Beatriz B. 01/04/2014Acolhedor como o inverno.Sinceramente, eu ainda não sei como começar essa resenha. Assim como não sei porquê demorei todo esse tempo para começar essa trilogia. Talvez com um "Ignore esse abençoado que colocou na capa a pior frase para quem quer vender "Se você é fã de Crepúsculo, vai amar Calafrio". E de partir qualquer coração, além de dar vontade de partir a cara de uma pessoa dessas. Sério, gente, só reparei nisso agora. Se você é capaz de ser fã de Crepúsculo, então vai gostar de qualquer coisa (sem mimimi's). Anyway, depois de estragar o primeiro parágrafo, (não mais do que já estragaram a capa, repito outra vez), vamos ver se consigo melhorar isso durante a resenha.
A leitura me emocionou de um jeito sem igual. Eu ainda posso imaginar com detalhes boa parte das descrições e se eu me concentrar de olhos fechados, posso até reviver todos os diálogos acontecendo na minha frente. De todas as resenhas que li tentando explicar a magia profunda desse livro, é uma coisa que só dá para entender quando você começa a ler. E neste momento estou com medo de que esse medo supere toda a vontade de escrever sobre esse livro, MAS TENHO DE SEGUIR EM FRENTE, porque ficar parada só vai fazer a primeira opção ganhar, e não queremos isso. (Vocês talvez, mas eu não).
Grace mora em uma cidade pequena e única. O motivo? A alcateia especial que só habita aquela região. E ela se difere das pessoas por ter sido salva de um ataque de lobo por um do bando, com peculiares olhos amarelos. Desde aquele dia, há 6 anos atrás, Grace tem observado de longe as mudanças da alcateia, sempre procurando seu lobo de olhos amarelos e sempre tentando entender o porquê de eles desaparecem no verão e só voltarem quando as temperaturas caem, no inicio do inverno.
Sam é um dos lobos e faz parte da alcateia desde que era criança, quando foi mordido. Durante as estações quentes do ano, ele cresceu como um menino, lendo livros e compondo músicas mentalmente, mas quando as temperaturas baixam, ele se junta ao bando para caçar enquanto a neve cai. Desde que salvou Grace, ele a tem observado quando está sob forma de lobo, lembrando apenas de seu cheiro. E quando vira humano outra vez, torce para que seja nesse verão que ela olhará nos seus olhos amarelados e o reconheça. Falar para qualquer outra pessoa o segredo do bando é absolutamente proibido.
Mais um inverno se aproxima e com ele a chance de poder observar seu lobo. Ou sua garota. Até surgir a notícia de que um menino da escola foi morto por ação dos lobos e Grace vê a indignação crescer por toda cidade. Ela não pode suportar a ideia de caçadores indo atrás do seu bando, do seu lobo. Até que TCHARAN, algum incidente acontece, e Sam vai parar sangrando na porta da casa de Grace, sob forma humana (acho que você já podem deduzir o que foi, cierto?). Depois de todo o auê, Sam passa a morar escondido na casa de Grace, onde eles finalmente começam a se conhecer melhor, mesmo que em 6 anos de obervação fez Sam saber mais sobre Grace do que os pais dela jamais se importaram em saber.
O enredo básico é isso. A partir dai que toda mágica se desenrola. A narração da história é dividida entre Grace e Sam e desse modo PERFEITO conhecemos os pensamentos de ambos, enquanto eles desejam saber o pensamento um do outro. Eu gostei muito desse tipo de divisão, o único livro que li também nesse estilo foi As Crônicas dos Kane, mas é diferente quando as duas pessoas não são irmãos, há menos xingamentos.
Para quem tem preconceito com Young Adults, vulgo eu, este aqui me conquistou ainda mais por ser livre de reclamações. Sabe, toda aquela história de "Será que ele/ela me ama?", o xororó de quando ele/ela vai embora, as descrições monótonas de como "eu não consigo viver em ele", sem contar quando inventam um triângulo amoroso no meio MAIS DO QUE DESNECESSÁRIO? (Sim, isso começou como uma pergunta, mas terminou como afirmação, não procure sentido em mim, nunca tive).
Pois bem, esse livro não tem NADA disso. Por mais que a história gire ao redor de Grace e Sam (vamos combinar que até a combinação dos nomes soa perfeito. O livro não se concentra totalmente neles. Há as histórias paralelas de cada lobo que forma a alcateia, e você entende que todos são humanos, seja por dentro ou durante certa parte do ano. Não é apenas o local criado só para citar de onde a autora tirou o mocinho, há toda uma mini-mitologia em volta. E, pelos deuses, não confundam com lobisomem. Enquanto o grupo está sob forma de lobos, eles SÃO lobos; pensam e agem seguindo os extintos de um. Ignorem o que Meyer disse para vocês, (faça como eu, finja que ela nem existe). Apesar quando voltam a ser humanos eles podem raciocinar como tais novamente.
No começo,a transformação dos lobos recém mordidos é instável e inconstante, mas a cada ano que passa é preciso uma temperatura cada vez mais elevada para poder se transformar em humano, até que chega um momento que ele se torna um eterno lobo. Isso deu um toque de adrenalina a mais na luta para manter Sam sempre aquecido para não se transformar em lobo mesmo faltando poucas semanas para o inverno, afinal, esse é o o último ano que poderá se transformar em humano, e cada segundo Grace é valioso.
Mesmo humanos, quem é mordido permanece com algum traço do lobo dentro de si. E mesmo Grace nunca tendo se transformado, ela carrega isso consigo. Sam, obviamente, também. Isso gerou momentos EXTREMAMENTE FOFOS, pois aonde quer que estejam, um sempre sabe sabe quando o outro aparece, simplesmente pelo cheiro. Grace sentindo o cheiro de Sam ao seu lado passava a sensação de segurança e o cheiro de Grace era a única coisa mais próxima de uma lembrança que Sam pôde carregar enquanto era lobo (Eu já disse isso? Nevermind, é tão fofo que vale a pena ver de novo repetir). Além da audição aguçada, claro. E se você isso estranho, então nunca tenha um cachorro, oras. (Muito menos um lobo/macho te esperando todo verão e te observando no inverno).
Li comentários dizendo que a narrativa era poética e essa autora, a Maggie, ser conhecida por fazer personagens femininos "mais fortes" que os masculinos. Well, eu achei a narrativa encantadora, envolvente, do tipo que te captura e lhe dá cada vez mais motivos para se apaixonar por ela. (Ou simplesmente fale "arrebatadora" de uma vez). Já quanto aos personagens: Grace é uma garota independente por ter convivido com pais irresponsáveis a vida toda. Ela simplesmente sabe como se virar sozinha. Como Sam a descreve "My lovely summer girl." Além de sua preferencia por matérias exatas, alegando que nunca soube lidar com palavras.
Já Sam viveu um drama um tanto mais pesados com seus pais. Ele teve de abandoná-los por ter virado um lobo e seus pais o consideraram uma aberração. Sam cresceu adquirindo gosto por poemas e compondo músicas, além de conciliar os instintos selvagens que nunca pararam de habitá-lo. Ele simplesmente é mais sensível quanto sua percepção do mundo. Ou como Grace o descreve "Lindo e triste ao mesmo tempo".
Posso tagarelar em forma de palavras (pois na vida real meu modo túmulo não permite), o quanto conseguir, mas aquela típica sensação de "não ter como explicar porque amou um livro", algo que Só Leitores Sabem, nunca deixaria de reinar. As emoções que florescem durante a leitura, e o plano de fundo envolvendo inverno e natal é perfeito, assim como os lobos que são criaturas lindas e misteriosas. Difíceis de serem explicados, assim como o encantamento que se livro lançou em mim (Avada Kedavra para quem rir).
site:
http://soleitoressabem.blogspot.com.br/2014/02/livros-entre-linhas-calafrio.html