Uma casa de bonecas

Uma casa de bonecas Henrik Ibsen




Resenhas - Casa de Bonecas


138 encontrados | exibindo 16 a 31
2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 |


spoiler visualizar
comentários(0)comente



Cris SP 17/06/2024

17.06.2024
Trata-se de uma peça de teatro lançada em 1897. Conta a história de uma mulher que para cuidar da doença do marido, faz um empréstimo com um funcionário do banco onde seu marido trabalha, mas sem ele saber. No entanto, a promissória está irregular e o funcionário já está sendo investigado por irregularidades. Quando o marido descobre, só lendo para descobrir...rsrsrs. História curta e cheia de surpresas.
comentários(0)comente



Pandora 02/06/2024

Eu não fui feliz; somente alegre.
(Nora)

Sensacional! Muito vanguarda.

Meu primeiro contato com Henrik Ibsen, dramaturgo norueguês que viveu entre 1928 e 1906. Considerado um dos criadores do teatro realista moderno, foi o maior dramaturgo de seu país no século XIX. Vários de seus textos foram e continuam sendo encenados em teatros de todo o mundo e um dos mais famosos é este Uma casa de bonecas (1879), que também ganhou versões para as telas.

A peça casou grande polêmica na época, obrigando Ibsen a escrever um final alternativo, contra a sua vontade, em especial para sua exibição na Alemanha, a fim de evitar que seu texto fosse deturpado “inabilmente” por outra pessoa. Isto porque em Uma casa de bonecas a mulher decide abandonar o marido e os três filhos.

No início da peça Nora passa a imagem de uma dona de casa fútil, esbanjadora e felicíssima na condição de mulher de Torvald, o futuro diretor do Banco de Ações e mãe de crianças adoráveis. Mas quando recebe a visita de uma velha amiga, hoje viúva e à procura de emprego, que com ar de superioridade compara Nora com uma criança e lhe diz que ela é pouco íntima dos percalços e revezes da vida, Nora lhe revela o que fez para salvar a vida do marido: um empréstimo secreto com um agiota. Naquela época, mulheres não podiam fazer transações comerciais sem a anuência do marido. Nora não só teve que economizar em casa, como fazer diversos trabalhos para pagar as prestações sem que Torvald soubesse.

A partir daí vamos acompanhar a vida naquela Casa de Bonecas, o tratamento um tanto infantilizado entre os cônjuges, um marido que com ares de professor tenta moldar o seu objeto de adoração segundo seus valores, enquanto a esposa parece satisfeita em agradá-lo. A pretensa perfeição familiar vai se mostrando caricata conforme uma situação limite se aproxima e Nora vai então se sentindo acuada e à espera de um prodígio, que chama ao mesmo tempo de terrível e uma maravilha.

Também questões sociais e econômicas são abordadas. Kristine, a viúva, precisa trabalhar para viver e Krogstad, o agiota, é um advogado de reputação arruinada que teve que se valer de negócios escusos para pagar as contas e prover a família. Nora se sensibiliza com Kristine, mas não com Krogstad.

Um dos diálogos entre Nora e Krogstad:
- A senhora não se deu conta que cometia uma fraude contra a minha pessoa?
- Tampouco poderia levar em conta isto. Não me importo o mínimo com o senhor.

E mais tarde:
- Passei o dia inteiro pensando na senhora. Um tratante, um usurário, um… bem, alguém como eu também tem um vestígio de bondade no coração, veja a senhora.
- Então dê mostras disto. Pense nos meus pequeninos.
- A senhora e seu marido têm pensado nos meus?

Mas esta mulher que até então vivia em prol de sua família e tinha total confiança nos elos de seu casamento, o verá posto à prova.

Achei o texto muito fluido, muito tranquilo de ler. Ao questionar as convenções do casamento e a posição da mulher na sociedade, houve uma pequena revolução que provocou discussões em toda a Europa. Havia, por um lado, as lutas pela emancipação feminina e, por outro, as censuras à personagem principal que abandona o lar. Mas não sejamos hipócritas: estamos tratando da burguesia, pois obviamente as mulheres de classes baixas sempre tiveram que trabalhar, em quaisquer cenários.

Porém, Ibsen fez a diferença ao trazer estas e outras questões em suas peças, sendo ele mesmo um filho da alta burguesia, tendo seu pai sofrido um revés quando Henrik tinha sete anos, o que tornou sua vida mais difícil desde então. Muitos dos personagens de suas peças são baseados em pessoas de sua família.

Fiquei muito bem impressionada com este primeiro contato e pretendo ler mais obras do autor em breve.

Sobre a sociedade norueguesa:
A Noruega é hoje um dos países mais ricos do mundo e possui um dos maiores índices em igualdade de gênero no mundo. Entre os anos 60 e 70 o país implantou um conceito chamado de State Feminism (Feminismo de Estado), políticas públicas com embasamento feminista criadas ou aprovadas pelo governo, que incorpora ideais feministas no contexto político-social. A Lei de Igualdade de Gênero foi sancionada em 1978. Desde 2017 o país promove uma troca cultural entre representantes de direitos humanos do mundo todo com objetivo de discutir políticas de equidade de gênero. As brasileiras Djamila Ribeiro e Joanna Burigo participaram de alguns desses encontros.

Nas relações trabalhistas, não só homens e mulheres têm os mesmos direitos, como hierarquicamente todos têm obrigação de respeitar-se mutuamente, sendo os chefes os responsáveis pela coordenação e divisão do trabalho, mas imposições arbitrárias não são bem aceitas. Os cidadãos são encorajado a reagir e denunciar abusos de autoridade.

Depender economicamente de outra pessoa não é bem visto, todos devem trabalhar e contribuir para a sociedade. Os imigrantes que se relacionam com noruegueses têm um prazo para estabelecerem-se economicamente, a fim de evitar relações abusivas tanto de um lado como de outro.

Enfim, aquilo que eu sempre prego: cada um deve ser um ser autônomo, responsável por si. Isso se chama liberdade. Pior coisa é ter que ficar numa situação em que não quer estar, por não ter condições econômicas e emocionais de sair.

Aprender os seus direitos é um dos seus deveres.
(Gabi na Noruega)

Notas: Informações sobre Henrik Ibsen, Uma casa de bonecas e a Noruega foram obtidos na Wikipédia, Movimento Mulher 360, Rede Globo, Gabi na Noruega e no ótimo vídeo de Pedro Henrique Müller.

Há inúmeras montagens teatrais e adaptações para o cinema e a TV de Uma casa de bonecas, vou citar apenas algumas.
1. a primeira exibição teatral no Brasil, em 1899, no Teatro Sant’Anna, no Rio de Janeiro e posteriormente, no mesmo ano, no Teatro Politheama, em São Paulo, pela Companhia Dramática Portuguesa de Teatro Moderno de Lucinda Simões e Cristiano de Souza, com Lucília Simões, filha de Lucinda, como Nora. Este papel foi o primeiro êxito da grande atriz portuguesa;
2. episódio de teleteatro do Grande Teatro Tupi, programa idealizado por Sérgio Britto para a TV Tupi. Exibido em 1958, foi dirigido por Wanda Kosmo com Laura Cardoso como Nora;
3. episódio do programa Teatro Cacilda Becker, da TV Bandeirantes, de 1968, dirigido por Walter George Durst, com a própria Cacilda como Nora;
4. a ótima produção da BBC de 1992, disponível no YouTube no canal Kâmera Libre, com legendas em português e excelente trabalho de todos os atores;
5. a adaptação para o teatro dirigida por Clarisse Abujamra que estreou em 2015 com o título de Fantástica Casa de Bonecas, com Helena Ranaldi como Nora. No espetáculo idealizado pela companhia Mabou Mines, de Nova York, as personagens femininas passam os 90 minutos de apresentação de joelhos, precisando se rastejar para conseguir se movimentar durante as cenas, e os personagens masculinos são todos encenados por homens com nanismo.
comentários(0)comente



Brenda 25/05/2024

Emocionante
"Helmer: Antes de mais nada, você é esposa e mãe.
Nora: Já não creio nisso. Creio que antes de mais nada sou um ser humano, tanto quanto você... ou pelo menos devo tentar vir a sê-lo."

No diálogo — lindíssimo — entre Nora e Helmer em que a peça se encerra, não apenas trata da emancipação feminina que Kollontai defendeu como o único meio de construção de identidade própria da mulher, mas também evidencia uma crise nas relações afetivas entre homens e mulheres: "ainda em nossos dias, ao chegarem à idade adulta, as pessoas masculinas e femininas se encontram de tal forma marcada pelos processos alienantes (que apenas em parte estamos descrevendo), que a relação mais íntima entre elas, o amor individual sexuado (Engels), se expressa pelo ato de “rendição” da mulher que é, por sua vez, “possuída” pelo homem. Mesmo a relação afetiva mais íntima termina marcada indelevelmente pela concorrência, pela propriedade privada – e como poderia ser diferente?". Nessa passagem, Lessa mostra como na família monogâmica da sociedade capitalista o amor se resume apenas a uma mercadoria, ou seja, ele não consegue ser livre. Por mais que Nora e Helmer tentem se amar, eles não conseguem, não de verdade; o relacionamento deles é pautado na submissão de um perante o outro. Ao desempenhar os papéis sociais de homem e mulher, eles perdem a capacidade de se entender e de se identificar um com o outro, o que resulta em uma falência do relacionamento e uma depressão para ambos os lados, no qual os dois terminam solitários — sendo, claro, a mulher a mais afetada nessa dinâmica. Me arrependo de não ler essa peça ou qualquer outra do Ibsen antes.
comentários(0)comente



Marcelinha 15/05/2024

Casa de bonecas
Seguinte... Foi deliciosa a leitura desse livro. Fluiu maravilhosamente. Eu o devorei. Estou chocada, passada. É um absurdo que eu amei.
comentários(0)comente



Sabrina758 07/05/2024

Livro que achei perdido na minha casa e simplesmente fiquei apaixonada. Uma peça incrível, e por mais que antiga muito muito atual. Retrata tão bem a realidade feminina e tem tantas pautas libertadoras que me surpreendeu muito ao conhecer o autor, homem, com tantos pensamentos atuais.
comentários(0)comente



Mary Stella 27/04/2024

Muito bom
Texto com uma estrutura de diálogo instigante. É possível imaginar facilmente o acontecimento das cenas e imergir no drama dos personagens. Nora é uma personagem marcante, que passa por um amadurecimento peculiar. Leitura rápida, dinâmica e interessante.
comentários(0)comente



Priscila 22/03/2024

Leitura diferente
Gostei de ler esse livro pois ele é bem dinâmico e diferente. Pois é uma peça de teatro curta e gostosa de ler. Não é óbvio e o final surpreende. Muito bom para variar a leitura.
comentários(0)comente



victorialsva 02/03/2024

O senhor Helmer me irritava dês de o início, achei um final bem realista, a senhora Helmer caiu na real, mesmo que eu não concorde com o modo dela de ter agido depois disso.
comentários(0)comente



itslarashouse 21/01/2024

Já não lia uma peça há algum tempo e valeu muito a pena. é bem curtinha e fácil de ler e tem assim uma pequena reviravolta que ainda torna mais curiosa a história
comentários(0)comente



Carol 09/01/2024

Impressões da Carol
Livro: Uma casa de bonecas {1879}
Autor: Henrik Ibsen {Noruega, 1828-1906}
Tradução: Leonardo Pinto Silva
Editora: Moinhos
120p.

Já havia lido "Espectros", "Hedda Gabler", "Solness, o construtor" e "Um inimigo do povo" - creio que a mais conhecida das peças de Henrik Ibsen. Como costumo fazer com autores de que gosto muito, vinha adiando a leitura de "Uma casa de bonecas", com pena de não ter mais um inédito dele pra ler. Manias de uma leitora pinel. Mas a Luciana Lachance propôs uma leitura conjunta e eu topei :)

Gosto de imaginar um espectador norueguês, em fins do século XIX, indo ao teatro e assistindo a não só uma peça, mas a um experimento social. Pois "Uma casa de bonecas" foi uma ruptura, um escândalo.

E por quê? Porque a tônica das peças, antes de Ibsen - ou de Tchékhov, antes dos autores modernos, enfim - era moralizante. E a moral aqui é a moral patriarcal, em que ao homem cabe a esfera pública e à mulher, a esfera doméstica. No geral, eram peças simples, não muito densas, que não desagradassem às expectativas desse público, que o divertissem.

Então chega Ibsen e subverte tudo. "Uma casa de bonecas" é baseada num acontecimento real. A escritora norueguesa, Laura Kieler, foi acusada de falsificar uma letra de câmbio - por ignorância da lei - acreditando ser esta uma conduta legítima, já que almejava a cura do marido. Laura é a inspiração para a personagem Nora Helmer. E que grande personagem!

Ibsen transpassa o acontecimento real para escrever uma peça atemporal. Família. Ética. Moral. Justiça. Papéis de gênero. O público. O privado. Direitos. Sensacional! Uma delícia de leitura e excelente para debates. Um dos finais mais apoteóticos que já li.

"HELMER: Oh, querida, tenho experiência suficiente no ramo da advocacia. Quase todos cedo que na vida degeneraram são filhos de mães mentirosas.

NORA: Por que apenas...mães?

HELMER: Porque a influência maior vem das mães, embora os pais naturalmente apontem para a mesma direção. Qualquer advogado sabe-o muito bem." p. 46

Obs.: A pedido da primeira atriz que interpretou Nora, Ibsen escreveu um final alternativo. A Moinhos o traz como posfácio e a tradução é direta do norueguês.
comentários(0)comente



GiihZagatto 06/01/2024

Casa de Bonecas
"— Mas nenhum homem sacrificaria sua honra pela mulher amada.
— Isso é uma coisa que centenas e milhares de mulheres já fizeram."

Ibsen traz em sua dramaturgia muito de quem foi e do que acreditava. Arrisco a dizer que muito de seus conflitos morais também.
Em três atos, que equivalem a três dias na peça, nos é apresentada uma vida de casal que parece perfeita: Nora é uma ótima mãe e está sempre agradando ao seu marido, até que observa tudo o que construiu começar a ruir em decorrência de uma atitude que teve no passado, por desespero e amor à família. A grande sacada de Ibsen é a desconstrução gradual de todas as certezas que Nora tinha em sua vida, principalmente por se dar conta de que vive há muito tempo algo de que não gosta, mas aprendeu que deveria.
É completamente compreensível as razões pelas quais é considerada uma obra feminista, ainda que não fosse o propósito original. Vale muito a leitura mesmo que você não esteja habituado a obras dramáticas. A liberdade de interpretação da maioria dos tons e de seus porquês é uma das belezas do teatro.
comentários(0)comente



Baabisss 15/11/2023

Interessante
Um livro muito bom para repensar os papéis das pessoas na sociedade, papéis que somos ensinados desde pequenos.
É muito interessante ver como as ações e os pensamentos da principal vão mudando ao recorrer do livro.
Um livrinho curto parar ler em alguns dias
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Yaruro 03/10/2023

O livro é bastante bom, acho que introduce muito bem movimento feminista, que está a acontecendo na época. Na primeira metade é um pouco aburrida a história, algo muito cotidiano, mas depois fica bastante interesante e a gente não pode parar de ler.
comentários(0)comente



138 encontrados | exibindo 16 a 31
2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR