A coleção Magicae transformou 2021 no ano das bruxas. Muitos darksiders se deixaram encantar pelos mistérios da bruxaria, descortinando um mundo novo e fascinante. Agora chegou a hora de percorrermos territórios fictícios, mas assustadoramente parecidos com a realidade, em uma das histórias da marca DarkLove mais aguardadas pelas bruxas leitoras e pelos bruxos leitores.
Ambientado na cidade de Betel, onde a palavra do Profeta é lei e qualquer fruto de um relacionamento interracial é uma blasfêmia, O Ano das Bruxas conta a história de Immanuelle, tida por muitos como uma jovem amaldiçoada por causa dos pecados da mãe. Ela faz de tudo para seguir o Protocolo Sagrado e levar uma vida de obediência, devoção e conformidade, como todas as outras mulheres da cidade. Ainda assim, Immanuelle lê em segredo, esquece de fazer as preces antes de dormir, tem devaneios durante os deveres diários e por vezes não demonstra a gratidão esperada.
Quando um acidente a leva até a Mata Sombria, onde o primeiro Profeta perseguiu e matou quatro bruxas poderosas, Immanuelle se encontra com os espíritos dessas bruxas, que a presenteiam com o antigo diário de sua mãe. Quanto mais ela lê, mais compreende a injustiça da sociedade em que vive: as hipocrisias da Igreja e do Profeta, as desigualdades sociais e de gênero, as leis antiéticas e corruptas. E entende que, se Betel precisa mudar, a mudança deve começar com ela.
Criada à base de livros de fantasmas e histórias populares sulistas, a autora estreante Alexis Henderson apresenta uma história sangrenta e visceral, permeada por divindades — algumas figuras conhecidas da bruxaria, outras criadas por ela própria —, sacrifícios de sangue e pragas.
Evocando histórias como o romance O Conto da Aia, de Margaret Atwood, e o filme A Bruxa, do diretor Robert Eggers, O Ano das Bruxas é uma aventura poderosa protagonizada por uma heroína gentil, corajosa e idealista. Uma história sobre a luta de uma jovem para revolucionar um sistema que, por anos a fio, usou a religião como desculpa para cometer abusos, vitimizar e traumatizar mulheres. Betel é um mundo fictício, mas as injustiças e desafios vividos pelas mulheres são reais.
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