O marroquino Tahar Ben Jelloun, um dos mais importantes escritores de língua francesa da atualidade, escreve sobre sua terra natal para atingir uma universalidade. Construindo com absoluta verdade humana a trágica poesia da desolação em solo natal, o revés cotidiano de uma política cruel, de falta de liberdade, de desemprego, de, enfim, ausência de perspectivas, o autor apresenta personagens que abandonam suas raízes para buscar, senão a plenitude, ao menos alguma migalha de possibilidade em terra estrangeira. Seu novo romance, Partir, é uma história triste e forte, na qual as esperanças são facilmente destruídas e a crença num futuro possível jamais se restabelecerá. Abre-se a década de 1990, e fecham-se as portas do mundo para milhares de marroquinos. Estamos em Tânger, e o clima entre estudantes, mais polêmicos, e pessoas que não se conformam com a falta de perspectivas de trabalho e com as más condições para se viver na cidade faz com que seus olhos cruzem o mar que os separa da Espanha. Do outro lado, alimentadas pela dúvida, pelo cansaço, pelo desgosto, e, empurradas pela esperança, encontram-se a certeza e a segurança dos que estão ainda nesta margem. E Azel, um marroquino desempregado e subjugado pelo autoritarismo político, embarca rumo a um destino incerto quando, para tentar seguir seu sonho de vida em Barcelona, decide se unir a um espanhol rico e homossexual. Uma porta se abrirá, sim. Mas não estará se fechando outra?
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance