JP_Felix 07/03/2022
Excelente meio de história
Segunda parte da jornada do anel, aqui temos suas narrativas distintas, quase como duas jornadas diferentes. De um lado, Passo-Largo, Legolas e Gimlim, em sua missão pessoal para resgatar os pequenos companheiros capturados. Do outro, Frodo e Sam, ainda em sua missão para chegar à terra do inimigo na esperança de destruir o Um Anel.
O ponto forte da narrativa deste volume é facilmente essa cisão, onde vemos até mesmo uma terceira via, mostrando o destino de Pipin e Mary, e esses três pontos de vista são explorados de maneira excelente. Enquanto os três guerreiros caçam os orcs, o clima é de urgência, mas heróico e com mais preocupação que temor, os dois Hobbits cativos passam um clima de tensão e incerteza, pois desconhecem seu destinos e cobiçam a fuga.
A terceira linha narrativa, a de Frodo e Sam, é uma mistura entre ambas, com um clima monótono e arrastado, mas ao mesmo tempo passando urgência, incerteza e preocupação, pois há perigos em cada estrada e o maior receio é conseguir escolher dos males o menor. De uma forma clara, mas ao mesmo tempo abstrata, vemos o quanto o anel é pesado, o quanto o fardo deixa tudo mais difícil, sem precisar de conflitos físicos para estampar o medo e o receio.
A dinâmica apenas tem a ganhar com a aparição de Gollum, que traz a Frodo e ao leitor a incerteza, a curiosidade e a compaixão de ver um pobre coitado que ja foi destruído de dentro para fora e não quer ser mal, apenas não sabe mais pensar em nada além de seu precioso.
Gollum possui um papel fundamental na trama, ganhando bastante atenção em seu modo de agir malicioso, mas misterioso o bastante para estarmos incertos de suas intenções detalhadamente. Da mesma forma, outros personagens adicionam em muito os detalhes da trama, construindo melhor o mundo, como os personagens que compõem o arco de Saruman, a exemplo de nosso adorável novo amigo Barbávore e os outros ents.
Sendo o meio de uma grande trama tão profunda, o livro segue os passos do anterior, com o desenrolar que é tudo, menos apressado, mas construindo uma narrativa que engrandece e aprofunda tudo o que já foi apresentado, como as malícias de Saruman, com um certo personagem que o explana e se impõe contra ele, da mesma forma que Barbávore conta como sucedeu-se a relação de Saruman com os Ents, que logo mais de tornou a queda do mago para o lado do inimigo.
De uma forma estranha de imaginar, há várias histórias neste livro que fazem o leitor ser cativado pelo universo que é construído, mas sem causar uma sensação de pressa de querer ver o fim de uma ou outra. Aqui só aceitamos de bom grado as novas linhas narrativas que interrompem as outras, como o fato de termos terminado o volume anterior com Sam e Frodo seguindo sozinhos e Pipin e Mary sendo levados, mas demorar bastante para seguir com esses acontecimentos.
Um ótimo livro de ligação entre o primeiro, aprofundando-o bastante em questão de história, trama e tensão, e o terceiro, preparando terreno para a grande conclusão.