Junky

Junky William Burroughs




Resenhas - Junky


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Milo1 18/09/2024

Junky é uma trama tremendamente simples e crua. Um 🤬 #$%!& drogado que não consegue ver nada além do próprio vício.
Contudo, é uma história que me marcou profundamente, tanto em sua simplicidade quanto nas coisas que escolhe não mostrar. Cada palavra é escolhida a conta gotas, cada substantivo, verbo e artigo medidos com precisão, pois nesta obra as palavras são iguais ao junk, meios de se drogar.
Vivi uma vida inteira neste livro, mas ao inves de ver um casamento, filhos, uma casa, vi crises de abstinência e um ser humano podre.
Esse livro mudou algo em mim de forma irreversível e eu me sinto bem.
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Javalis de Chernobyl 28/08/2024

“Em geral, me dava um branco a partir do meio-dia. Às vezes, a gente acorda de um sonho e pensa: “Meu Deus, será que eu fiz mesmo isso?”. A fronteira entre o dizer e o pensar se torna ambígua. “Eu falei aquilo ou só pensei?”(pag.149)

Me agrada muito essa forma narrativa descontinuada em que os fatos acontecem de forma espaçada, onde não há um vínculo na história que guie os personagens e cada ato é um ato em si mesmo, quase sem ligação com os outros, como se fossem crônicas. Me lembra muito Pedro Juan Gutierrez. Em outras mídias, a série Atlanta faz isso muito bem também.

De maneira geral, a escrita de Burroughs tem um tom documental sobre a vida (ou, como ele diz, o "modo de vida") dos “junkies” e seu vício, o modus operandi nas ruas, as drogas, seus usos e particularidades, etc. Pelo que entendi do texto inicial de Allen Ginzberg, sua ideia era justamente de trazer esse debate de forma até “didática” (não de forma ruim) a partir das arte, já que o debate público, naquele momento, evitava o assunto.

Um ponto negativo pra mim é que justamente esse tom documental, descritivo de como é a vida de um junky e como as coisas acontecem, desumaniza os personagens. A maioria são rasos, quando não irritantes. Os fatos narrados são repetitivos e até mesmo o narrador soa superficial. Por serem muitos personagens, as vezes é difícil identificá-los ou reconhecê-los ao longo da história, já que todos são meio que "NPCs drogados", todos iguais.

Essa coisa do modo de vida junky pra mim soa um pouco como uma visão sarcástica, até paródica, do autor com o "american way of life", que ganhava forças nos EUA do pós-guerra, com a Era de Ouro do liberalismo e com as políticas social-democratas em voga. Ao meu ver, Burroughs aponta para as contradições do cotidiano americano quando joga seus holofotes sob as vidas daqueles que estão à margem do estilo de vida americano.

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payolablues 23/08/2024

"Quando se para de crescer, se morre. Um viciado nunca para de crescer."

Acho que o final pode pegar alguns de surpresa, especialmente se você espera uma história de redenção. Gostei bastante da leitura e a discussão sobre drogas e o ponto de vista do viciado sobre o seu próprio vício que o livro traz.
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meloleomeloleo 01/08/2024

Li esse a muito tempo então pretendo pegar futuramente pra revisar minha opinião. Esse foi primeiro e único livro de um autor do movimento beatnik que li, por enquanto?

e me incomodou a forma racista e homofóbica como o autor se referia a algumas pessoas no livro, me senti um pouco desapontado, vi que as obras do William foram de grande inspiração pra uma penca de músicos que eu curto, assim criei expectativas demais e me decepcionei
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Tales Martinelli 28/01/2024

Muito enrolado
Sensações mistas com esse livro, ao mesmo tempo que tive várias reflexões interessantes, no outro achei a leitura super penosa e monótona...

Apesar de ser um livro pequeno, as páginas demoram muito pra passar... E a história em si não tem muito início, meio e fim... Só o dia a dia de um viciado (e bota viciado nisso hahahaha)... Não me levem a mal, achei bem interessante isso, mas começou a ficar muito repetitivo... Sem falar do monte de personagens que aparecem e desaparecem do nada, não dá pra se apegar com quase nenhum deles.

Em resumo, é um livro interessante, que descreve muito bem a vida dos viciados em drogas pesadas... Mas que no geral não acontece muito coisa hahahaha
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Danilo.Castello 27/01/2024

No fundo do poço
Esse foi o meu primeiro contato com um livro do Burroughs, fiquei bem animado pra ler as outras obras dele.

O livro aborda o estilo de vida do Burroughs como um viciado, é um mergulho na rotina do mundo do Junk.


"Eu não precisava ganhar dinheiro. Gostava da extravagância romântica de pôr em risco minha liberdade em atos criminosos de valor simbólico. Foi por esse tempo, e nessas circunstâncias, que entrei em contato com drogas pesadas, me tornei viciado e, em função disso, passei a ter uma necessidade real de dinheiro, que até então desconhecia.
Sempre se formula a mesma questão: por que um sujeito se torna viciado?
A resposta é que, em geral, ele não pretende se tornar viciado. Ninguém levanta de manhã e resolve se viciar. Demora pelo menos dois meses, com duas aplicações diárias, para se ficar realmente dependente.
E ninguém sabe de fato o que é fissura por droga pesada até passar por vários períodos de dependência. Eu demorei quase quatro meses para ficar dependente pela primeira vez, e, mesmo então, os sintomas da privação da droga foram suaves. Não acho exagero afirmar que é preciso um ano e várias centenas de injeções para se produzir um verdadeiro viciado.
Outras questões, é claro, poderiam ser formuladas: por que você resolveu experimentar entorpecentes? Por que continuou a usá-los tempo suficiente para se viciar? Bem, você se vicia em entorpecentes quando não tem motivações fortes que apontem para outras direções. A droga pesada ganha por desistência. Eu a experimentei por curiosidade. Ia tomando umas picadas sempre que descolava a droga. Acabei fisgado. A maioria dos viciados com quem conversei relata a mesma experiência. Ninguém começou a usar drogas por algum motivo especial. Apenas foram tomando seus picos até se verem fisgados. Quem nunca foi viciado não consegue entender o que significa precisar da droga pesada com a urgência do vício. Ninguém decide virar viciado. Certa manhã o sujeito acorda fissurado e pronto ? é um viciado."


"Com a consolidação da dependência, o usuário vai perdendo interesse por outras coisas. A vida passa a ser vista através de um telescópio virado ao contrário; depois de um pico, só resta aguardar o próximo; tudo se resume a ?mocós? e ?receitas?, ?picos? e ?conta-gotas?. O viciado muitas vezes acha que está levando uma vida normal e que a droga é meramente incidental. Não se dá conta de que apenas está fingindo desempenhar as atividades normais."

Burroughs narra o vício detalhadamente nos apresentando a cruel realidade nesse modo de vida, mas sempre sem demonstrar qualquer sinal de arrependimento de suas atitudes, ficando a cargo do leitor as reflexões morais sobre o junk.



Apenas um pico aguardando o próximo, quem diria que o junk é um tédio...
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Carolina Del Puppo 16/01/2024

Caos
Eu sempre gosto de enfatizar a experiência de ter vivido o livro, então vamos lá. Eu acho que entrei com a expectativa certa ao não esperar mais do que o livro realmente ia me oferecer, sendo assim, aproveitei ao máximo, até porque pela própria temática, não havia como ser de outra forma. Achei sensacional a forma como o livro é tão real e tão subjetivo ao mesmo tempo, tem sua escrita marcada por fluxo de acontecimentos, temas esses que são puxados pelo verdadeiro buraco negro do livro o próprio vício Junky, não sendo possível nem mesmo uma liberdade narrativa para ser tratados outros temas, eu chamaria também alegoricamente de fissura temática/literária (lendo para entender).
Tanta coisa para debater mas ainda tenho muito a pensar ...
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Pol 04/07/2023

Barato Eterno
O livro tem todo esse lance de ser um ?romance? mas desde sempre fica muito claro que boa parte dele foi escrita com base nas experiências que o autor passou junto com histórias dos amigos que deve ter escutado durante o período em que era Junky. É quase como se fosse uma viagem pela mente de uma pessoa que relata o começo do uso de junk, a busca por mais, o vício, as crises, o tráfico, as fissuras e praticamente em como o país tava lidando com o crescimento da droga. Hoje em dia esse livro tem um peso por desmitificar o uso de droga pesada, não só da experiência da droga mas de todo o rolê como partir de ser só consumidor para se tornar traficante etc como nenhum outro que eu já tenha lido, mas imaginar esse assunto escrito dessa forma na época em que foi lançado (1953) é uma loucura. De maneira geral é um livro legal pra quem tem interesse no assunto que da pra ser lido quase como uma autobiografia.
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Gerson 03/07/2023

O livro poderia se chamar "Diário de Um Traficante Viciado" tem um quê de autobiográfico, mas apenas narra a vida de alguém que sem motivo aparente resolveu experimentar drogas pesadas ficando viciado nelas, passando a traficá-las para sustentar o vício.

Não há nada de interessante, no meu ponto de vista, em tal narrativa... e não é porque haja qualquer juízo moralista... simplesmente a história é totalmente insípida...
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Eduardo 01/06/2023

Loucura
O autor relata com muitos detalhes e muita emoção a sua vida de usuário de drogas nos EUA no período pós segunda guerra!

Excelente leitura! Ficava imaginando as situações nas quais o autor se encontrava, as viagens, as abstinências, os riscos para conseguir dinheiro ou drogas.... ele até usa muitas gírias do pessoal junky!

Louco demais!
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Alexis.Sodre 31/01/2023

Meu primeiro contato com a escrita de Burroughs foi com Almoço Nu, então já sabia bem o que esperar de Junky. A única cena que me deixou perturbada foi a do gato, mas de resto, é até mais leve que Almoço Nu.
Gosto muito do estilo dele.
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Maria16577 11/01/2023

Livrinho curto, simples e despretensioso, daqueles que apenas imagino terem sido revolucionários em sua época, mas que a essa altura já serviram de inspiração para outras muitas obras que expandiram e reconstruíram repetidamente sua abordagem.
A narrativa tem um ritmo bem específico das obras que tratam do vício, sendo um tanto fragmentada, com alguns períodos mais detalhados junto de saltos temporais gigantescos, refletindo os períodos de abstinência que duram o que parece ser uma eternidade, e momentos de "barato" que restam para sempre esquecidos.
O narrador, ainda, parece disperso, completamente dissociado da própria vida.
Enfim, marcas registradas no tratamento desse assunto, mas que são super bem exploradas aqui.
No fim não me envolvi muito, em especial por o narrador ser um insuportável, mas é um retrato de uma geração específica que soa extremamente autêntico. Me agradou bastante.
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julia 10/01/2023

"Quando se para de crescer, se morre. Um viciado nunca para de crescer."
Junky é uma história sobre vício e só sobre vício. A narrativa é bem simples e é totalmente focada nas drogas e no relacionamento que o personagem tem com elas. São mais de 200 páginas descrevendo o uso dessas substâncias de forma detalhada e falando sobre tráfico, abstinência, etc. Pessoalmente, eu gostei bastante do livro mas não acho que ele seja incrível, apesar de ter sido "revolucionário" pra época.
O personagem principal não é alguém de quem o leitor gosta (pelo menos, eu não gostei) principalmente depois daquela cena com o gato.
Um detalhe que me incomodou ao longo da narrativa é que apesar de ela ser simples (e essa aparentemente é uma característica da escrita do autor) eu não senti que o livro fosse aprofundado o suficiente. Os acontecimentos não estão realmente em ordem cronológica e o personagem cita momentos que aconteceram no passado sobre os quais o leitor nunca fica sabendo de fato, além de que do nada ele aparece com uma esposa e eu fiquei sem entender de onde aquela personagem saiu.
A homofobia e o uso de termos racistas também incomodam ao longo da narrativa. Além disso, o fato de o personagem principal se relacionar com vários homens ao longo da história e mesmo assim ter tanto problema com homens gays é infelizmente um tipo de hipocrisia bem comum (e que me irritou durante o livro).
Apesar disso, eu gostei do livro. Ele é uma boa porta de entrada pra literatura Beatnik e eu amo o gostinho do punk que é possível extrair de tudo que é produzido pelo Burroughs.
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Fernanda Martins 05/12/2022

Junky foi um barato
"Você se vicia em entorpecentes quando não tem motivações fortes que apontem para outras direções. A droga pesada ganha por desistência".
Burroughs versa brilhantemente sobre sua experiência como um dependente de drogas. Diante das mais diversas facetas sobre o mesmo assunto, o autor neutraliza sua narrativa especialmente sobre a rotina dos "Junkys" e suas maiores dificuldades em ficar "limpo". O livro é um conjunto de verdades cruas, as quais no começo, são difíceis de se digerir, mas que valem a pena o esforço.
Foi uma leitura complicada que agregou bastante!
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yvnvitx 12/10/2022

Junky, de William Burroughs
Junky é o retrato de um viciado do começo do século passado, escrito por William Burroughs, um dos três integrantes da santíssima trindade beat, ao lado de Allen Ginsberg e o lendário Jack Kerouac.

Semiautobiográfico, o livro nos põe na pele de William Lee, pseudônimo do autor.
O livro trata da rotina de um viciado, suas noitadas, o corre pra conseguir a droga de cada dia e suas tentativas frustradas de largar dela são temas recorrentes.

Apesar de serem temas interessantes, o livro é muito repetitivo e tem muitos personagens, mas nenhum além do protagonista é interessante. Todos eles acabam sendo muito unilaterais e o único traço de suas personalidades é ser viciado.

É um livro de fácil leitura, mas que cansa ao passar da metade, a história ganha novo fôlego na parte do México mas vai se repetindo até o fim, deixando um final aberto.
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