Lauraa Machado 23/08/2021
Enrolado, repetitivo e chato
Nota verdadeira: 2,5
Eu já escrevi outras nove resenhas hoje, mas acho que essa vai ser a mais difícil. Não porque esse livro é complexo e precisa ser analisado a fundo, mas porque ele foi bem bagunçado e eu não sei se tenho energia suficiente para comentar cada problema dele.
Acho que vou começar falando da protagonista, Grace, que não é de todo ruim. Em vários momentos, ela parece ser uma pessoa até bem razoável, mas isso antes de descobrir que o Jaxon é vampiro. Não sei vocês, mas eu não costumo ver muito sangue no meu dia-a-dia e a ideia de alguém beber sangue não me cai muito bem. Sei que vampiros são populares em livros e séries, até gosto deles por definição, mas seria bem diferente ter que encarar um na vida real. E Grace nem precisa de tempo para aceitar e se acostumar com a ideia.
Mas o maior problema dela mesmo vem da escrita. A autora usa tantas, mas tantas gírias e frases montadas iguais, que a narrativa se torna insuportável depois de um tempo. E nem é só gíria, é sigla também. Depois da trigésima vez que eu li que alguém era algo AF e que a boca da Grace estava "seca como um deserto" (desert dry), desisti de ler qualquer outro livro da autora além dessa série. No final, desisti da série também, mas foi por outras razões.
Este livro é grande demais. Eu não tenho problema nenhum em ler um livro de 1200 páginas das Crônicas de Gelo e Fogo, porque sei que o George R. R. Martin usa todas essas páginas com informações relevantes, com construção de personagem, de mundo e da trama da história. Eu confio nele, como confio em vários outros autores. Gosto de livros grandes, de verdade, mas me irrito demais quando dá para ver que não tem história suficiente para tantas. Este daqui tinha 600 páginas na minha edição e história para 300 ou menos.
Mas o pior é que foram 600 páginas nada divertidas. A ideia de uma escola para criaturas sobrenaturais é interessante, mas demorar mais da metade do livro para a Grace descobrir a verdade foi um tiro no pé, porque nada antes foi aproveitado. Está na sinopse que Jaxon é um vampiro, então tive que passar mais de 50% do livro só esperando a Grace se atualizar para a história começar. E, quando ela finalmente descobriu a verdade e eu achei que tudo ia se tornar divertido e instigante, nada de novo aconteceu.
As únicas partes que realmente importam no livro estão nos últimos 30% (sim, li no Kindle). Tudo que veio antes poderia ter sido resumido em menos de cem páginas, porque o monólogo e a enrolação de vários capítulos para uma única cena não eram necessários. De fato, fiquei meio abismada por ver que a história parecia não pular nenhum momento da vida de Grace. Quando um capítulo acabava com uma informação inesperada, o próximo sempre continuava de onde ele parou. No livro inteiro, acho que teve um ou outro salto temporal. Ou seja, você é obrigado a ficar preso em todos os momentos relevantes ou não da vida da Grace na Katmere Academy.
Outra coisa que deixou a desejar foram as "aulas" da Grace. Era para ser um internato, para ter aulas, certo? Porque ela teve umas três ao todo e todas as razões medíocres para ela matar aula e não fazer nada ficaram cansativas de tão repetitivas. Tem, aliás, várias cenas parecidas e acontecimentos que poderiam ter sido retirados em uma edição. Além disso, alguns detalhes do romance pelo ponto de vista da Grace foram levemente problemáticos. Pelo menos o clímax é emocionante, ainda que previsível.
O pior de um livro de tantas páginas não muito bom é que eu acabo tendo muito a comentar. Como sobre o Jaxon. Minha edição veio com três capítulos extras pelo ponto de vista dele no final, que basicamente serviram para destruir sem dó qualquer admiração ou interesse que eu pudesse ter por ele. O que foi aquilo? Ele se mostrou o típico garoto frio, sem emoções e que sofre em silêncio apesar de ser lindo e todo poderoso, mas isso só no começo. Depois, ele pareceu mais real, mais interessante e até quase cativante. Aí eu fui ler os capítulos extras e ele provou que é controlador, super protetor e tóxico. Da hora. Foi aqui que decidi largar a série.
Tá, já cansei de falar desse livro, mas tem outra coisa que quero comentar. A criação dos 'poderes' e das características das criaturas foi péssima. Qual a graça de um vampiro que pode fazer absolutamente tudo, até flutuar? Nenhuma. E fica bem ridículo quando depois ainda tem aquela restrição de não poder entrar em algum cômodo se não for convidado. Voar, levitar, criar terremotos? Okay. Passar da porta? Impossível!
A única coisa realmente boa desse livro é a Macy, viu, e eu não vou continuar com a série, não só porque sei que quase todas as 700 páginas de cada livro vão ser inúteis e redundantes como foram as desse, mas porque a história não tem carisma suficiente para eu querer saber o que acontece. Não é tão parecida com Crepúsculo quanto eu esperava, infelizmente, não que Crepúsculo fosse bom, mas pelo menos ele tinha um certo apelo.
Sigo na minha saga de procurar um livro de vampiros que realmente me conquiste. Se é isso que você está buscando, não recomendo este. Ele não é sobre vampiros exatamente, mas sobre várias criaturas fantásticas e sobrenaturais. E é enrolação pura.