Davi Oliveira 12/09/2023
Caminhos se desvirtuam
O segundo livro da série de J.R.R. Tolkien dá continuidade aos acontecimentos de seu antecessor, ?A Sociedade do Anel", se iniciando a partir da fuga de Frodo e Sam em consequência do mal que O Anel instiga naqueles que o desejam. Neste, os acontecimentos se encaminham para a parte final da narrativa, onde no próximo e último livro, obteremos a resposta para a qual a Sociedade do Anel foi fundada: o Um Anel será destruído?
Após a tentativa de Boromir de tomar o Um Anel para si, Frodo se viu obrigado a abandonar sua comitiva para seguir sozinho sua jornada, obviamente com Samwise em seu encalço. Mas não somente ele. Gollum, obcecado em recuperar seu ?precioso?, continuou a segui-los por toda a demanda. Se mostrou importante. Atuando como guia da demanda (mesmo sem saber qual demanda era essa), levou-os pelo caminho onde poderiam ter uma chance de entrar em Barad-dûr, a fortaleza de Sauron e onde o Um Anel foi forjado. Mas é claro que tentou dar sua cartada. Arquitetando um plano para recuperar seu objeto de desejo, abandona Frodo e Sam nos túneis de Laracna, esperançoso e confiante que ela daria cabo da dupla e que, futuramente, ele recuperaria o objeto desejado. Esse plano se mostra falho. Mas como sei, Gollum ainda tem seu papel final à espera.
Do outro lado, temos a narrativa que segue Aragorn, Legolas e Gimli. Grande parte dela é em prol do resgate dos hobbits que foram levados pelos Uruk-hai. Há também a parcela de Merry, Pippin, em parte responsáveis pela mobilização dos Ents ao ataque a Isengard. Temos também o ressurgimento de Gandalf, voltando como Gandalf o Branco e trazendo grandes contribuições para o enredo.
Depois de terminar este livro, vejo que a escrita de Tolkien não é de meu feitio. Foi um desafio ler este livro. Foram diversos os momentos onde dormi no meio da leitura, onde até deixei de ler por desânimo. E isso impactou profundamente minha percepção crítica para a análise da construção da narrativa. Mas como eu queria terminar logo esse livro, me forcei. Foram poucos os momentos em que minha atenção foi presa, em que consegui submergir na leitura. E vejo que são muitos os relatos semelhantes.
A grande problemática da escrita do autor, para mim, é seu detalhismo muitas vezes desnecessário. Um detalhismo exagerado tira o interesse do leitor. Não há nenhuma necessidade de ele ter gasto mais de uma página inteira para descrever quase que anatomicamente uma montanha (entre as páginas 180 e 200). Durante a narrativa de Aragorn, Legolas e Gimli esse defeito é constante, sendo para mim uma das partes mais desinteressantes do livro, mesmo com a presença de toda aquela perseguição. Detalhismo é uma característica da escrita do autor, mas isso não significa que seja sempre interessante e de qualidade, que sempre agregará valor à narrativa. O autor dá prioridade a um detalhismo supérfluo muito mais do que dá em acontecimentos que realmente merecem uma atenção especial. A batalha contra Smaug no livro ?O Hobbit" é um grande exemplo disso.
Concluindo, é um bom livro. Mas peca, a meu ver, na prioridade que é dada a elementos desnecessários, que não tem no que contribuir. Pretendo futuramente ler o último livro da trilogia. Mas não pretendo aprofundar mais no universo de Tolkien. Ele não é para mim.