spoiler visualizarRosemeri Verissimo 02/04/2020
Nem tudo o que reluz é ouro...
O clássico A Ilha do Tesouro, livro escrito por Robert Louis Stevenson, é um romance que narra as aventuras do jovem Jim Hawkins e seus companheiros em busca de um tesouro muito cobiçado, o qual pertencera a um pirata sanguinário, temível e assombroso: o falecido Capitão Flint. O baú, com suas muitas riquezas, acumuladas ao longo de toda a sua vida enquanto pirata, escondia-se em uma ilha, a qual dá nome ao livro, A Ilha do Tesouro. Hawkins levava uma vida amena na Almirante Benbow até ser acometido por uma série de peripécias. Os caminhos que o levam a essa descoberta e a referida empreitada são inusitados e surpreendentes. A leitura é instigante e marcada por suspense, deixando o leitor ansioso e curioso em relação ao que virá a acontecer. Ansioso, porém ciente da imprevisibilidade típica desse tipo de narrativa, que guarda grandes segredos. A quebra de expectativa muito contribui para a construção do enredo e para o desenvolvimento da história. Navegando por sobre os mares, Hawkins é acompanhado por outros personagens tão curiosos e interessantes quanto o jovem grumete: Long John Silver, o cozinheiro; Livesey, o médico; Smollet, o capitão da Hispaniola - navio em que partiram, entre outros. Os personagens são emblemáticos e contraditórios, cruéis e valentes, características que inspiraram, por exemplo, a figura de Jack Sparrow em Piratas do Caribe. Lembrei-me também do Capitão Gancho. Enfim, não vou me delongar em tais questões, pois haveria muito a falar sobre a influência desta obra de Stevenson em uma gama de outras narrativas. A edição que eu li é da FTD, publicada em 2016, e vem acompanhada de um almanaque que traz mais informações sobre a vida do autor, o contexto, etc.
É interessante observar que este livro dialoga com as narrativas de viagem; a carta de Pero Vaz de Caminha é um exemplo do gênero. A partir do capítulo 10, Jim Hawkins, narrador-personagem, começa a fazer o famoso "relato de viagem", prática muito comum entre marinheiros, navegadores e viajantes, os quais descreviam, em cartas ou diários de bordo, as suas experiências e aventuras, os lugares pelos quais passavam, suas características, etc. Isso justifica as descrições pormenorizadas das paisagens, do navio e dos sujeitos que nele estavam cumprindo funções específicas - isso me incomodou ao longo da leitura, uma vez que o "vocabulário do mar" e a anatomia do navio não me é familiar. Então, senti-me um tanto deslocada quando li trechos como "A escuna estava com a vela principal e duas bujarronas desfraldadas ao vento." (p. 204). Vale a pena buscar um dicionário para ampliar a compreensão de alguns momentos. Ainda assim, a experiência foi positiva, vibrante e emocionante. Senti-me no universo dos mares, a bordo da lustrosa Hispaniola. Recomendo a leitura!
"Yo-ho-ho , e uma garrafa de rum."