SOMNIUM é uma publicação oficial on-line do CLFC - Clube de Leitores de Ficção Científica - Brasil (www.clfc.com.br) SOBRE A EDIÇÃO 110, novembro de 2014: Não há como pensar em ficção científica sem lembrar primordialmente de Isaac Asimov. Carinhosamente chamado pelos fãs de “O Bom Doutor”, ele é uma das referências máximas deste gênero literário, e não apenas entre os leitores, mas também para outros autores de reconhecido talento, que há décadas têm se inspirado em suas ideias originais.
Com uma extensa bibliografia, que inclui contos, novelas e romances, além de vários artigos científicos e trabalhos como organizador de antologias, Asimov traz em seu currículo a prova irrefutável de que a união de qualidade e quantidade é possível. Seus festejados trabalhos, seja como autor de ficções literárias, ou então no valioso ofício de divulgador do conhecimento (o que fez em várias áreas do saber), sobrevivem incólumes à passagem do tempo. Mais do que isso: o Bom Doutor não cessa de conquistar novos admiradores. Aliás, muitos jovens leitores são apresentados à ficção científica por intermédio de suas obras.
É, portanto, com imenso orgulho que o fanzine Somnium presta esta homenagem a Isaac Asimov. É claro que não se pretende aqui tecer comentários sobre toda sua produção (trabalho que, ademais, se revelaria sempre incompleto, por mais que nos esforçássemos). Trata-se apenas de uma maneira de expressar nossa gratidão pelo majestoso legado que Asimov nos deixou e, quem sabe, instigar a curiosidade dos leitores acerca de algumas obras do Bom Doutor que talvez ainda não conheçam.
Apesar do escopo singelo desta edição, creio que conseguiremos mostrar com eficiência o caráter multifacetário do talento de Asimov. O leitor terá acesso a comentários e/ou resenhas de publicações famosas, e, em contrapartida, a apontamentos sobre obras de ficção menos conhecidas (como Azazel, trabalho que nos remete à veia humorística do Bom Doutor), além de considerações acerca de alguns trabalhos de não ficção.
A arte de capa – intitulada Edith & Timmie – é uma criação de Marcelo Bighetti e foi inspirada no conto O Garotinho Feio, publicado originariamente em 1958 sob o título Lastborn (no ano seguinte, recebeu a tradicional denominação “The Ugly Little Boy”) e lançado no Brasil por intermédio da coletânea Sonhos de Robô. Aliás, na opinião de muitos, um dos textos mais arrebatadores de Asimov, provavelmente por ter o mérito de conseguir, de forma simultânea e com igual eficiência, instigar as mentes científicas e encantar pela carga emocional.
Os textos (e respectivos autores) que apresentaremos para homenageá-lo são os seguintes:
• Isaac Asimov: entre robôs, impérios galácticos e outros mundos (Marcello Simão Branco);
• 827 Era Galáctica (Daniel Borba)
• Volta de um clássico ao Brasil – Trilogia Fundação (Marcello Simão Branco);
• Isaac Asimov e os Legados quase Caóticos de sua Obra- Trilogia Pós-Foundation (Ricardo França);
• Caça aos Robôs (Marcelo Bighetti);
• Os Próprios Deuses (Ricardo Guilherme dos Santos);
• O Fim da Eternidade (Dario Andrade);
• Azazel (Daniel Borba);
• Isaac Asimov: obra ensaística (Edgar Indalecio Smaniotto)
Por outro lado, o Somnium não pode ficar sem os tradicionais contos. Eles antecederão a homenagem a Isaac Asimov. Segue uma breve apresentação deles:
Do Mar (Fred Oliveira): O professor Júlio é um dos sobreviventes ao Dia. Ele está em busca de equilíbrio em meio ao caos de sua mente e de todo o ambiente ao seu redor. O cenário pós-apocalíptico expõe graves flagelos sociais e indica que há outros à espreita, dentre eles algo que pode não ser deste mundo. Tudo que resta a Júlio é a luta pela sua sobrevivência (e a de quem mais conseguir proteger), enquanto ainda lhe remanescerem forças. Em meio aos suplícios, fica a questão: quem será o verdadeiro inimigo?
Insone (Octávio Aragão): A pausa para o café traz à tona lembranças de momentos que marcaram a existência do Insone. Vivenciando a tensão que antecede o clímax do projeto que chefia, ele se questiona. Que tipo de pessoa teria se tornado? A criança, o jovem e o adulto, um único ser, agora num momento de contrariedade e reflexão. De tormenta. O que o estaria deixando tão apreensivo? Talvez, a preocupação com algo que parecia inquietar muito também a mente do autor homenageado nesta edição.
A Máquina dos Sonhos (João Solimeo): O drama do escritor atormentado pela ausência de novas inspirações. Embora desperte rotineiramente com a lembrança de ter sonhado com uma ideia genial, ela sempre lhe escapa da mente antes que consiga transcrevê-la. Quando o dilema parecia não ter solução, eis que surge a notícia da fantástica máquina criada pelo Dr. Alptraum, que seria capaz de gravar sonhos. Poderia ser apenas uma engenhoca de um cientista maluco. Ou, quem sabe, uma verdadeira maravilha tecnológica.
Estranhas no Paraíso (Jorge Luiz Calife): Uma lágrima de fogo caiu do céu, abrindo uma clareira na floresta de Kellyni, sul de Eloh. Liana, a mais sábia das themis (fadas, para os forasteiros), decide investigar o estranho acontecimento. Na região da queda, ela se depara com uma bela mulher chamada Angela, acompanhada por uma graciosa garota que estava à procura de dragões azuis. Para surpresa de Liana, ambas vinham de outro universo. Elas estavam prestes a viver uma grande aventura. Uma visita de Calife ao universo Hegemonia, criado por Clinton Davisson.
A Lista: A Última Supernova (Renato A. Azevedo): O universo agonizava. A vida na Terra era sustentada pela insuficiente energia de um buraco negro, o que condenava os humanos a uma hibernação. Ysaac Vergne era uma das poucas pessoas liberadas desta obrigação. Ele teve acesso a uma antiga teoria científica, a partir da qual vislumbrou a possibilidade de comunicação entre habitantes de realidades paralelas e, possivelmente, de se efetuar troca de matéria entre elas. “A Lista”, um fórum transdimensional, passou a representar uma grande esperança para a humanidade. Talvez a última.
Dio, come ti ho amato! (Amanda Reznor): Ada, uma modelo italiana, casou-se com um rico polonês. Juntos, passaram a habitar uma grande e luxuosa casa na região rural da Polônia. O cenário parecia ideal para o início de um período de grande felicidade. Parecia. Ada logo começa a experimentar um grande incômodo, a vivenciar, entre o sono e a vigília, estranhos e terríveis acontecimentos. Apenas alucinações? Da felicidade à desconfiança, da luxúria ao medo. Preparem-se: uma aura de terror tenta vir à tona. Ela poderá invadir o nosso Somnium. E não apenas ele.
10 Opções (Marcelo Bighetti): O dilema de uma máquina diante do processo de aquisição de autoconsciência. Uma nova realidade, muito mais complexa daquela a que seus processadores se habituaram a conhecer, começa a ser detectada. O despertar da curiosidade e a fascinação diante da possibilidade de tomar decisões, mesclados à apreensão frente ao desconhecido. Ter consciência da própria existência e da realidade resulta na faculdade de fazer suas próprias escolhas. Um poder-dever, que deve implicar na compreensão de que cada opção gerará consequências.
Nas Sombras da Loucura (Roberta Spindler): Para desconfiança do Dr. Augusto Pereira, o misterioso Wesley Levy recebe a visita de alguém que se apresentou como médico da família. Um homem de aparência desleixada e suspeita, que decidira aparecer no sanatório em plena madrugada. Obedecendo a uma – igualmente suspeita – determinação superior, Augusto permite a entrada do sujeito no estabelecimento, mas decide alertá-lo acerca das esquisitices de Wesley e sugere um adiamento da visita. Entretanto, talvez o encontro do médico com o paciente seja inadiável.
Após a homenagem a Asimov, teremos a parte 3 desta edição, composta por uma resenha de um clássico de Vernor Vinge não lançado no Brasil (texto de Fred Oliveira), além da estreia no Somnium da coluna Observatório da literatura especulativa brasileira, bem como da análise dos episódios 848, 849 e 850 de Perry Rhodan (textos de Edgar Indalecio Smaniotto).
Ficção científica