liz 27/02/2023
Vale a leitura
Gostaria de dar 3,5 estrelas na verdade. Não acho que é a obra mais célebre de Clarice mas ainda sim impressiona por sua sensibilidade, profundidade existencial e epifania e surge a partir de objetos e animais tão comuns ao cotidiano e que até então passavam despercebidos.
Não vou mentir que houveram contos que não me tocaram ou ainda foram rasos pra mim, mas não consigo afirmar se é minha falta de capacidade para abstrair sua mensagem ou porque de fato só não foi bom pra mim e outras pessoas que tenham a mesma opinião. E por conta destes que eu não dou uma nota maior.
Mas de forma alguma o livro deve ser subestimado, é maravilhoso a apuração dos sentimentos da mulher branca da classe média carioca de meados do século XX - realidade da autora e eixo central da coletânea de contos - tomando de súbito noção de seu papel na estrutura social machista em que vive e da entrada relutante na puberdade. E ainda sim, não falha ao abordar o neocolonialismo e xenofobia, a aversão à diferença do outro, em "A menor mulher do mundo".
Além disso acho que foi muito interessante entrar em contato com leituras que foram meu primeiro contato com Lispector ainda na escola, quando criança e adolescente, com "A Galinha", "Feliz Aniversário" e "Búfalo", tendo um olhar crítico mais apurado e pensando na minha eu mais nova que, apesar de sempre apegada a livros desde pequena, mas estes sempre de ficção e fantasia, jamais imaginaria esse despertar de paixão por literatura clássica e que essa autora viria a ser minha favorita por volta dos meus 18 anos.
Ficam guardados como meu favoritos "A imitação da rosa", "Feliz Aniversário", "Amor", "O crime do professor de matemática" e acima de todos, com uma posição mais que especial, o intimista "Preciosidade", que briga com "Noturno Amarelo" de Lygia Fagundes Telles pelo título de meu conto favorito.