Seixas Dória não será certamente o único réu sem crime punido pelo processo militar que se instalou no Brasil a partir de 1964. Mas seu caso é singular, na medida em que por ele se dava início de maneira chocante a uma interminável série de injustiças e violências cometidas contra nossos homens públicos, na maioria honrados e patriotas. Todos se lembram que na primeira madrugada do movimento de março, o então governador de Sergipe foi capturado no Palácio Olympio Campos por patrulhas armadas, conduzido à prisão na Bahia e deslocado para Fernando de Noronha, onde permaneceu por alguns meses na companhia de outro governador da época. Seu companheiro de ilha e de prisão era Miguel Arraes. O que se verificou com eles não foi somente o desrespeito a um mandato conquistado nas urnas, não foi apenas a agressão moral, mas a afronta aos mais elementares direitos de um cidadão O depoimento de Seixas Dória em linguagem simples e direta, é uma página incorporada à crônica de um período sombrio da vida brasileira.