No dia 18 de julho de 1956, os donos de uma fazenda da província espanhola de Toledo se preparam para o ritual que, todo ano, repete a cena do assassinato do irmão caçula, exatos vinte anos atrás, quando se iniciava a guerra civil espanhola. Entre os convidados para a cerimônia há um historiador americano e um delegado de polícia que anda no rastro de um comunista chamado Federico Sánchez - não por acaso, a identidade com que o comunista Jorge Semprún vivia clandestinamente na Espanha dos anos 50, num dos muitos lances autobiográficos do livro.
Por motivos diferentes, o historiador e o delegado têm interesse em investigar a história recente da família, sobretudo a vida de Mercedes Pombo, a bela e misteriosa viúva. Durante o jantar, descobre-se que muitos convivas têm algo a ver com o quadro Judite e Holofernes, de Artemisia Gentileschi. A cena reproduzida por essa pintora do século XVII é a degolação do general assírio pela virgem Judite. É uma pintura que transpira violência e serenidade, brutalidade e erotismo, tal como as relações secretas de Mercedes com sua governanta, com o cunhado e o casal de filhos gêmeos. Num vaivém entre os diversos tempos em que se passa a ação do romance e entre as versões de cada um vão se juntando as peças de um quebra-cabeça que, uma vez montado, desvenda as origens da comemoração expiatória.
Literatura Estrangeira / Romance