Hoje Nixapur é uma cidade modesta situada no nordeste do Irã, mas há cerca de mil anos ela era uma das maiores cidades do mundo, sendo um ponto importante da famosa Rota da Seda. Na época, em meio aos impérios persas, nela nasceu e morreu um cientista, astrônomo e matemático chamado Omar Khayyam. Dizem que também foi poeta, e teria nos deixado centenas de poemas compostos por quatro versos – os rubaiyat, plural de rubai (poema em quarteto). Muitos séculos depois, tais versos foram transpostos ao inglês por um poeta de ascendência irlandesa chamado Edward FitzGerald, que foi o grande responsável por tornar o Rubaiyat de Omar Khayyam célebre em todo o Ocidente.
Em suas versões portuguesas, o Rubaiyat recebeu o epíteto de “Odes ao vinho”, pelo simples fato da bebida ser muito celebrada em suas quadras. No entanto, até hoje persiste o debate acerca do significado desse vinho, e do Rubaiyat como um todo: uns dizem que se trata de vinho literal, e estes classificam a obra como agnóstica e hedonista; mas há tantos outros que afirmam que se trata do vinho “que não se colhe da videira”, de uma metáfora das experiências místicas do sufismo (o misticismo do Islã), e esses incluem a obra de Khayyam entre os grandes poemas místicos da humanidade.
Quem sabe o Rubaiyat possa ser lido das duas formas; talvez caiba somente a quem lê, a quem interpreta e mergulha na profundidade de seus versos, dizer, sentir do que eles se tratam. Um brinde a vida, e outro brinde a morte: bem-vindo ao Rubaiyat de Omar Khayyam.
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