Laís 27/08/2010O AteneuAos onze anos de idade, o garoto Sérgio ingressa como aluno no Ateneu, famoso colégio carioca dirigido por Aristarco Argolo de Ramos, considerado um dos melhores educadores do Brasil. Na verdade, esse homem conseguira ganhar a confiança das famílias graças a intensa propaganda que fazia de seu estabelecimento de ensino. Por trás da aparência de educador havia um esperto homem de negócios.
Logo nos primeiros dias, Sérgio sofre uma espécie de choque de realidade, ao descobrir que o colégio não era bem o que imaginava. Ao contrario, era um lugar onde a força prevalecia, e onde os fortes dominavam os fracos impiedosos. O clima de competição desespera Sérgio, que encontra em Sanches um protetor, que em troca, no entanto, o assedia sexualmente. Sérgio isola-se e começa a desenvolver seus próprios meios de defesa naquele ambiente corrompido e sensual. Uma das camareiras, Ângela, com seu corpo atraente e seu jeito provocante, povoa a imaginação dos alunos e funcionários e acaba sendo o pivô de uma tragédia: dois empregados do colégio disputam seu amor e um deles é assassinado pelo outro. A violência do sistema escolar, por sua vez, é exemplificada pelo tratamento cruel e desumano que o diretor dá a Franco, um aluno que se transforma numa espécie de bode expiatório de tudo que acontece no Ateneu. Vitima constante de castigos físicos e psicológicos, Franco acaba morrendo. Ao retornar das férias para mais um período escolar, Sérgio já vê o internato com outros olhos, percebendo o autoritarismo de Aristarco e seus interesses puramente econômicos com a escola. Reconhece a hipocrisia que marca os relacionamentos entre os alunos. Quando acabam as aulas, Sérgio permanece na escola porque sua família, por problemas de saúde de seu pai, estava viajando pela Europa. Sérgio fica doente e é cuidado com carinho de mãe por D. Ema, esposa de Aristarco. Repentinamente, porem, tudo termina. Américo, um aluno rebelde que não se acostuma com o regime de Ateneu, vinga-se pondo fogo no colégio, que em poucas horas é destruído. Ninguém morre, mas quase nada resta do glorioso Ateneu. Os últimos parágrafos do romance mostram Aristarco completamente derrotado, olhando as ruínas da grande obra de sua vida: “Lá estava, a uma cadeira em que passara a noite, imóvel, absorto, sujo de cinza como um penitente, o pé direito sobre um monte de carvões, o cotovelo espetado na perna, a grande mão felpuda envolvendo o queixo, dedos perdidos no bigode branco, sobrolho carregado. Falavam do incendiário. Imóvel! Contavam que não se achava a senhora. Imóvel! A própria senhora com quem ele contava para o jardim de crianças!”.