A dama do lago

A dama do lago Raymond Chandler




Resenhas - A dama do lago


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Adriana Scarpin 15/11/2024

Meu primeiro Raymond Chandler. Meu primeiro Philip Marlowe.
Acho que o que mais impressiona na escrita do Chandler é que ele deixa o leitor investigar e chegar às mesmas conclusões do Marlowe, é uma jornada interessantíssima e cujo twist não importa porque o leitor seguiu as mesmas pistas e já está ciente de antemão. Isso é tratar o leitor com respeito e não como fosse um policial burro, né, hahaha. Adorei.
O engraçado é que apesar do meu Marlowe favorito de cinema ser o Elliott Gould, o tempo todo ao ler o livro visualizei o Bogart, mesmo sendo o Robert Montgomery quem estava na adaptação desse livro.
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Vania.Cristina 21/07/2024

Tempos pessimistas, detetives falíveis e mulheres fatais
Esse é um clássico da literatura policial noir estadunidense, publicado em 1943. Chandler é um dos principais nomes dessa fase do surgimento do noir. Acredito que para gostar do livro é preciso entender um pouco do que significou, na época, esse estilo de narrativa.

Simplificando bem as coisas (e desde já adianto que não sou especialista em nada disso), posso dizer que primeiro havia a literatura policial clássica, de enigma, inaugurada por Edgar Allan Poe e explorada largamente por outros escritores como Árthur Conan Doyle e Ágatha Christie.

Sua fórmula era bastante rígida, baseada no método científico de dedução lógica, centrada totalmente na investigação e com um detetive genial e infalível. O drama dos personagens não importava, não havia imprevisibilidade.

Hoje chamamos de literatura de conforto (ou cozy mystery) porque nela tanto o assassino quanto a vítima são distantes do leitor. Não nos identificamos com eles, é com o detetive que nos preocupamos, é por seu sucesso que torcemos, e em suas aventuras ele raramente corre perigo, de fato. O policial clássico surgiu e prosperou no contexto do pensamento positivista, otimista e baseado no uso da razão.

Quando a humanidade tinha acabado de enfrentar uma guerra mundial ? e logo depois sofreria a queda da bolsa de 29 e uma segunda grande guerra ?, surgia, nos Estados Unidos, o subgênero policial noir. Não dava mais para ser otimista. Então, a literatura responde a esses novos tempos com mudanças radicais. No caso do romance policial, os detetives passam a ser falíveis, rudes, violentos, vulgares e com moral questionável. Muitas vezes se machucam fisicamente e trabalham apenas o necessário para sobreviver. O mundo é imprevisível, as instituições são corruptas e os personagens complexos. No início, o noir trazia forte crítica à sociedade capitalista.

Bom, é nesse contexto que a obra de Chandler se insere. Vemos essa história pelos olhos do detetive particular Philipe Marlowe, contratado para localizar a esposa de um empresário da indústria de perfumes. Ela desapareceu depois de passar por sua casa no lago Little Fawn. Enquando investiga, Marlowe descobre o corpo de outra mulher que morava no lago. O livro traz, então, logo de cara, dois mistérios, duas vítimas mulheres. As duas escondiam segredos.

Como todo bom policial noir da época, a perspectiva é masculina e as mulheres são estereotipadas. Ou são vítimas ou o tipo mulher fatal ? bela, fria, sexy e distante ? em nenhum dos casos são confiáveis.

Mas, nessas histórias, os homens também não são confiáveis e são infinitamente menos interessantes que as mulheres. Ou seja, há estereótipo mas, a meu ver, não há misoginia. E como diz Chimamanda, o estereótipo é uma parte pequena da verdade. Alguns chamam essa "mulher fatal" de arquétipo, ou seja, ela transcende o indivíduo e chega na essência profunda de toda uma coletividade.

Da época em que surgiu até os dias de hoje, o policial noir mudou muito. O cinema abraçou largamente o gênero, a violência se tornou cada vez mais crescente, e escritoras mulheres assumiram sua visão de mundo.

Acredito que esse pequeno livro talvez pareça ser ingênuo e simples demais para os dias de hoje, mas ele traz um charme clássico e o registro de tempos amargos de redescoberta da fragilidade humana. E é claro, um mistério e uma investigação prazerosos de acompanhar.
milkshakespeare 21/07/2024minha estante
Que resenha ?


Vania.Cristina 21/07/2024minha estante
Obrigada Azenath... ?


Débora 21/07/2024minha estante
Vânia, eu simplesmente amei sua resenha! Muito esclarecedora para mim! Obrigada, querida!!!?


Vania.Cristina 21/07/2024minha estante
Ah, que bom Débora! Fico feliz. ?




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Hanna 17/01/2024

Eu gostei bastante da trama e só descobri uma parte do fim antes de ele chegar. O problema do livro é que é muito descritivo e acaba cansando demais. Para quem gosta da descrição de cenários em detalhes, vai gostar do livro.
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Mari Takaesu 26/09/2023

Em "A dama do lago", acompanhamos Philip Marlowe, um detetive particular cínico e perspicaz, enquanto ele é contratado para encontrar uma mulher desaparecida. Marlowe é então mergulhado em um mundo de corrupção, segredos e personagens ambíguos. A trama é habilmente construída, com reviravoltas surpreendentes e personagens intrigantes. Apesar da história bem elaborada, a solução do mistério é simples, sem deduções mirabolantes ou um detetive que tem conhecimentos absurdos sobre tudo. Vale a pena ser lido por qualquer amante de histórias de detetive e mistério.
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Raquel.Kirst 06/09/2023

A misoginia permeia todo o livro
A misoginia é absolutamente uma ideologia/paixão que destrói os homens e, de fato, promove o ódio aos homens (sejam homossexuais, ou idosos, ou qualquer pessoa que não esteja à altura de ser homem, que é todo mundo). É desconfortável e provavelmente maligno, mas a maneira como funciona através das permutações e a vivacidade de sua aversão pelas mulheres e, em última análise, por si mesmo, é fascinante.
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David 20/06/2023

Muito Bom. Proximo da realidade policial da epoca
Gostei bastante do desenvolvimento, dos personagens, do cenário. Me parece que livros de Raymond se aproximam mais da realidade policial que Agatha Christie ou Harlan Coben, pois não tem deduç?es magicas e não é cheio de coincidências. Li em 3 dias, não é nota 10, porém é muito bom.
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Samuel F. (Sansão) 27/12/2022

Chandler nunca decepciona..
Me apaixonei pelas obras de R. Chandler desde quando li o livro "O longo adeus". Havia pegado na biblioteca, logo quando entrei no mundo da leitura. A capa me chamou a atenção, me deixou intrigado, e eu peguei pra ler mesmo sem depositar tanta espectativa.

E logo após começar, não conseguia parar. A mesma coisa aconteceu com esse livro, simplesmente sensacional. Recomendo demais
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Daiana.Klauck 31/10/2022

Mais reviravoltas que filme do Shyamalan
Uma mulher desaparece, e seu marido preocupado contrata um detetive particular para descobrir seu paradeiro. Mas, ao desenrolar da trama, descobrimos que o caso vai muito mais além do que imaginávamos.
Mais uma aventura do personagem Philip Marlowe, nosso detetive.
A história é bem escrita, de leitura fácil, e o enredo te prende até o final.
O enredo tem vários plot twists, mas para quem já tem o hábito de consumir romances policiais, alguns são bem óbvios.
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Ju 05/02/2022

Policial Classico
Um presente maravilhoso pra quem é fa de series policiais e curte um Sherlock Holmes sendo ambientado nos anos 40.
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Esdras.Nascimento 07/11/2020

Detalhes fazem a diferença!
A trama apresentado neste livro, conta-nos um detetive particular chamado Marlowe contratado por um milionário para encontrar sua esposa, com apenas poucas pistas e uma delas seu amante. Subtramas vão surgindo ao longo da história que aparentemente foge do foco (investigação), mas incrivelmente se conectam dando-nos reviravoltas e um final inesperado, do tipo "Como assim?"
Um suspense policial na primeira pessoal, que torna a experiência da leitura por um ângulo diferente, mesmo com certos exagerados detalhes que o autor através da personagem principal nos apresenta como descrição detalhada do local onde se encontra, como as pessoas eram fisicamente e suas roupas. Mas isso não atrapalha o desenrolar do suspense que carrega com ele muitas minúcias importantes para a conclusão das investigações.
"Com a intuição genial, Marlowe incorpora essas novas variáveis ao seu quebra-cabeça, e numa sequencia ímpar desvenda a intricada trama de um crime quase perfeito".
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@aangeladani 26/01/2018

Dinâmico e com uma ótima reviravolta final
Esse thriller noir - uma expressão francesa usada para descrever um subgênero policial que teve seu ápice nos EUA entre os anos 1939 e 1950 - foi escrito durante a Segunda Guerra Mundial e contém um prefácio com explicações sobre o livro e sobre o autor: Raymond Chandler, de quem eu ainda não tinha lido nada, mas posso dizer que essa primeira experiência foi ótima e que valeu a pena.

Com narrativa toda em primeira pessoa, feita pelo personagem principal (o detetive particular Philip Marlowe), a trama segue de forma dinâmica, acelerada e, apesar das descrições de cenários serem um pouco cansativas, os capítulos são curtos (o que compensa e eu sempre prefiro). Os diálogos são feitos entre aspas, sem o uso de travessão - um estilo de escrita que, eu confesso, me incomoda um pouco; mas não é algo que atrapalha ou que me faça perder o interesse.

Como é o personagem-narrador quem descreve todos os fatos, ficamos envolvidos em tentar desvendar junto com ele o mistério da trama, e isso é bem interessante porque desperta curiosidade e prende a atenção. Há um certo humor meio ácido com toque de sarcasmo também, o que só deixou a narrativa ainda melhor e me fez gostar bastante de Marlowe. Eu só achei que são muitos personagens na trama, e isso acaba confundindo um pouco em alguns momentos.

Mas a reviravolta que acontece no final é muito satisfatória, deixando o desfecho bem amarrado, plausível e com sentido, algo que eu considero bem importante em tramas assim. E depois de finalizado a história, o autor ainda fez algumas anotações e adendos (com algumas críticas) bem interessantes sobre a narrativa de mistério e thriller policial, esse gênero que eu gosto tanto de ler!

Nota: 3/5 (bom)
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Orlando 04/03/2016

O LIVRO É: “A DAMA DO LAGO” DE RAYMOND CHANDLER
Raymond Chandler dispensa apresentações, sobretudo para o fã de literatura policial. Ao lado de expoentes como Dashiell Hammett, Ross Macdonald, Chester Himes, David Goodis e mais alguns outros nomes, Chandler elevou a literatura policial para um status maior, melhor e mais influente no panorama da cultura pop em geral.

Nascia com esses nomes a literatura Noir que, apesar de ter recebido essa denominação na França, é um estilo genuinamente americano. As ruas escuras, os policiais corruptos, as lindas mulheres misteriosas e sedutoras, os detetives durões que recebiam alguns dólares pela hora trabalhada, os casamentos falidos, um crime estranho envolvendo pessoas demais, idas e vindas atrás de informação, cafetões, jogatinas, bebidas e cigarros, muitos cigarros davam conta de muito da atmosfera Noir.

Mas Noir era mais do que tudo isso junto numa história, Noir era um conjunto de sensações, de estilos, de palavras, de um modo de agir dos personagens, acima de tudo, Noir era um reflexo de um momento no tempo e na cultura americina. Noir é um Zeitgeist que ecoa até hoje no imaginário da cultura pop-nerd mesmo depois de tantas décadas.

“A DAMA DO LAGO” DE RAYMOND CHANDLER
Ok, dava para fazer um especial Noir aqui com muito carinho… mas o objetivo do texto não é esse e você, leitor, que gosta do estilo pode encontrar muitos artigos detalhadíssimos sobre o mesmo com grande facilidade, vamos falar de uma mulher encontrada afogada em um lago… calma, isso está muito, muito longe de ser um Spoiler e estragar sua leitura, é só o começo.

Para falar sobre a dama encontrada morta, primeiro precisamos focar no personagem principal dos mais célebres livros de Chandler: Philip Marlowe, o detetive que protagonizou oito dos melhores livros escritos por Chandler e alguns dos melhores da literatura policial Noir.

Marlowe é o detetive durão, de poucas palavras, muita atitude e dedicação ao seu trabalho, muitos de seus expedientes ecoam um certo imperativo de contornar o politicamente correto e o sistema de leis que o cercam, até porque, em muitas situações a própria lei age contra o detetive na forma de policiais cuja conduta desabona seus departamentos e companheiros de farda.

Sem pudor algum de dizer o que pensa, Marlowe não poupa ninguém de seus julgamentos quando necessário e diz o que pensa sem a menor cerimônia, a despeito de toda seriedade e marra, também pertencem ao senhor Marlowe alguns dos momentos mais engraçados da literatura policial…

Chandler tinha uma veia cômica (pro lado do sarcasmo e ironia) que dava o tom de deboche a muitas situações de suas histórias…

A Dama do Lago é um livro dinâmico, intrigante e, a despeito de ter uma morte por afogamento, também é extremamente imersivo. Aproximadamente dois dias e meio são necessários para que Marlowe pegue o serviço, se mete numa confusão em uma cidade do interior, se depare com uma mulher cuja identidade é um mistério, encontre o amante da esposa de seu cliente, seja espancado e preso por policiais corruptos e consiga resolver o caso ao qual foi contratado.

O CASO…
Derace Kingsley é um homem de negócios com um nome e uma reputação a zelar. Tudo aparente, claro, seu casamento é uma conveniência, tanto ele quanto a esposa, Crystal, fazem o que bem entendem com quem bem entendem; no entanto as aparências nessa época ditavam as regras e escândalos eram perigosíssimos para homens na posição de Kingsley, então, quando sua esposa sai de cena com seu amante, Chris Lavery, e simplesmente não reaparece após um mês, Kingsley entra em ação para evitar que algo saia de controle e o tão temido escândalo venha à tona. Entra em cena para investigar o desaparecimento de Crystal, ninguém menos que o detetive Philip Marlowe, claro.

A par de um leque bem grande informações sobre Crystal, seu amante e sobre seu último paradeiro conhecido, Marlowe parte quase que imediatamente para o chalé dos Kingsley na região montanhosa de Little Fawn Lake, onde o amante de Crystal também reside pelas proximidades. De posse de uma carte de autorização-recomendação para o caseiro da propriedade, Bill Chess, Marlowe dá a largada para as 48 horas e uns trocadados mais agitados de sua carreira…

Como se tudo isso não fosse suficiente, um estranho elo une o caso do desaparecimento de Crystal com o soturno Dr. Almore, cuja esposa morreu em circunstâncias misteriosas e que tem no tira durão Al Degarmo uma espécie de guarda-costas para situações inoportunas, como no caso de detetives bisbilhotando onde não são chamados.

A NARRATIVA NOIR DE CHANDLER EM “A DAMA DO LAGO”
“A Dama do Lago” é uma obra muito interessante, difere dos outros livros de Chandler por sua dinamicidade. Em outras obras em que Marlowe figurava como protagonista, as investigações se prolongavam por semanas, até meses, as impressões psicológicas eram bem grandes e constantemente o detetive e seus coadjuvantes, tanto para o bem quanto para o mal, emitiam constantes reflexões e impressões sobre o mundo em que viviam… não que isso não ocorra em Dama, mas nesse caso o que predomina é a capacidade do autor em criar um complexo jogo de relações entre personagens espalhados entre duas cidades, todos enredados na teia que começa com o desaparecimento de Crystal.

Cada personagem adiciona um pedaço da trama em idas e vindas de Marlowe para montar o quebra-cabeças do desaparecimento que cruza com uma morte no lago, depois com mais dois assassinatos envolvendo um trama maior em que a traição de Crystal é o menor dos problemas.

Desse modo, Dama é um livro cujo foco principal não é desfilar os clichês do estilo Noir e sim desfilar uma narrativa multifacetada que é vista apenas pelo lado do detetive Marlowe, já que é ele o narrador da história. Acredito que, talvez, em algumas situações Chandler poderia ter dado mais espaço para outros personagens na trama, alguns aparecem, falam com o detetive, dão alguma “deixa” para o mesmo e depois nada mais acrescentam ao livro de modo geral… não é algo que desabone a narrativa, de modo algum, mas você sente que algo ali naquele personagem que apareceu tão rápido poderia ser mais aprofundando… talvez.

Chandler desfila ao longo do livro diálogos ferinos, ora bonitos e inspirados, ora de uma ironia e de um sarcasmo doentio típicos do Noir, já que estamos falando de uma época mais cínica na qual rispidez era mais que uma defesa, era um estilo de vida. Seus personagens são cheios de camadas de dubiedades e não se furtam ao jogo de interesses, a despeito de ser uma narrativa fictícia, o Noir de Chandler não tem nenhuma lição de moral, nenhum julgamento de valores, apenas mostra um mundo do jeito que era e seus personagens são apenas reflexos de sua própria época de criação. A obra de Chandler é humana até a medula (acho que li isso em algum lugar do livro).

Chandler não dá folga para seu detetive e nem para nós, leitores. o Fluxo de acontecimentos e ações age a favor da obra e mesmo quando está sendo descritivo, o autor consegue manter seu ritmo quase frenético e preenche página por página com o que há de melhor em sua escrita… caso não esteja acontecendo algo no sentido de movimento físico (idas, vindas, entradas furtivas, fugas ainda mais furtivas de casas invadidas), algum diálogo que guia a história está em curso.

Com a intenção de fazer de suas histórias algo bastante crível, Chandler prefere a lógica da montagem do quebra-cabeças e de um jogo honesto com seu leitor, deixando sempre na superfície a intenção de sua história e do crime investigado; nada de deduções mirabolantes, nem de criminosos absurdamente estranhos. Se Chandler te mostra algo numa cena, acredite, nada está lá para te distrair do rumo certo, para desviar sua atenção da investigação ou dos culpados, pelo contrário… não, aqui o pé é fincado num recorte de realidade perfeitamente plausível, o que, acredito eu, é mérito de sobra para o escritor.

Não são poucas as ocasiões em que é fácil se imaginar dizendo ou fazendo algumas das coisas que Marlowe ou outro personagem estão fazendo na narrativa. Que atire a primeira pedra aquele que nunca se revoltou com desmandos, autoritarismo, truculência e violência policial? Que se cale aquele que nunca sentiu vontade de de mandar aquele riquinho esnobe ir à merda…

Outro ponto positivíssimo da obra ficou a cargo da tradução de Braulio Tavares, encarregado da tradução, prefácio e organização das edições das obras de Chandler pela Alfaguara. Como se isso já não fosse mais que suficiente para se deleitar com a obra literária, ao final do livro temos doze dicas de Chandler para quem quiser se aventurar pelo mundo da narrativa policial de mistério e seus adendos… e, não satisfeitos em entregar uma edição bonita em acabamento, rica em conteúdo, soma-se a isso algumas cartas que o autor trocou com amigos do ramo literário, editores e afins… o Saldo do trabalho da Editora Objetiva, ao qual pertence a Alfaguara Brasil.

A DAMA DO LAGO
Autor: Raymond Chandler
Tradução: Braulio Tavares
Gênero: Ficção Policial Noir
ISBN: 9788579623295
Lançamento: 01/10/2014
Formato: 15 x 23
Páginas: 272
Preço: R$ 34,90

O AUTOR
Raymond Chandler nasceu em Chicago, em 23 de julho de 1888. Mudou-se para a Inglaterra com a família quando tinha 12 anos e, em 1912, retornou aos Estados Unidos. Após servir no Exército canadense durante a Primeira Guerra Mundial, estabeleceu-se na Califórnia e teve uma série de empregos, de contador a jornalista. Foi na época da Grande Depressão que ele passou a se dedicar seriamente à escrita, e seu primeiro conto, “Chantagistas não atiram”, que levou cinco meses para ser finalizado, foi publicado na revista Black Mask em 1933.

Seis anos depois, publicou seu primeiro romance, O sono eterno, que introduziu ao mundo o detetive Philip Marlowe, que apareceria posteriormente em outros seis romances: Adeus, minha querida (1940), A janela alta(1942), A dama do lago (1943), A irmãzinha (1949), O longo adeus (1953) e Playback (1958), adaptado de um roteiro original. Chandler foi também autor de contos, adaptações cinematográficas e ensaios. Morreu em 1959.

TÍTULOS DO AUTOR
> A dama do lago
> O longo adeus
> O sono eterno
> Adeus, minha querida

site: http://www.pontozero.net.br/?p=8678
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isagiácomo 26/09/2015

Kingsley contrata um detetive particular para descobrir o paradeiro de sua esposa, porém quando este vai atrás de pistas descobre três casos de assassinatos que estão interligados. Um livro muito bem escrito que te prende do começo ao fim. Primeira vez que li Raymond Chandler e me apaixonei!
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