Camila Lobo 13/07/2018Resenha: Carta a D. (Por Livros Incríveis)Uma das declarações de amor mais conhecidas e emocionantes de nosso tempo, este livro é também uma afirmação comovente de companheirismo entre duas pessoas apaixonadas."Você está para fazer 82 anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que 45 quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz 58 anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca." Assim André Gorz inicia sua carta de amor a Dorine, mulher ao lado de quem ele passou a vida e que há alguns anos sofria de uma doença degenerativa incurável.
Como um dos principais filósofos do pós-guerra francês, Gorz escreveu inúmeros livros influentes, mas nenhuma de suas obras será tão amplamente lida e lembrada quanto esta carta simples e bela, em que ele rememora tanto a história de companheirismo, amor e militância do casal como a trajetória intelectual que percorreram juntos.Um ano após a publicação de Carta a D., um bilhete encontrado na casa onde moravam fez as vezes de pós-escrito à narrativa: André e Dorine tiraram a própria vida juntos, numa renúncia comovente a viver sozinhos.
Quando a editora Companhia das Letras avisou que enviaria este livro ao blog, fiquei um tanto curiosa. Afinal, eu não conhecia o autor, nem nunca tinha ouvido falar da obra, que segundo a sinopse, trata-se de "Uma das declarações de amor mais conhecidas e emocionantes de nosso tempo". Ao chegar, fiquei de coração mole. Um livro miudinho, dentro de uma caixinha rosa choque em formato de carta. O livro, dentro, rosa claro e estampando uma foto do casal.
Como a sinopse diz, André Gorz foi um grande filósofo do pós-guerra francês. Por trás dele, Dorine, uma mulher fantástica, que infelizmente veio a ser acometida por uma doença degenerativa.
A história de ambos pode terminar de forma feliz ou trágica, depende do ponto de vista, já que ambos, já idosos, resolvem cometer suicídio juntos.
Essa é uma carta de mais ou menos 100 páginas, dedicada à história dos dois juntos. Relato apaixonado, Gorz percorre todo o caminho desde que ele e Dorine se conheceram, em momento conturbado, e como eles parecem virar um só, sendo companheiros para a vida inteira. Todas as dificuldades são narradas, com o autor sempre enfatizando o suporte dado por Dorine.
A partir da metade do livro, porém, conforme a carreira de Gorz como escritor alavanca, ele passa a dedicar muitas páginas também a política e ao ponto de vista dos dois, tornando-se bem interessante para quem gosta do assunto e quer lê-lo de forma intimista. Apesar disso, por ser uma carta à esposa, ele nunca esquece de mencioná-la.
Confesso que achei que a doença degenerativa de Dorine fosse ser abordada ao longo de todo livro, mas isso não acontece. Estranhei e fiquei um pouco incomodada com isso, porque é um ponto da história do casal que me interessou, mas tal motivo é explicado ao leitor quando André Gorz passa a versar sobre: a doença a acometeu muitos anos a frente.
Portanto, Carta à D. trata-se de um relato não ficcional cheio de intimidade e tanto pessoal, onde é possível que o leitor sinta o amor em cada palavra, podendo sentir-se tocado sobre como uma relação precisa, além do amor, de extrema cumplicidade.
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