A imagem de uma Terra velha de alguns bilhões de anos, onde a história humana é apenas um grão de areia numa praia extensa, não é uma idéia tão trivial como pode parecer hoje. Ao contrário, foi uma grande descoberta, que se impôs às consciências a partir do século XVII. Não se trata, porém, como se lê nos livros de história da geologia, de uma vitória da ciência empírica sobre as vãs especulações metafísicas e teológicas. Stephen J. Gould desfaz com habilidade esse mito, mostrando como duas metáforas do tempo - a seta e o ciclo - estavam no centro e na origem desta descoberta do "tempo profundo".