Uma casa de bonecas

Uma casa de bonecas Henrik Ibsen




Resenhas - Casa de Bonecas


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Vanessa - @livrices 20/06/2019

Casa de bonecas é a peça mais famosa do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. O enredo é simples e se passa na casa dos personagens Nora e Torvald.
O casal é um exemplo de família tradicional da época. Possuem uma boa casa, filhos, empregados, uma razoável condição econômica e a consagrada hierarquização marido x mulher. Nora é uma dedicada mãe e dona-de-casa, Torvald possui um cargo no banco. Ambos são aparentemente muito apaixonados. Torvald trata Nora como uma criancinha, apelidando-a de ~minha cotovia~ e impondo-se como seu tutor em todos os sentidos de sua vida. De início, Nora não se incomoda com isso, pelo contrário, o casal vive muito bem e tudo é encarado como amor, carinho e proteção.
Porém, através de uma conversa de amigas, descobrimos que Nora esconde um segredo (a vontade de dar spoiler é grande, mas vou me conter às entrelinhas 😂). Ao descobrir o segredo, Torvald percebe que se tornou indiretamente dependente de Nora, ou que esta assumiu o protagonismo da vida familiar...

Para a surpresa de Nora, que havia feito tudo por amor, ela depara-se agora com um marido que não conhecia e que não a aceita mais como esposa. O homem apaixonado dá lugar ao tirano e faz com que ela perceba que o ambiente familiar e o tratamento carinhoso, em verdade, nunca haviam sido o conto de fadas que acreditava ser. Que ela própria nunca havia sido considerada como um sujeito.

Ao final, a personagem toma uma atitude surpreendentemente incrível, que escandalizou toda a sociedade à época de lançamento do livro.

Um livrinho pequeno e delicioso, para se ler em uma sentada. E muito poderoso!

site: https://www.instagram.com/p/Bw28X72A3-U/
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Mario Miranda 21/11/2018

A Mulher e a busca por sua independência
Meu primeiro contato com Ibsen foi durante uma viagem a Oslo, onde uma imponente estátua do autor encontra-se em frente ao Teatro Nacional de Oslo. Localmente disseram que dentre todos os fatos relevantes da vida de Henrik Ibsen, o mais curioso seria que sua esposa chegou a acorrenta-lo a sua mesa, obrigando-o a escrever, e apenas aceitando liberta-lo após uma produção textual pré-determinada.

Decidi ler A Casa de Bonecas após meu contato com a peça teatral “Exilados”, de James Joyce, autor que considerava Ibsen um dos grandes nomes da Literatura moderna. Inclusive lendo ambas as obras, fica nítida a influência que Ibsen exerceu em Joyce, chegando inclusive a manter os padrões daquele ao escrever sua peça teatral (como, por exemplo, a divisão da Peça em 3 Atos).

A Casa de Bonecas narra a história de uma família pequeno-burguesa recém-alçada a uma condição econômica mais favorável quando o marido, Torvald Helmer, ocupa o cargo de Diretor em um Banco. Nesta trama a esposa, Nora, uma mulher aparentemente fútil e sem ambições pessoais que não a riqueza, sofre a chantagem de um funcionário recém-demitido por seu esposo, Helmer. Ao longo de sua aflição, quando ela cogita inclusive o suicídio, Nora decepciona-se com as atitudes do seu esposo, tomando como decisão sua emancipação familiar, abandonando o marido e os filhos, em busca de sua evolução pessoal e início de uma carreira profissional.

Dentre todas os méritos da obra – notadamente a qualidade de da escrita – Ibsen transparece, mesmo que brevemente e no final de seu livro, uma preocupação com a independência financeira das mulheres já no século XIX, preocupação esta que ainda engloba a necessidade da mulher ter projetos próprios, e não apenas orbitar em torno do marido.
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Carol 09/08/2018

Pequeno em tamanho, grandioso em significado
Não sou de resenhas, mas este pequeno livro merece ser lido, assim como tantos outros que, se não caíram no esquecimento, são desacreditados por não chamarem tanto a atenção em uma vitrine, seja por seu design gráfico simplista e “cru”, ou devido ao seu pequeno formato. O fato é que não se deve julgar um livro por sua capa, e o tamanho também não deve servir de base para o julgamento.
Os personagens da peça do aclamado dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828- 1906) são Nora Helmer e Torvald Helmer, aparentemente apaixonados, casados e pais de três filhos pequenos – Ivar, Bob e Emmy, os quais são deixados de fora das cenas em grande parte da trama, aparecendo apenas para reclamar alguma atenção da mãe. A família, que passava por uma grande turbulência financeira, começa a se reerguer dada a ascensão do marido no trabalho como diretor de um banco, e, por conta disso, discutem muito os gastos, em especial porque Nora quer ter o mesmo padrão de vida das demais pessoas com quem se relaciona, isto é, o modo de viver da classe média alta. Por mais dificuldade que estejam passando, o que realmente importa para o cônjuge é a reputação e a dignidade, principalmente para Helmer, um advogado rígido e cheio de princípios.
A história é dividida em três atos, e cada um se passa no mesmo local: o apartamento dos Helmers, especificamente na sala de estar. Além do casal e dos filhos, fazem parte do enredo a independente Cristina Linde, amiga de infância de Nora, recentemente viúva e a procura de um emprego, o querido Doutor Rank, grande companheiro de Torvald e um amigo próximo à Nora, e, por último (mas não menos importante), o odiado e julgado Nils Krogstad, um subordinado de Torvald, ameaçado de demissão pelo então diretor do banco, e que guarda consigo um grande segredo de Nora, podendo ocasionalmente destruir a tão limpa reputação dos Helmers.
Antes de casar-se, Nora vivia com o pai. Ela era a filha-boneca e seu pai era metido com negócios “mal vistos” [isso diz o Helmer, eu não pude constatar a veracidade dos fatos pois o pai não entrou na história diretamente], até que este veio a adoecer e pai e filha se encontraram em um beco sem saída, uma vez que estavam sem recursos financeiros para arcar com as despesas médicas. A filha, em um momento de desespero, acabou precisando falsificar a assinatura do pai em uma promissória dada por Krogstad a fim salvar a vida do ente querido, cometendo desta forma o crime de falsidade ideológica.
Passaram-se alguns anos, e o fantasma de Krogstad volta a aparecer, desta vez para ameaçar Nora e a reputação dos Helmers. E como ele ameaça? Bem, para começar, Nora assinou a promissória e datou um dia após a morte de seu pai. Ou seja, como um morto poderia assinar uma promissória? Pois é! Apesar de trabalharem juntos, Krogstad e Helmer não se dão muito bem, especialmente porque Helmer, por seu senso de justiça aguçado, não quer se meter com alguém que possui a péssima reputação de quem falsificava assinaturas. Por ordem do destino, ou mera casualidade, este é o mesmo crime de sua venerada esposa, sua “bonequinha”. E se Torvald julga mal Krogstad, terá que julgar mal a Nora também.
No meio de tanta confusão, temos a presença de Doutor Rank e Cristina Linde, os dois sempre aparecendo para apaziguar e ajudar. Cristina é amiga de Nora, mas, diferentemente da amiga, ela é forte e independente, ao menos era independente financeiramente antes de casar-se (casou por necessidade, devo ressaltar) e sempre trabalhou para sustentar a sua família. Já o Doutor Rank… bem, ele não teve lá grande aparição, apesar de ter revelado estar próximo a morte e, levado pelo sentimento de “não ter nada a perder”, resolver abrir seu coração para a esposa do melhor amigo, revelando seu amor proibido e unilateral. Dado as circunstâncias, a mulher amada recusa seus sentimentos e o julga descarado por falar abertamente de seu amor “imoral”. Mesmo assim, os dois optam por continuarem convivendo sem ressentimentos e sem trazer a tona o assunto. (Esse é o cenário e o contexto, o resto vocês podem saber lendo a obra - o que eu super recomendo! )
[Seguirei com minha opinião, já que detesto dar spoilers demais…]
Gente, a evolução da Nora foi sem igual. Pensei em não ler mais essa obra após o primeiro ato. Me chateava muito a forma como o marido tratava a esposa, como se ela fosse fútil/'cabecinha de vento' por livre e espontânea vontade, e uma das frases que o [idiota] Helmer vivia falando era “você é bem mulher mesmo”, afinal de contas, o que é “ser bem mulher”? Nora foi vista como ignorante durante toda sua vida, não apenas por seu marido, mas por seu pai também, que a educou para ser uma bonequinha, uma cotoviazinha, perfeitinha, um passarinho na gaiola, até o momento em que ela abriu os olhos e ouvidos, e escutou de seu próprio marido a acusação [infundamentada] que, devido a seu erro passado, os filhos automaticamente iriam se transformar em criminosos quando crescessem, até porque a teoria do [embuste] Torvald era a de que “quase todo criminoso, tem uma mãe desonesta”, resumindo, tudo era culpa da mãe.
Felizmente Nora abre os olhos e manda esta bomba para seu marido, após receber diversas acusações e uma tentativa de “domesticação’:

[...] Eu acredito que antes de tudo sou um ser humano, exatamente como você é ou, pelo menos, devo tentar me transformar nisso. Eu sei muito bem, Torvald, que a maioria das pessoas lhe daria razão, e que essa é a opinião que se encontra nos livros. Mas eu não posso mais me contentar com a opinião da maioria das pessoas nem com o que está nos livros. Eu tenho que pensar por mim mesma, se quiser compreender as coisas. (2003, p. 180-181).
Muito que bem, não é mesmo?! Certíssima, falou tudo, linda!
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Leila de Carvalho e Gonçalves 17/07/2018

Apologia Feminista
Escrita no século XIX e tendo como cenário a Noruega durante a época do Natal, a peça teatral "Uma Cada de Bonacas", de Henrik Ibsen (1828-1906), apresenta o esfacelamento de um casamento, contrariando a moralidade da época. Curiosamente, ela não foi escrita em versos, mas em prosa, uma linguagem geralmente reservada para as comédias.

Motivo de acaloradas discussões, a culpada de tamanho barulho é Nora, a protagonista, que abandonou o marido e os filhos para viver a própria vida. Essa decisão em apenas cem páginas ou três atos, revela o talento do dramaturgo cuja obra é considerada um "clássico da modernidade".

Seu enredo foi inspirado num fato real: a escritora e amiga de Ibsen, Laura Kieler, envolveu-se numa situação semelhante. Por sinal, Ibsen confessou ter escrito dois desfechos e num deles, contratando sua preferência, Nora permanece casada. Seu objetivo foi tornar a peça menos controversa e mais lucrativa, autorizando a encenação ou publicação, caso fosse indispensável, pois preferia cometer essa violência do que deixá-la a cargo de um outro autor sem seu gabarito.

Para finalizar, "Uma Casa de Bonecas" é considerada uma apologia feminista, ao abordar a submissão da mulher, tratada como uma boneca no ambiente doméstico, mas capaz de reagir a opressão e falta de liberdade, mesmo que isso acarrete a renúncia aos filhos. Sem dúvida, esse é um texto audacioso, inteligente e que merece atenção.
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Silas Cezano 02/09/2016

O livro detalha uma peça de teatro, que tem um final fulminante, pois revela todo um contexto histórico de prisão que a mulher do período passava, e a personagem tem toda uma visão de época, muito bom o livro no geral mais especialmente no final.
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Yasmin.Santos 30/08/2016

A descoberta de Nora
O livro conta a história envolvente da família de Nora e como era sua representação de mulher naquele tempo.A narrativa acontece no natal e mostra as reviravoltas e descobertas frente a sociedade daquela época.No início não achei que seria um livro tão produtivo,mas ao avaliar profundamente a crítica que Ibsen fez,já que expõe a importância desse grande clássico literário.
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Pat 14/04/2016

"Ouve-se, vindo de baixo, o bater do portão"
3.5
Uma vida de aparências. Conhecemos Nora uma mulher com um casamento aparentemente feliz com um marido amável e três filhos adoráveis, até que é relembrada de seu passado e de algo que fez num momento de desespero.
É interessante acompanhar a "boneca" Nora se quebrando aos poucos devido a essa situação e de como nem tudo é como aparenta.
O discurso da Nora no final foi esperado e muito libertador(talvez ainda mais pra época).

"Nora: Tenho outros tão sagrados como esses.
Helmer: Não tem... Quais poderiam ser?
Nora: Meus deveres comigo mesma.
Helmer: Antes de mais nada, você é esposa e mãe.
Nora: Já não creio nisso. Creio que antes de mais nada sou um ser humano, tanto quanto você... ou pelo menos, devo tentar vir a sê-lo(...)"
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R...... 15/04/2015

Quantas máscaras e ilusões... Vidas guiando-se pelas aparências e convenções sociais, com uma cumplicidade frágil e facilmente destruída no casamento.
Vemos algo como um comercial de margarina, daqueles ultra melosos, seguindo-se uma tempestade no copo d'água e a descoberta da infelicidade. Pelo menos nunca é tarde para se aprender. Assim, a busca do autoconhecimento e satisfação pessoal acabam sendo o despertamento na vida de Nora, rompendo com tudo que a impeça disso.
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Amoedo 29/07/2014

Quem está engaiolado?
Diálogos impressionantes. Você é conduzido para as falas finais como um bichinho para uma arapuca. Mexeu muito comigo. Não é Nora quem vive em uma gaiola de ouro, é o leitor/espectador.
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Lucas 17/03/2014

A força das ilusões
É admirável como vai se construindo a situação de crise, até o ponto em que a personagem é obrigada a defrontar-se consigo mesma. A atitude radical que surge então, no momento em que a vida a encurrala num canto, só é possível porque, além de grande coragem, há uma poderosa ilusão no horizonte de Nora. E se, por um lado, Torvald tem razão em identificar nesta ilusão um desejo infantil, por outro lado também é verdade que a vida parece inviável e inútil sem uma grande ilusão. O mais surpreendente neste caso, talvez, seja a ausência da religião a ocupar este lugar - e mesmo de uma paixão amorosa 'bovarinesca'. Traço nórdico, será?
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