A novela O Barão, de Branquinho da Fonseca, publicada em 1942, é apresentada como um relato memorialista de um comedido Inspetor de escolas primárias que não gosta de viajar e, não obstante, vive viajando por força da profissão. Numa de suas inúmeras viagens, trava conhecimento com um excêntrico Barão, aristocrata decadente que o hospeda, por uma única e estranha noite, no seu velho castelo, localizado numa aldeia portuguesa da serra do Barroso. A referida noite é marcada por um sem-número de incidentes insólitos e ambíguos que permeiam a narrativa, como o aparecimento de personagens "irreais", no episódio da Tuna, o perambular desvairado do Barão e do Inspetor nos jardins do solar na noite escura, o incêndio no quarto do Inspetor, etc.
O insólito reveste-se, assim, no elemento fundamental de ruptura com a aparente simplicidade da narrativa, marcada por uma linguagem simples e objetiva, permitindo-nos penetrar no plano metafórico de remissões a que se abre o texto, e cujos elementos simbólicos e/ou míticos ampliam as possibilidades de leitura.
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