Ao longo de cinco décadas reinando como a banda de rock mais importante do mundo, os Beatles influenciaram diferentes gerações não só na música, mas também em moda, comportamento e – como não? – na literatura. Após o sucesso da antologia Como se não houvesse amanhã: 20 contos inspirados em músicas da Legião Urbana, Henrique Rodrigues reuniu mais uma vez um time de primeira linha com a intenção de revelar como as canções dos rapazes de Liverpool podem ser refletidas na atual produção literária brasileira.
Mais populares que Jesus Cristo, John, Paul, George e Ringo romperam barreiras e deram origem a uma das mais admiráveis mitologias de todos os tempos. Mas além das fãs ensandecidas, dos cortes de cabelo, das experiências psicodélicas, das polêmicas, os Beatles são, mais que tudo, as suas canções. Pílulas de três, quatro minutos, que condensam doses cavalares do mais puro amor e de inquietação, desejo, utopia, ambição, irreverência, frustração, libido, transcendência e redenção. Da saudade do bairro onde se viveu na infância a uma visão psicodélica da realidade, a banda imprimiu sua marca ao mesmo tempo em que retratou muitas das transformações culturais pelas quais o mundo atravessou.
Em O livro branco — referência a um dos mais famosos discos da banda, o Álbum Branco, lançado em 1968 — a riqueza do legado beatle, de mil imagens e mui citáveis frases, acende a imaginação de uma heterogênea turma e renasce em forma de relatos emotivos, engenhosos, assombrosos, delirantes, singelos, brutais, sacanas e sagrados. Pelo olhar de vinte escritores, clássicos do repertório dos Beatles como Penny Lane, Eleanor Rigby, Hey Jude, Let it be e Ticket to ride ganham os mais diversos contornos literários.
Cada autor ficou livre para escolher a música preferida e escrever uma história, e o resultado ficou tão diverso quantas são as diferentes fases dos Beatles. Reunidos, deram num livro que deve ser curtido com o mesmo desprendimento necessário a uma primeira audição do Álbum branco. E que a trilha sonora que o embala possa inspirar uma nova forma de curtir as músicas dos Fab Four.