Através do olhar sensível da poetisa, elementos do cotidiano ganham plurissignificados: o tempo é relativo, a lua é fascinante e parceira, a água inebria, a chuva toca a consciência, a cor secundária torna-se estrela alaranjando, diferenciando-se, fazendo-se perceber. O olhar que desnuda o cotidiano, aprofunda-se e mergulha em re exões e críticas. Mas sua identidade é composta de fé, de delicadeza, de sensibilidade: "Bruta como a rocha/frágil como flor..." A palavra é arma: o duelo é justo! No movimento doce da caneta deslizando no papel, os sonhos vão sendo revelados: tudo se torna absolutamente real. A fragilidade e a fortaleza que compõem e norteiam o suspiro da inspiração latente e de beleza primitiva, natural vêm da composição familiar. Cada escolha no jogo de palavras revela, entre as cortinas que cobrem os raios de sol, o encantamento da infância, o correr dos dias em companhia de uma vasta equipe fraterna, de um casal banhado a alfazema, quintal com aroma de cajá, fins de semana catando pedrinhas, com bênçãos ao entardecer. Obra sedutora em sua organização, com poesias ricas em objetividade subjetiva. É uma leitura fluente que requer releitura as entrelinhas, dos detalhes e sutilezas que saltam aos olhos perspicazes e atentos. Enfim, ao vestir-se de si mesma, traduziu sentimentos universais em doces palavras que podem e devem ser saboreadas e degustadas num misto de pureza e reflexão.
Poemas, poesias