Capitães da Areia

Capitães da Areia Jorge Amado




Resenhas - Capitães da Areia


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Fred.Braga 18/11/2024

CAPITÃES DA AREIA
Um dos pouquíssimos livros que se passam na Bahia ou escrito por um baiano(a) que li. Jorge Amada é genial e seus livros expressam sua genialidade em peso.

Ele escreve tão bem que é quase como um documentário real, mas ainda sim sabemos que em todo lugar marginalizado, há os Capitães da Areia. Criança e adolescentes que vivem em situações de rua é a realidade do nosso país ainda hoje. Saber que isso irá permear pro futuro, dói.

Pedro Bala, Sem Perna, Pirulito, Volta Seca, Brandão, Almiro, Professor e tantos outros, trazem tanta humanidade em tudo que eles viveram nesse livro. Impossível não se emocionar em tantas e tantas passagens.

Ler Capitães da Areia me deu saudade de mergulhar nas águas de Salvador, enquanto não vou, mergulho nas palavras de Jorge Amado.

Houve tantas censuras com esse livro, tantas tentativas de nos tirar o que é nosso, precisamos saber que livros são revolucionários e ler sempre será um ato de resistência, um ato político.

"Precisamos ir à luta."

"Porque a revolução é uma pátria e uma família."

"Lá fora é a liberdade e o sol. A cadeia, os presos na cadeia, a surra ensinaram a Pedro Bala que a liberdade é o bem maior do mundo. Agora sabe que não foi apenas para que sua história fosse contada no cais, no mercado, na Porta do Mar, que seu pai morrera pela liberdade. A liberdade é como o sol. É o bem maior do mundo."
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Kaique Magnani 17/11/2024

Brasilidade
Um clássico brasileiro. Jorge amado soube retaratar as questões que sempre assolaram o chão brasileiro, juntamente com uma história incrível, real, triste, poética...
Poderia dizer muita coisa aqui... Um baita livro.
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Anapfo 17/11/2024

Sobrevivência
Um dos livros mais traduzidos para outros idiomas. Jorge Amado é impecável ao retratar a negligência governamental e social em relação às crianças e adolescentes moradores de um trapiche abandonado na cidade da Bahia. Com uma linguagem clara, e emocionante os meninos, sobreviventes de um sistema que insiste em colocá-los como delinquentes, são retratados de certo modo, em sua maioria romantizados, e muitos deles conseguem vencer a adversidade, com a ajuda de um Padre, de um artista, de um capoeirista e de uma mãe de santo. A obra também aborda o sincretismo religioso.
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anabiamdg 17/11/2024

Emocionante
?E achava que a alegria daquela liberdade era pouca para a desgraça daquela vida.?

Garotos que vivem como homens podem ensinar muito mais sobre a vida do que os adultos um dia poderiam enxergar no mundo. Lendo você entende porque esse livro é um clássico da literatura e também porque é banido em tantos lugares KKKKKKK sensacional, sensível, impiedoso e muito, muito bom.
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costa153 17/11/2024

A Liberdade.
É um livro que emociona do começo ao fim. Conta a história de um grupo de meninos de rua que, apesar de viverem na pobreza e serem rejeitados pela sociedade, têm como maior tesouro a liberdade. As tramas dos personagens como Pedro Bala, Sem-Pernas, Professor e Dora, traz momentos marcantes e tristes que mostram a coragem, os sacrifícios e as esperanças dessas crianças. A sensibilidade com que Amado apresenta a luta pela sobrevivência e pelos laços de afeto perdidos é o que torna essa obra profundamente impactante.

Em resumo, chorei horrores.
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Lia 16/11/2024

Facilmente um dos meus preferidos
Fiquei impressionada com a escrita do Jorge Amado, parece que eu estava dentro do trapiche vivendo as aventuras dos Capitães de Areia.

Me surpreendeu sensibilidade com que foi abordada a realidade das crianças abandonadas em Salvador, mostrando que elas não eram abandonadas apenas pelos pais, mas também pela sociedade e pelo aparato estatal, forçando- as a se tornarem adultos de fato ainda na infância.

Com o final do livro é perceptível o motivo dele ter sido proibido em 1947. É um livro que fala sobre revolta, mas não se reduz a esquerda ou direita, e sim uma luta por melhores condições de vida da população mais pobre, dos meninos que roubavam para ter o que comer e vestir.

Simplesmente amei.
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midnightrainz_ 16/11/2024

“Por que a liberdade é como o sol: o bem maior do mundo”
Tive meu primeiro contato com Jorge Amado, um dos maiores escritores da literatura brasileira de todos os tempos, gostando ou não de sua obra, com a novela “A morte e a morte de Quincas Berro D’Água”, em 2019. Lembro-me de ter achado esse um livro muito divertido, apesar de não muito marcante, e me contentei com ele durante muito tempo. Cheguei, nessa mesma época, a começar a ler “Capitães da Areia”, mas não dei continuidade - não lembro exatamente o motivo. Até que voltei novamente meus olhos a ele esse ano, por conta das aulas de literatura. E, como fazia tempo que não lia nada da fase militante do nosso modernismo (a minha favorita, diga-se de passagem), pensei: “Por que não juntar o útil ao agradável?”. Pois bem, não me arrependo nem um pouco dessa decisão.

A temática principal do livro já é apresentada logo na primeira parte, “Cartas à Redação”. Nela, temos uma série de pseudo-reportagens, que dão um caráter verossímil ao livro, tratando do grupo de crianças “ladronas” que dá título ao livro. Logo no começo, já percebemos uma certa manipulação da mídia, que deveria ser supostamente imparcial, para demonizar o grupo, ignorando as verdadeiras causas dos problemas relacionados à criminalidade e, principalmente, o fato de estarem lidando com *crianças*. Ainda nessa parte, temos uma crítica ao sistema punitivista, o tratamento dado aos jovens delinquentes dentro dos reformatórios não estariam sendo eficazes para reeducá-los e que as fugas e a reincidência criminal seriam consequências diretas desse tratamento - algo pateticamente ignorado pelo jornal, que só está interessado em sensacionalismo barato e autopromoção. Esse aspecto do livro, o que mais me agradou na leitura, teria passado completamente batido para o Rafael de quinze anos, que não tinha a maturidade e a visão de mundo que tenho atualmente. Vi algumas, mais do que gostaria, pessoas se incomodando com o “viés ideológico e panfletário” dessa obra, e sobre isso gostaria de fazer um comentário: NÃO EXISTE arte impessoal ou apolítica; este livro possui um claro propósito de denúncia de realidade - se isso te incomoda, é porque a obra cumpriu com seu objetivo.

Assim, o leitor se depara logo no começo com a essência de “Capitães da Areia”: um livro extremamente ousado que vai expor feridas que, infelizmente, a sociedade ainda não curou, mesmo depois de quase 90 anos. Além da crítica à desigualdade social, ao sistema punitivista, à negligência do estado, à corrupção da igreja, entre tantas outras; temos em mãos um livro que, em pleno estado novo, falou abertamente sobre homossexualidade, tema que até hoje é tratado como um bicho de sete cabeças, como se gostar de alguém do mesmo gênero fosse a coisa mais absurda do universo, e religiões de matriz africana - de uma maneira não demonizada. Mas, acima de tudo, Jorge Amado faz aqui uma enorme crítica ao capitalismo e uma grande propaganda comunista, que se dá principalmente na figura de João de Adão, um amigo do pai de Pedro Bala que trabalha nas docas e milita a favor da classe trabalhadora. Segundo ele, “aquelas crianças” estão vivendo naquelas condições por conta “dos ricos” e que eles só sairiam delas através de uma revolução. Em outras palavras: “A burguesia fede, / a burguesia quer ficar rica. / Enquanto houver burguesia / não vai haver poesia”.

Difícil não simpatizar com um grupo que vive em condições tão precárias de existência: crianças de 8 a 16 anos pobres, órfãs e analfabetas, que vivem em um trapiche abandonado sob companhia de ratos, que muitas vezes dormem de barriga vazia, um estilo de vida nem um pouco adequado para uma criança em fase de desenvolvimento. E elas possuem consciência de sua própria dor, tentam se apegar a qualquer coisa que consiga torná-las minimamente humanas - como é o caso de Professor com os livros, ou de Pirulito com a religião. Ainda temos cenas como a do carrossel, uma das mais belas do livro, diga-se de passagem, que nos fazem questão de relembrar que o lugar delas não é na rua, e sim aproveitando sua infância. Apesar de serem crianças que vivem do furto, existe um código de ética dentro do grupo - algo que eu particularmente achei bem interessante. Por exemplo: tudo que você rouba deve ser mostrado aos outros membros do grupo, para eles terem conhecimento, e é proibido roubar coisas uns dos outros. Isso coloca eles como uma espécie de Robin Hood brasileiro: roubam dos ricos para dar aos pobres, os pobres sendo eles próprios. Os próprios roubos em si não são cometidos contra trabalhadores, somente contra “os ricos”. Mesmo representando essa oposição à tirania do estado e vivendo sua liberdade de maneira intensa, as condições de vida desses garotos é extremamente preocupante e deve ser urgentemente discutida.

Algo que não posso deixar de comentar: existe certo machismo presente na obra, perceptível em cenas como a que pedro bala vai proibir relações homoafetivas no grupo (focando especificamente nos passivos), pois isso os colocaria em posição “inferior a uma mulher”; ou quando dora chega ao grupo e é recebida com hostilidade, e só será bem aceita quando passa a desempenhar os papeis sociais esperados para uma mulher daquela época: mãe e esposa. Fora a sexualização forte e explícita das personagens femininas, principalmente as mulheres negras. Não sei se o autor fez isso em um tom de crítica ou não, só sei que foi algo que me incomodou um pouco durante a leitura - e pode incomodar outras pessoas, por isso deixo o aviso.

Finalizo esse texto dizendo que, além de uma forte crítica política e uma denúncia social, “Capitães da Areia” é um canto de amor à bahia, uma ode de exaltação à liberdade.
Eduardoow 16/11/2024minha estante
Falou tudo, amg


midnightrainz_ 16/11/2024minha estante
sempre ne gatinho




Pietro. 16/11/2024

"Eles eram seus verdadeiros poetas"
Eu tive o prazer de ler capitães da areia pela primeira vez ano passado, e já nesse momento o livro se tornou o meu preferido. Foi uma leitura rápida, tão rápida que muita coisa passou batido, mas o sentimento que Jorge Amado me fez ter pelos seus personagens foi inigualável.
A história dos meninos abandonados da Bahia, aqueles que amam a cidade mas odeiam o mundo. Jorge Amado lapida seus personagens como um bom lapidário. Pedro Bala é o líder revolucionário, sonhador, leal, bondoso mas em certos momentos cruel. Professor é o mais batuta do grupo, esconde seu sofrimento atrás dos livros e dos quadros. Pirulito o religioso. Gato e Boa-vida são os malandros do trapiche. Sem-pernas é o maquiavélico, o odioso, o sofredor.
Em uma releitura absorvi muito mais do que na primeira vez. O valor estético do texto é gigante, Jorge Amado é um poeta, que escreve sobre poetas. Da morte de Dora até o capítulo em que Sem-Pernas sente o amor materno pela primeira vez, o texto é construído de uma maneira magnífica, Jorge Amado é um artista, um poeta, assim como os capitães da areia, os que vivem naquele velho trapiche abandonado
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GabiLavoisier 16/11/2024

No carrossel, pela liberdade: o bem maior do mundo
Capitães da Areia - seres com a alma desamparada pela marginalização. Uma sociedade que os ignora e condena. Uma vida de miséria, mas vivida pelo bem maior: a liberdade.
Um livro que me encantou profundamente, pela sensibilidade sem igual de Jorge Amado. Ele nos transporta para o coração desses meninos, e expõe uma realidade que ainda é atual.
Uma experiência absolutamente incrível. Uma obra para se emocionar, para conhecer o nosso país e a nossa realidade, e para saber o valor da liberdade.
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Clara 16/11/2024

Um livro lindo com uma história emocionante que com certeza vai tocar todos aqueles que lerem. Iniciei a leitura já imaginando que amaria, suprir bem minha expectativas, foi uma leitura prazerosa pela fluidez e dinâmica da narrativa que é super cativante, assim como todo o desenvolvimento dos personagens que são super carismáticos. Amado traz para o papel a descrição de uma realidade que muitos não enxergam, eles traz uma ótica humanizadora que me agrada muito. É lindo todo o desenvolvimento dessa historia tanto quanto é angustiante, é triste ver a vivencia dessas crianças que tiveram que viver como adultos mais rápido que pensariam, mas ainda sendo apenas crianças Amado consegue transcrever toda a inocência, dor, trauma de cada personagem. Tenho Capitães de Areia como um dos favoritos do ano e, até o momento, um dos favoritos da vida. Recomendo para todo mundo!
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Rudiely 16/11/2024

Brutal!
Eu fui sem expectativas para essa leitura, que foi escolhida no Instagram através de uma enquete. E foi uma experiência e tanto, um livro genial em sua simplicidade, e atual mesmo após tantos anos de seu lançamento.
O livro conta a realidade da vida de crianças órfãs, abandonadas a mercê da fome, de não ter um teto e carinho e que precisam assim se render a uma vida de crimes para sobreviver.
Os Capitães da Areia são um grupo de crianças que se uniram, moram em um trapiche e organizam crimes para sobreviver. O líder deles é Pedro Bala, filho de um grevista que morreu em um discurso defendendo os trabalhadores, quando a história começa ele tem apenas 14 anos; Professor é o único que sabe ler, ele lê para seus amigos histórias extraordinárias dos livros resultados de furtos, ele também desenha com grande talento para ganhar uns trocados; Pirulito é devoto, tem suas imagens e não quer levar uma vida de crimes, seu sonho é ser padre; o Gato é vaidoso e se apaixona mesmo moço por uma prostituta; Sem-Pernas é um rapaz coxo que usa sua deficiência para entrar nas residências e facilitar o roubo do grupo posteriormente; Volta Seca é afilhado de Lampião e sonha em se juntar ao grupo de cangaceiros; e posteriormente Dora uma menina que vê sua mãe morta por varíola (a bexiga) se junta ao grupo e se torna mãe, irmã e noiva dos companheiros.
O livro é um relato honesto dos infortúnios que esses meninos passam, com sua infância interrompida, vivendo em um mundo marginalizado, onde se não furtarem ou cometer crimes não sabem se irão comer.
Alguns crimes não tem fundamento, mas é a única vida que eles conhecem. As vezes o livro te trás raiva, indignação e você fica perdido se concorda e torce pelo grupo, ou não.
Uma lição social. Triste relato da Bahia de determinada época!

"Mesmo não sabendo que era amor, sentiam que era bom."

"A liberdade é como o sol. É o bem maior do mundo."
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