vinnycordeiro 16/07/2020O mais desenvolvido dos Grande Contos da Primeira Era(Evitei dar spoilers nesta resenha, o único acontecimento substancial que revelo acontece logo no início do livro e não considero como um spoiler, mas fica o aviso de qualquer forma.)
Todo leitor hardcore de Tolkien sabe que existem três contos centrais que definem os chamados Dias Antigos da Terra-média, a Primeira Era. São eles (em ordem cronológica dos acontecimentos na história interna): "A Balada de Leithian", contando a história de Beren e Lúthien; o "Narn i Chîn Húrin", que traduzido do Sindarin quer dizer "O Conto dos Filhos de Húrin", tema deste livro; e "A Queda de Gondolin", contando sobre os últimos tempos do principal reino Élfico de Beleriand, em sua luta desesperada contra Morgoth. Os três possuem livros independentes, mas apenas Os Filhos de Húrin possui material suficiente para que fosse publicado como uma história contínua, sem adições editoriais. Os outros dois possuem um quê mais acadêmico, por causa da necessária análise das diferentes versões escritas por J. R. R. Tolkien: o volume escrito, comparativamente ao Narn, é substancialmente menor.
"Os Filhos de Húrin" conta a história de Túrin Turambar, primogênito de Húrin Thalion, e Niënor, sua segunda filha (Urwen Lalaith, a primeira filha, morre criança ainda bem no começo do livro), afetados pela maldição que Morgoth impôs a seu pai por causa de seu desafio e insolência após ser capturado, com o foco primordialmente voltado em Túrin. Tolkien bebeu de diversas fontes mitológicas para este conto, em especial as histórias de Sigurd (também conhecido como Siegfried) e o dragão Fafnir, de Beowulf, e de histórias da Kalevala finlandesa, com algumas pitadas do pensamento/moralismo cristão, tão caro a ele.
Dos Grandes Contos, este é o que fala mais profundamente para mim, talvez por ser a única tragédia dentre os três: Beren e Lúthien é o mais belo, apesar de conter certa tristeza; e A Queda de Gondolin, apesar de seu final violento, possui em seu fim uma pitada de esperança: um grande número de habitantes da cidade consegue fugir, dentre eles um menino de 7 anos chamado Eärendil. Mas estas são histórias de outros livros... 😉