Em "O Livro das ignoraças", de 1993, a reincidente poética de Manoel de Barros se divide em três partes. "Uma didática da invenção" inicia com uma citação de um certo Felisdônio que afiançava: "As coisas que não existem são mais bonitas." Em seguida enumera os passos para apalpar as intimidades do mundo, uma delas: "Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação". Em "Os deslimites da palavra" avisa "Eu vim pra cá sem coleira, meu amo. Do meu destino eu mesmo desidero." Na última parte, "Mundo pequeno", desabafa "Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas." Menino sabido. E bem sábio o Felisdônio. Mas poderia ser o contrário! De qualquer forma as ignoraças do livro de Manoel de Cuiabá nos ensinam enfeitiçando.
Literatura Brasileira / Poemas, poesias