Jornalistas destrincham um dos maiores esquemas de pirâmide financeira da história do Brasil
Flanelinha, garçom, pastor, faraó dos bitcoins. Este poderia ser o currículo resumido de Glaidson Acácio dos Santos. A versão estendida, contudo, incluiria as origens humildes na Cidade de Deus, favela do Rio de Janeiro, a entrada na Igreja Universal do Reino de Deus e o encontro que mudaria seu destino: o casamento com a venezuelana Mirelis Yoseline Diaz Zerpa. Juntos, Glaidson e Mirelis montaram um dos maiores esquemas de pirâmide financeira já vistos no país, responsável por movimentar 38 bilhões de reais, entre 2015 e 2021, e ludibriar ao menos 89 mil pessoas.
A união da expertise no mercado de criptomoedas da discreta Mirelis — que já havia aplicado golpe semelhante na Venezuela — com o carisma e as conexões de Glaidson no universo das igrejas que pregam a “teologia da prosperidade” mostrou-se uma combinação perfeita. Atraídos pela garantia de juros mensais de 10%, os irmãos de fé da Universal deixaram de pagar o dízimo e passaram a investir no negócio do Faraó. Alguns aplicaram todas as economias, em um movimento que se espalhou pela Região dos Lagos fluminense e, depois, por todo o país.
Após três anos de investigação, os premiados jornalistas Chico Otavio e Isabela Palmeira narram neste livro a ascensão e queda vertiginosas de Glaidson e Mirelis (atualmente presos) — da pobreza à riqueza; da ostentação às acusações de crimes contra o sistema financeiro, organização criminosa, lavagem de dinheiro e homicídio. Além de expor os bastidores do golpe, Queda livre escancara como a mistura de fé, ambição e ganância foi capaz de destruir milhares de famílias pobres e dezenas de celebridades ricas, todos atraídos pela tentação do lucro fácil.
Literatura Brasileira / Não-ficção