Georges Simenon reinventou a literatura de mistério. Antes dele, o que definia os romances do gênero era a busca pelo assassino. O escritor deixava uma série de pistas ao longo do livro e cabia ao leitor, ao fim, juntar as peças para tentar adivinhar a identidade do criminoso. Depois do surgimento do Comissário Maigret, em 1931, o cenário mudou. Simenon fez da identidade do matador uma questão menor em relação ao que realmente importava para ele: as motivações do crime. Seus assassinos não são apenas vilões, mas personagens complexos, de grande densidade psicológica, para quem o crime é por vezes a única saída. A pergunta não era mais “quem matou”, mas “por quê”?
Maigret, nesse sentido, é uma mistura de policial, detetive e psicólogo, sempre disposto a decifrar as mínimas nuances da personalidade de quem está investigando.
É esse Georges Simenon multifacetado e de grande qualidade literária que a Companhia das Letras procura recuperar com o lançamento de suas obras completas.
Trata-se de um projeto conjunto com a editora Penguin, que tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra vem se dedicando ao relançamento de todos os livros do autor.
Agora é a vez de O cachorro amarelo e A noite da encruzilhada. O primeiro se passa na cidade costeira de Concarneau, na região francesa da Bretanha. Após o assassinato de um mercador de vinhos, Maigret passa a desconfiar de Emma, uma garçonete submissa. A chave para a resposta, contudo, está num misterioso cachorro amarelo que vaga pelas redondezas e costuma repousar aos pés de Emma. Já em A noite da encruzilhada, Maigret tenta desvendar os motivos da morte de um vendedor de diamantes. O corpo foi encontrado na mansão de Carl Andersen, um milionário dinamarquês, mas Maigret o interroga por dezessete horas, sem sucesso. Talvez a irmã dele, Else, que vive trancada num quarto da mansão, tenha a chave para o mistério.
Suspense e Mistério