Mano Beto 07/03/2024
Surpreso
Fique muito surpreso com Laços de Família, segundo livro de contos que leio da Clarice Lispector. O primeiro que li foi Felicidade Clandestina, que também é bom, mas em Laços, Clarice me deixou algumas vezes sem palavras. O livro foi lançado em 1960, porém, alguns contos foram escritos bem antes disto (por volta de 1946), o que me deixa ainda mais boquiaberto diante da visão que a autora tinha do mundo num período de pós guerra.
Aqui ele aponta o dedo na ferida de uma sociedade burguesa que tem certas benesses estruturais, mas por vezes sem amparo nenhum em suas almas.
Gostei de todos os contos, mas os meu preferidos foram:
Devaneio e embriaguez duma rapariga
Amor
A imitação da rosa
Feliz aniversário
A menor mulher do mundo
O crime do professor de matemática
Alguns trechos marcados:
"Pois ainda não haviam inventado castigo para os grandes crimes disfarçados e para as profundas traições"
"No peito que só sabia resignar-se, que só sabia suportar, só sabia pedir perdão, só sabia perdoar, que só aprendera a ter a doçura da infelicidade, e só aprendera a amar, a amar, a amar"
"Quem sabe a que escuridão de amor pode chegar o carinho"
O livro me despertou para conhecer também os contos os contos de Clarice Lispector (Onde estivestes de noite e A via Crucis do corpo)
Me tornando — se é que já não virei — fã de Clarice Lispector.