Inspirado na versão em inglês de Os sertões, o escritor húngaro publicou em 1970, no Canadá, este romance que une a Canudos do final do século XIX à contemporaneidade. A prosa potente, belíssima, torna antológicas as últimas horas da luta, a morte do Conselheiro e o interrogatório da prisioneira.
O escritor húngaro Sándor Márai chegou ao final de Os sertões, de Euclides da Cunha, entre exausto e extasiado. Fascinado pela história do combate entre as forças republicanas e o arraial de Antônio Conselheiro, no sertão da Bahia, decidiu escrever o que ele acreditava ter ficado "de fora" do livro. Como ele mesmo declarou, depois de ter finalizado sua leitura, era como se tivesse estado no Brasil.
Veredicto em Canudos é fruto desse ímpeto criativo que atingiu Márai. Escrito no final dos anos 60 a partir da leitura da tradução inglesa de Os sertões, o livro foi publicado em húngaro no Canadá, em 1970. O romance conta a história de um ex-cabo do Exército brasileiro que relembra, meio século depois, o dia em que as forças do governo arrasaram o arraial do Conselheiro. As questões que Márai levanta são de uma atualidade surpreendente, como a dificuldade em discernir de que lado estão a civilização e a barbárie quando um combate apaga as fronteiras entre o bem e o mal, massacrando o lado mais fraco.
Como observa o romancista Milton Hatoum, que assina a orelha do livro, "esse Veredicto é ao mesmo tempo um alento e um desafio, pois o impossível é a única coisa em que vale a pena acreditar".
Literatura Estrangeira / Romance