aranhas falantes, com quem ele aprende a se comunicar e que o vê como um deus. O homem então tenta estabelecer um governo para as aranhas, a Sereníssima República, e narra, em seguida, as confusões e enganações que cercam a decisão de quem ficará no poder do novo Estado.

Com uma trama inusitada e narrativa carregada de ironia, em A Sereníssima República, Machado critica o processo eleitoral, os meios do poder e como as pessoas corrompem-se diante dele, e como o Estado é recheado de tais pessoas. O conto critico e atual me surpreendeu e agradou bastante e foi responsável por iniciar a mudança da visão que tinha do autor.

Em O Alienista, conto mais longo do livro se não me engano, conhecemos a história de Simão Bacamarte, um médico que resolve desvendar os mistérios da mente e da loucura. Simão funda, em sua cidade natal, a pequena Itaguaí, a Casa Verde, um hospício, para onde o médico não hesita em mandar qualquer pessoa que não tem um comportamento considerado normal. Conforme a Casa Verde vai ficando com cada vez mais pacientes, um verdadeiro terror se espalha pela cidade: afinal, quem pode verdadeiramente garantir quem são os loucos e quem são os sãos?

O Alienista é o quarto conto e o meu favorito de todo o livro. A trama intrigante e bem desenvolvida e a narrativa fácil e cativante envolvem e surpreendem profundamente o leitor. Os personagens são completos, complexos e cativantes. Machado nos faz refletir sobre o que é a loucura e a normalidade e o que as separa. Será que é possível distinguir os loucos dos sãos ou todos nós temos um pouquinho dos dois?

O quinto conto não me agradou como os dois anteriores. Em Conto de Escola, Machado conta em primeira pessoa uma situação ocorrida na escola, envolvendo uma moeda, um professor carrasco e seu filho, e um colega fofoqueiro. Honestamente, não entendi o sentido do conto e apesar dele ter me intrigado, o final foi decepcionante e não me agradou.

Em Noite de Almirante, sexto conto, acompanhamos Deolindo, um marujo que depois de meses no mar volta ao Rio de Janeiro para reencontrar uma moça que amava e que prometeu esperá-lo. Deolindo trouxe para ela, da viagem, várias bugigangas de presente, mas também um belo par de brincos, prova de seu amor e fidelidade durante todo o tempo em que estivera no mar. Os outros marujos brincam que, naquela noite, Deolindo iria ter uma noite de almirante, o que não sai bem como o planejado.

Gostei do conto, que é envolvente e divertido. Narrado em terceira pessoa, Machado consegue conquistar e surpreender o leitor, além de fazê-lo se compadecer com a situação vivida pelo protagonista. Em Noite de Almirante Machado ironiza os romances românticos, mostrando que juras de amor não são tão eternas quanto queríamos que fossem e que as expectativas que criamos sobre os outros podem nos decepcionar, o que torna o conto bem atual.

Em A Cartomante conhecemos Camilo, um jovem rapaz que tem um caso amoroso com Rita, esposa de seu grande amigo. Rita, incerta do amor do amante, consulta uma cartomante que lhe tira todas as dúvidas. A mulher conta da cartomante para Camilo, um cético, que ri da amada. Aparentemente, o caso de Rita e Camilo não é um segredo, pois o homem recebeu uma carta anônima de alguém que sabe dos dois. Entretendo, tudo muda mesmo quando Camilo recebe um recado do amigo, esposo de Rita, convocando a casa dele. É nesse momento que o caminho de Camilo e da cartomante se cruza novamente e, pode ser, que em momento de desespero, até um cético passe a acreditar no poder das cartas.

O sétimo conto é intrigante e de final surpreendente, o meu segundo favorito do livro. Machado consegue envolver o leitor nessa história de ar místico e narrada em terceira pessoa. O conto tem um ar de mistério e magia delicioso e flui rapidamente. A trama é bem desenvolvida e os personagens cativantes, além de imprevisíveis e humanos e nem sempre de bom caráter. Em A Cartomante Machado explora e critica as relações humanas não só com pessoas, mas também com os aspectos da vida, como a sorte, o destino e o místico.

A Causa Secreta é meu terceiro conto favorito do livro. Nele conhecemos a história de Garcia e Fortunato, dois médicos. Garcia já havia reparado no outro homem, mas o conheceu apenas quando ele ajudou um ferido que morava no mesmo lugar que Garcia, na época, ainda estudante. Anos se passam e Garcia e Fortunato se reencontram. Dessa vez, surge amizade e Garcia passa a frequentar a casa de Fortunato, com quem abre uma Casa de Saúde. Entretanto, Fortunato é um homem incomum, estranho até, coisa que Garcia percebe com o tempo e que, em um fatídico episódio envolvendo um rato, o faz entender o que move aquele homem.

Esse oitavo conto é delicioso, com ar de mistério e um desfecho surpreendente. Com traços de ironia e divertimento, Machado narra em terceira pessoa sua trama envolvente e inteligente, onde explora mais uma vez as estranhezas dos seres humanos e o que os move. Os personagens são imprevisíveis, de quem o autor faz uma profunda análise psicológica.

No nono conto, Uns Braços, temos a história de Inácio, um jovem de 15 anos apaixonado pela mulher de seu empregador, com quem mora. Inácio é encantado com os belos braços de D. Severina, que sempre os deixa a mostra. A mulher parece perceber a paixão de Inácio, mas o julga apenas uma criança e impossibilitada de corresponder tais sentimentos. Mas, como o passar do tempo, um observando o outro, será que opinião e sentimentos da mulher continuarão os mesmos?

Esse conto é mais singelo, mas, como sempre, Machado não deixa de abordar um tema pesado e recorrente em seus textos: o adultério. Apesar de tratar de amor (mas também de atração), o autor constrói tramas realistas, onde talvez o final não seja feliz, que coisa que adoro, pois foge do clichê de felizes para sempre. Machado mais uma vez se prova genial na hora de envolver o leitor com sua narrativa em terceira pessoa e não deixá-lo parar de ler até que chegue o final. Ele também trouxe novamente personagens, situações e um desfecho surpreendentes. Ainda falando dos personagens, Machado consegue criar protagonistas únicos, cativantes e bem reais, de quem faz profunda análise psicológica e comportamental.

No décimo conto, Missa de Galo, Nogueira, um jovem de 17 anos, que se mudara para o Rio de Janeiro para estudar, narra um episódio acontecido na véspera de Natal, e que envolve Conceição, esposa do homem que o hospeda. Esse conto me intrigou a início e o final não foi o que eu esperava, apesar de que preferia outro desfecho. Mais uma vez Machado aborda um de seus temas favoritos: o adultério, em sua narrativa envolvente.

Cantiga de esponsais é o décimo primeiro conto e traz a história de Mestre Romão, um músico estranho e solitário, que no final da vida vê-se compelido a terminar uma última composição, a que começara a criar para a esposa falecida, mas nunca terminara. O conto é um pouco triste, mas conseguiu me envolver. Machado consegue nos intrigar com essa história simples e singela e de final satisfatório. Narrado em terceira pessoa, a trama é bem conduzida, mas os personagens pouco memoráveis.

No décimo segundo conto, Um Homem Célebre, conhecemos Pestana, um talentoso pianista, e acompanhamos sua relação com sua arte ao longo da vida. Inspirando-se nos grandes, Beethoven, Mozart, Bach, etc., Pestana se entrega a música, mas, em vez de obras eruditas, clássicas, ele só consegue compor polcas, que todos consideram geniais, mas que ele mesmo não gosta e o que relegam a uma vida de insatisfação e infelicidade.

O conto é interessante justamente por tratar da relação de um artista com sua arte e sua insatisfação de não conseguir produzir o que queria. A narrativa em terceira pessoa de Machado, como sempre, consegue nos envolver rapidamente e eles nos faz aprofundar junto com ele nas profundas análises psicológicas de seus personagens, sempre variados e únicos. A trama foi bem construída e desenvolvida, e o final satisfatório.

No décimo terceiro e penúltimo conto, chamado Pai Contra Mãe, temos a história de Cândido, um caçador de escravos fugidos. Cândido leva uma vida regrada, visto que há muitos outros caçadores pela cidade e que os escravos fugidos já o conheciam. A situação fica mais complicada quando Cândido se casa e sua mulher engravida. Sem condição de sustentar a criança, a tia da esposa de Cândido sugere que eles se desfaçam do filho, mas o homem recorrerá a todas as outras maneiras antes de abandonar a prole.

O conto é muito bom, especialmente por mostrar com muita clareza o modo de vida da época e a situação dos negros escravizados. A trama é bem conduzida e surpreendente, o final polêmico e com um questionamento que pode dividir opiniões: é justificável prejudicar os outros se sua vida, ou a de quem você ama, depender disso?

Em Conto Alexandrino, o último do livro, acompanhamos Stroibus e Pítias na antiga Alexandria. Um dos filósofos acredita que todas as essências humanas encontram-se nos bichos e, com ajuda do amigo, está disposto a provar sua teoria fazendo experimentos em ratos, o que pode não trazer boas consequências para os dois.

O conto me intrigou por ser o único do livro que não se passa no Brasil. A trama é bem desenvolvida, de final surpreendente e recheada com boas doses de ironia. A narrativa em terceira pessoa cativa o leitor e o autor demonstra muito conhecimento a cerca do mundo e história antigos. Para mim, o texto ironiza a ciência e seus métodos, além dos próprios cientistas e sua busca incessável pelas verdades universais.

Esse livro foi uma excelente experiência e ótimo para conhecer o estilo de Machado de Assis, que com seus contos conseguiu acabar com o ódio que tinha por ele. Machado é realmente genial e único e fiquei curiosa para ler outras obras do autor, especialmente seus romances.

O melhor desse livro é a edição super caprichada, com essas ilustrações incríveis e que deixaram a leitura um pouco mais gostosa. Minha única reclamação é que, enquanto estava lendo, as páginas começaram a soltar sozinhas, o que, felizmente, consegui reverter com um pouquinho de cola.

site: http://mademoisellelovebooks.blogspot.com.br/2014/10/resenha-contos-de-machado-de-assis.html
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Bruna Moraes 21/03/2016

Contos
Machado de Assis escreveu o livro Contos composto por sete histórias curtas, cada uma com as características mais marcantes do autor, o cenário predominante é de um Brasil imperial, onde as ruas do Rio de Janeiro eram cercadas de sujeira e mau odor, a escravidão ainda era muito presente, apesar de haver alguns alforriados, a crença na religiosidade também se fazia presente, e ainda a predominância de muitas críticas ao comportamento da sociedade da época.
Os contos apresentam personagens bastantes distintos, como Nogueira, um jovem inocente aparentemente; Jacobina, um alfares que não conhecia a solidão, nem o medo e muito a menos a si próprio; Cartomante, uma mulher capaz de convencer as pessoas através de suposições; Damião, um homem egoísta que só vê o seu próprio umbigo; e Candinho vem para exemplificar que os fins não justificam os meios.
O estilo machadiano é marcado pelo duplo sentido e a ambiguidade no final da história, as ironias subjetivas fazem condenação a cultura social da época marcada de preconceito e superioridade entre as classes.
Um excelente livro para conhecer o estilo literário de Machado, além dos contos também há comentários de professores de universidades que ajudam a deixar tudo mais claro para o leitor compreender, capítulos curtos e com letras grandes facilitam a agilidade da leitura.
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Hérico 10/06/2016

Escrito em 03/02/15

O Alienista", "O programa" e "um erradio" são os melhores contos até agora, ainda que no primeiro tenha ficado a mesma sensação que me ocorreu em "Memória Póstumas de Brás Cubas": um argumento genial que foi desenvolvido de maneira modesta. De qualquer modo, de maneira modesta mas por Machado de Assis.
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Volnei 31/07/2016

Contos de Machado
Esta obra traz em seu bojo os mais variados poemas de um dos maiores poetas de todos os tempos do Brasil

site: http://toninhofotografopedagogo.blogspot.com.br/
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Di 𤣠31/03/2017

Contos - Machado de Assis
É incrível a forma com que Machado coloca as palavras, constrói as histórias que vale frisar: são reflexões dele sobre a sociedade do Séc. XIX. Todos os contos são dignos de releitura. Acabei de ler hoje. E já estou pensando em reler, pois me ajudou muito a compreender melhor, e expandir meus horizontes em relação a nossa sociedade: hipócrita, maldosa - ou seja - humana (como podemos observar no primeiro conto). Leiam!
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HinaCarol 09/06/2017

Quando você está sozinho... Quem você é?
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R...... 19/07/2017

Contos - Série Bom Livro (Editora Ática, 1987)
Pelo que apurei, não é uma das coletâneas que foram organizadas por Machado de Assis. Gosto de saber o ano de publicação para ver o contexto da obra e esse título não está entre os volumes originais. Mero detalhe. O autor é considerado o maior contista do país e no leque que oportunizou há possibilidades para muitas antologias. Essa traz dez contos, de apreciação variável entre os leitores.

"Almas agradecidas" é o mais extenso, dividindo-se em sete partes. O texto foi envolvente na minha leitura, sobre dois amigos dos tempos de escola. Entre eles, a paixão comum por uma moça. O que seria meio para discórdia, acabou se desenrolando favorável, em nome da amizade, ao casal que se amava. Achei curioso porque já vi situação mais ou menos assim, de um sujeito apaixonado pedir que alguém intercedesse e esta pessoa acabar vivendo a história que era desejo do outro.

"Conto de escola" tem uma crítica ao contexto de época, no ano de 1840 (não disse que é legal ver o ano de publicação...). Em linhas gerais, dois alunos tentam fazer um trato em que ambos lucram, fora da vigilância de um tradicionalíssimo professor. Mas são delatados por um colega e sofrem castigo em exemplo contra insubordinações. A história se passa no conturbado período regencial e mostra a imposição do estado e pesadas retaliações à opositores.

"Cantiga de esponsais" mostra a busca de um velho maestro em findar uma composição. Não conhecia a palavra esponsais e tem sentido de noivado. O maestro tivera inspiração próximo ao falecimento da esposa, na juventude de ambos, e só conseguiu findar ao ouvir uma melodia entoada por jovem casal, com certa tristeza um pouco antes de morrer. O que isso me traz, entre as possibilidades que se podem traçar, é a presença inspiradora e transformadora do amor, que faltara em boa parte da vida de Mestre Romão.

"Longe dos olhos..." e "Carolina" falam de enlaces matrimoniais. Os dois são parecidos no sentido de haver uma ação externa imperativa em sua vontade e interesses para realização dos matrimônios. As imposições dos pais aos filhos... No primeiro conto, o casal renuncia isso e não se submete, mas cede depois por descobrir-se apaixonado. No segundo, o enlace acontece rompendo laços afetivos já existentes em nome de interesses externos, ressaltando-se as bem-aventuranças apenas para as almas corajosas que lutem por elas. Tudo parece insosso hoje, mas na época eram mensagens instigantes diante dos costumes vigentes.

"O caso da vara" é uma ilustração dos interesses antes de tudo, até do moral. O sujeito foge do seminário por não querer ser padre e busca refúgio com os padrinhos, que são tolerantes e procuram agir a seu favor. Mas os mesmos que se mostram tolerantes por um lado, são tiranos por outro - o que acontece com a madrinha ao lidar com a escrava. O sujeito que fora auxiliado, embora não concorde, por conta dos interesses acaba sendo também cruel. Nas entrelinhas, mais uma crítica à escravidão e seus horrores irracionais e intoleráveis. E o jogo de interesses egoístas...

"Felicidade pelo casamento" é um tanto melodramático sobre a realização amorosa e matrimonial por uma pessoa frustrada. Extenso demais, não me empolguei na leitura. Chato.

"Um apólogo" - Entre todos que conheço é o conto que mais gosto do Machado. Legal! Ilustrando a empáfia das pessoas através da conversa entre uma agulha e linha. As duas tentam mostrar quem é mais importante, mas acaba prevalecendo o "glamour" da linha diante do trabalho obscuro, não menos importante, da agulha.

"A cartomante" - Clássico dos mais conhecidos do autor. Parece se desenrolar de forma amena, mas caminha para uma tragédia imponderável para um casal de amantes (convictos da manutenção de seu pérfido segredo) e para a tal cartomante que os iludira com suas previsões positivas (à gosto do freguês). Machado e seus desdém ao ocultismo, em crendice valorizada por muitos.

"Missa do Galo" - Confesso que não entendi bem. O que há? A mulher traída, conformada e mantendo aparências para preservar o casamento, tenta dar o troco insinuando-se para um jovem? Parece. No final das contas, mais uma vez a exploração e revelação da sordidez na sociedade que vivia de aparências.
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