ju.aguiar 23/01/2024
Envolvente, com prazer.
Se você for julgar o livro pelo título provavelmente irá deixar escapar um bela imersão no mundo dos Sikhs que vivem em Southall, Londres. Não que o título seja ruim, de jeito nenhum, mas porque estamos mergulhados numa sociedade pudica na qual palavras como erótico e viúvas não deveriam ser usadas numa mesma frase.
Dentro do gurdwara, templo relogioso dos Sikh, a generosidade das refeições servidas para quem desejar no langar entra em conflito com a maledicência das fofocas. Tão humana quanto uma religião pode ser, a paz pregada pelos Sikh não atinge muitas das mulheres que se sentem perseguidas pelos fanáticos chamados de Irmãos.
Adentrar o universo dos casamentos arranjados e suas consequências é tão estarrecedor quanto conhecer o lugar relegado às viúvas naquela sociedade. Elas devem se vestir com roupas diferentes para viver todos os dias o luto do esposo que se foi. Não basta a dor (ou alívio) da perda, o luto deve estar presente como um lembrete de que já foram alguém enquanto eram esposas.
Deixá-las falar, ouvi-las e registrar suas histórias foram os atos mais corajosos de Nikki. Ao mesmo tempo que essas mulheres, as viúvas, resgatavam a si mesmas do auto esquecimento, Nikki ia se encontrando em seu turbilhão de emoções.
Recomendo a leitura, é claro. A diversão, o aprendizado e o prazer que encontrei nestas páginas foram gratificantes. Nikki, Kulwinder, Maya e as viúvas (Sheena entre elas) me levaram a conhecer mais sobre a Índia, mais sobre Londres, mais sobre uma cultura tão diferente da minha em muitos aspectos e tão próxima em outros.