Quatrocentos Contra Um

Quatrocentos Contra Um William da Silva Lima




Resenhas - Quatrocentos contra um


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iacsll 14/04/2023

Com uma imprevisibilidade invejável: uma ficção biográfica.
?O que leva alguém a querer ler algo sobre a vida de outro alguém??

Como se estivesse sentindo certo dissabor ao contar a sua história, o que não é o caso, Willian inicia a sua autobiografia de forma bem expositiva sobre os ímpares da vida que o levaram a ser um dos fundadores do Comando Vermelho. Suas descrições denunciam uma série de abusos sofridos durante a ditadura militar e a insalubre vida de um prisioneiro penal, relatando, também, suas inúmeras tentativas de fuga.

Acredito, porém, que sua descrição seja mais fantasiosa do que realista; é bem verdade que o Comando Vermelho é fruto da Ditadura Militar, mas o autor utiliza isso para relativizar a índole do grupo, se sujeitando à posição de vítima.

Nessa ótica, em uma análise condizente à realidade pessoal de Willian, o livro é bem farsante, mas o leitor ainda pode desfrutar de uma boa leitura (se, a princípio, julgá-la fantasia).
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Clio0 12/07/2020

Quatrocentos Contra Um é um livro curto que romantiza a criação do Comando Vermelho.

O autor tenta transformar essa organização criminosa em um tipo de reação contra o sistema sócio-econômico e a realidade carcerária do Brasil durante a década de 80.

A ideia principal é de que não havia um Comando Vermelho, que esse bando na verdade teria sido inicialmente criado pela imprensa em uma tentativa de sensacionalizar o crime no Rio de Janeiro.

É uma proposta interessante, mas não se sustenta com a narrativa do livro que transforma os personagens em uma mistura de marginais carentes com ativistas revolucionários.
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Sam186 28/11/2018

Perturbador e instigante
O livro é uma espécie de autobiografia do William Lima da Silva, que narra sua vida no Brasil dos anos 60 aos 80 passando pelo período militar e o surgimento e expansão das facções cariocas. O autor - que é um presidiário em busca da liberdade - nos faz pensar e questionar sobre diversos assuntos, como a cultura, segurança pública e a própria existência. Leitura proveitosa e interessante.
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Lara.Dias 05/03/2018

"Enganam-se / os que me julgam vencido. /No desterro destas grades / forjo as armas do combate / da batalha do oprimido. /Crescem-me na alma/os germens dos proscritos / e irrompe do meu peito / um brado de revanche / em surdos gritos: / Eu não fui vencido! / Repouso no sepulcro sem nunca ter morrido. / Neste desterro / de grades guarnecido / onde às vezes brilham /luzes estelares, / dos livros sorvo o saber / e as lições de lutas milenares. / Embora da derrota / a lança sangre-me ainda o coração / não temerei novas batalhas / se empunho agora a arma da razão. / Regressarei à vida / onde me espera a luta, / no corpo / levo o execrável estigma das grades, /no coração / uma esperança nova, / na alma / uma paixão que arde / liberdade,liberdade!"


"O que eles chamavam de Comando Vermelho não poderia ser destruído
facilmente: não era uma organização, mas, antes de tudo, um comportamento, uma
forma de sobreviver na adversidade. O que nos mantinha vivos e unidos não era nem
uma hierarquia, nem uma estrutura material, mas sim a afetividade que desenvolvemos
uns com os outros nos períodos mais duros das nossas vidas. Como fazer nossos
carcereiros (ou mesmo a sociedade) acreditarem nisso?"

"Ao contrário do que saía publicado, as lideranças nascidas da luta eram um fator de equilíbrio. Todos os grupos sociais têm seus líderes, inclusive as minorias segregadas. Por que isso não pode ocorrer com os presidiários? Por que considerar que a formação de grupos é sempre negativa? O homem não é um ser social?
O preso é alguém tão despojado, tão despossuído, que sua conquista do direito à
voz soa como anúncio da inevitável desestabilização, do caos, da insegurança coletiva.
Já é uma rebelião em si. No inconsciente de nossa sociedade, a vontade mais
disseminada é a da aniquilação do marginal."


"Uma coisa é certa: a população carcerária, majoritariamente jovem, não será
recuperada se ficar trancafiada em celas, brutalizada. Tivemos razão em lutar contra
isso. Orgulho-me de ter integrado o grupo que inaugurou e difundiu, nas prisões, o
comportamento — não a organização — que se chamou depois Comando Vermelho.
Algumas vezes, as batalhas e os motins de que participei ajudaram a melhorar
momentaneamente certos aspectos do sistema penal. Com o preço de muitas vidas."
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Gabriel Lucas 03/08/2010

Um vislumbre sobre a literatura do tráfico de drogas, Comando Vermelho e etc. no Rio de Janeiro, escrevendo sobre esta e outras obras:

http://factoide.wordpress.com/2010/08/03/400-contra-um-o-filme-e-a-literatura-do-trafico-do-rio-de-janeiro/
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