A trilogia O Tempo e o Vento, que inaugura o relançamento da obra completa de Erico Verissimo, é a mais famosa saga da literatura brasileira. São 150 anos da história do Rio Grande do Sul e do Brasil que o escritor compôs em três partes - "O Continente", "O Retrato" e "O Arquipélago" -, publicadas entre 1949 e 1962. "O Continente", segundo o crítico literário Antonio Candido, "um dos grandes romances da literatura brasileira", lança o leitor em plena ação, durante o cerco das tropas federalistas ao Sobrado do republicano Licurgo Cambará, em 1895, para em seguida retroceder um século e meio e mostrar as origens míticas e históricas do clã Terra Cambará. Acompanhando a formação dessa família, Erico nos apresenta toda a saga.
A primeira parte de O Tempo e o Vento foi publicada em Porto Alegre, no ano de 1949, e narra a formação do Estado do Rio Grande do Sul através das famílias Terra, Cambará, Caré e Amaral. O ponto de partida é a chegada de uma mulher grávida na colônia dos jesuítas e índios nas Missões. Esta mulher dará à luz o índio Pedro Missioneiro, que, depois de presenciar as lutas de Sepé Tiaraju através de visões e de ver os portugueses e espanhóis dizimarem as Missões Jesuíticas, conhecerá Ana Terra, filha dos paulistas de Sorocaba, Henriqueta e Maneco Terra, este filho de um tropeiro (Juca Terra) que ficou encantado com o Rio Grande de São Pedro ao atravessá-lo para comerciar mulas na Colônia do Sacramento e que obtém uma sesmaria na região do Rio Pardo.
Ana Terra terá um filho com o índio, chamado Pedro Terra. Logo que seu pai descobre sobre a gravidez, ele manda os irmãos de Ana matarem Pedro Missioneiro. Quando castelhanos invadem a fazenda da família Terra, matam pai e um dos irmãos da moça e a violentam, mas ela conseguira esconder o filho, a cunhada e a sobrinha. Partem para Santa Fé, onde se passará o resto da ação de O Tempo e o Vento. Lá Pedro Terra cresce e tem uma filha, Bibiana Terra, que se apaixonará por um forasteiro, o capitão Rodrigo Cambará. Ana Terra e o capitão Rodrigo são até hoje considerados dois arquétipos da literatura brasileira.
Os sete capítulos de O continente (A Fonte, Ana Terra, Um Certo Capitão Rodrigo, A Teiniaguá, A Guerra, Ismália Caré e O Sobrado) podem ser lidos de diversas formas. Uma delas é a história da formação da elite rio-grandense, que culminará na Revolução Federalista de 1893/95. As lutas pela terra, as guerras internas (Farroupilha, Federalista) e externas (Guerra da Cisplatina, a Guerra contra Oribe e Rosas, a Guerra do Paraguai) marcam definitivamente a vida e a personalidade daqueles gaúchos e ecoam de forma muito forte ainda hoje na identidade do Rio Grande do Sul. Do ponto de vista histórico-literário, O Tempo e o Vento é um símbolo da literatura regionalista - expressão cultural do povo gaúcho. Inserido no chamado Romance de 30, obras de cunho neo-realista que aliam a descrição denunciante do Realismo às investigações psicológicas das personagens e liberdades lingüísticas do narrador, frutos do Modernismo. Assim como O continente, muitas dessas obras são de cunho regionalista, a exemplo de O Quinze (Raquel de Queiroz), Grande Sertão: Veredas (João Guimarães Rosa) e Vidas Secas (Graciliano Ramos)...
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https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Tempo_e_o_Vento
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/autores/erico-verissimo.html
Romance / Ficção / Literatura Brasileira