Resenhas - Quando a luz apaga

Nati Amend @livrosdanati 25/09/2019

Um thriller policial bem construído e que contesta diversos padrões sociais.
Em Quando a Luz Apaga, nos encontramos novamente com o detetive Artur - protagonista de O Sorriso da Hiena - agora de férias, mas sem saber como lidar com esse período da carreira. Inquieto como sabemos que é, o policial acaba assumindo a investigação de um caso que ninguém parece dar importância: o sumiço de moradores de rua.

O livro começa nos mostrando um potencial serial killer se preparando, com cuidado e uma insanidade perturbadora, para sair cometer seus crimes, o que me lembrou muito o início da segunda temporada de Mindhunter - série da Netflix que eu adoro.

"A maquiagem tinha um papel de destaque - e a importância, na verdade, estava em não chamar atenção. Em ser mais um, porém nenhum. (...) Seu desejo era ser mais um com quem ninguém se importava."

Brilhante, como eu já esperava, o novo thriller policial do Gustavo Ávila é surpreendente, tem um enredo muito bem construído e ainda encontra espaço para contestar diversas questões e padrões sociais.

O suspense é mantido durante quase toda a leitura devido às múltiplas histórias intercaladas e personagens apresentados. A maneira como o autor desenvolve essa narrativa é desconstruindo ela própria, para então, aos poucos, costurar toda trama para nós. É como se recebêssemos peças distintas de um quebra-cabeça, que parecem não se encaixar inicialmente, mas que em certo ponto formam um cenário completo e revelador.

Nada é por acaso neste enredo e a mensagem que autor quer nos passar, além de extremamente dura e real, é exposta por ninguém menos do que o próprio serial killer. E você vai acabar refletindo muito sobre ela ao término dessa leitura.

Alguns podem considerar o ritmo do livro um pouco lento, por causa dos capítulos longos, mas para os que sabem apreciar um bom thriller, repleto de mistério e reviravoltas, garanto que a conclusão será de arrepiar.

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