Felipe 04/08/2020
Resenha crítica da obra "Viagem Ao Centro da Terra"
A obra “Viagem ao Centro da Terra”, concebida pelo escritor francês Júlio Verne, foi lançada no ano de 1864, ano em que criar uma narrativa ambientada em um universo utópico e fazer com o leitor seja nele imerso era uma rara habilidade compartilhada por poucos escritores. O enredo da obra é iniciado a partir do momento em que Otto Lidenbrock , cientista que reunia a visão de um mineralogista ao gênio de um geólogo, chega a seu lar após uma viagem.
Lidenbrock é recebido pela sua secretária Marthe, que mostra preocupação em relação ao jantar do cientista. Em seguida, ele conversa com Axel, narrador da história e seu sobrinho. Axel tinha o seu tio como mestre, o qual lhe incutiu o gosto pela leitura e pela ciência. Além de cientista, Lidenbrock também era professor, lecionando Mineralogia em Johanneun, escola tradicional da Alemanha.
A relação entre Lidenbrock e Axel era marcada por um tratamento áspero, apesar de que Lidenbrock o amasse verdadeiramente. Marthe serve o jantar e, após realizarem a refeição, Axel e Lidenbrock vão ao gabinete do professor, no qual tornam a decifrar um manuscrito de Arne Saknussemm, um alquimista islandês. Lidenbrock era poliglota e teria maior facilidade em decifrar o manuscrito, mas pediu para Axel, que não era tão fluente em outros idiomas, iniciar a tarefa por conta própria. O manuscrito descrevia como Saknussemm realizara a façanha de chegar ao centro da Terra descendo a cratera do vulcão Snefells, localizado na Islândia.
Embora o termo “ficção científica” tenha surgido somente em 1929, diversos autores plantaram séculos antes as sementes que viriam a frutificar as bases do gênero literário. Dentre eles, podemos citar o italiano Ludovico Ariosto, que em “Orlando Furioso”, obra publicada em 1532, narrou a viagem do homem à lua, feito realizado pelo próprio homem séculos depois. No século XIX, a ciência tal como compreendemos hoje obteve um curso cultural generalizado, e nesse contexto, surgiu a Literatura de ficção científica.
Foi nesse cenário que Júlio Verne nasceu na cidade francesa de Nantes no dia 8 de fevereiro de 1828. Um dos principais objetivos dos seus pais em educa-lo foi o de encaminhar Verne na carreira do ramo do Direito, a qual era seguida pelo seu pai. Em 1846, com vistas a agrada-lo, Verne passa a estudar Direito na cidade de Nantes.
Nela, Verne sofre de uma desilusão amorosa e, para fazer as provas da faculdade e se afastar da cidade, se muda para Paris em 1847, onde passou a frequentar salões de Literatura. Verne buscou conciliar o seu amor pela leitura com os estudos de Direito. Em Paris, Verne estabeleceu laços de amizade com diversos escritores e, em 1852, optou por abandonar o curso de Direito para se dedicar integralmente à Literatura.
Na época em que iniciou a sua carreira de escritor, há pouco ocorrera a configuração do método científico e a emergência de diversas descobertas e teorias científicas, além de uma profusão de invenções que trouxeram maior comodidade à humanidade. Também foi naquela época que tivera início a corrida armamentista, o movimento expansionista e a primeira grande crise no modo de produção que denominamos Capitalismo. Esse contexto histórico influenciou fortemente o conteúdo abordado nas obras literárias.
Em “Viagem ao Centro da Terra”, o espírito de aventura, a sede pelo desbravamento de novas regiões, a busca por exotismos e a linguagem científica fizeram-se presentes. Esses elementos serviram de impulso ao expansionismo europeu. Embora o desequilíbrio entre esses elementos tenha grande potencial de tornar uma história maçante, tediosa e sem dinamismo, não foram essas a impressão que eu tive ao lê-la, e acredito que você, leitor desta resenha e análise, também não caso decida mergulhar na leitura da obra.
Verne inicia a narrativa construindo, pausadamente, os personagens e as suas características físicas e psicológicas para em seguida inseri-los em grandes aventuras, as quais são narradas com menor vagar. A descrição dos ambientes é relativamente extensa, mas não a ponto de comprometer a dinâmica da narrativa, mas tornando-a verossímil, além de permitir a imersão da imaginação do leitor na história. Contudo, as descrições mais extensas da Verne são a respeito das características psicológicas dos personagens principais, o que tem o efeito de torna-los complexos e reais.
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