Crianças são imaginativas, isso não há como negar. Durante nosso processo de descoberta do mundo, tendemos a criar imagens para tudo. E com a religião não é diferente. Quem recebeu uma educação cristã, como a maioria das pessoas no Brasil e em Portugal, não conseguia imaginar Deus sem criar uma imagem Dele. Acredita-se que a mais comum do universo infantil seja aquela de um senhor barbudo (às vezes calvo) que observa todos os nosso atos, aprovando-os quando bons e castigando-os quando maus.
É a partir desta figura – tão nostálgica e comum a todos – que Carlos Ruas decide fazer humor. Antes de dedicar-se aos cartuns, o autor fez teatro e trabalhou como palhaço, mas acabou formando-se em Desenho Industrial. Após a graduação, elaborou a arte gráfica de projetos em geral, mas nada de tiras. “No Brasil, poucos conseguem viver de tiras e era claro que eu não seria um deles”, disse-nos em uma conversa por e-mail.
Porém, um dia a inspiração inicial chegou. Durante encontros com os amigos em bares, Carlos percebeu possuir certo tino para fazer humor com questões religiosas: “Todos riam, então pensei... Por que não criar um quadrinho nesse tema?”.