A ruptura do sentido cristão da vida deu surgimento às duas correntes de idéias — naturalistas e historicistas — cujo entrechoque constituiu o leitmotiv da história cultural moderna, ajudando a consolidar o culto das divindades cósmicas — naturais e sociais — que constituem em substância a religião estatal do Novo Império. O destino do mundo não se decide hoje num conflito entre formas de regimes possíveis, mas sim, por trás desse conflito aparente, na contradição interna do Estado imperial, que parece só poder crescer à custa da destruição do legado espiritual de onde ele extrai sua única legitimação moral possível. No novo quadro mundial, já não se trata de um conflito entre ideologias, mas sim de um confronto entre os elementos espirituais e os elementos ideológicos no seio do Estado imperial. Esta é a única questão que importa: estaremos por um caminho ou pelo outro condenados a viver sob a religião de César?
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