Jorlaíne 22/07/2024
"Psicanaliticamente,este poema é a obra prima de um maníaco"
"Eu te amava. Não passava de um monstro pentápode, mas te amava. Fui desprezível e brutal, e torpe, e tudo o mais, mais je t?aimais, je t?aimais! E houve momentos em que eu sabia como te sentias, e a consciência disso era um inferno, minha pequena. Garota Lolita, brava Dolly Schiller."
Este livro é sobre pedofilia. É sobre entender a mente de um maníaco.
É sobre, principalmente,entender como uma pessoa consegue ser tão manipuladora.
As cinco estrelas aqui vão para um narrador sagaz que faz com que nós leitores fiquemos vigilantes em cada página para não sermos enganados,enrolados e manipulados por ele.
O ponto de vista da narrativa é em 1a pessoa. Assim, temos, muitas vezes, um homem de meia idade, professor e pedófilo tentando manipular o leitor a entender seus crimes como ato de amor, mas ao mesmo tempo, ele tinha consciência de que era um monstro:
"Eu seria um canalha se dissesse, e o leitor um idiota se acreditasse, que o choque da perda de Lolita me curara da pederose. Não havia meio de modificar minha natureza maldita, qualquer que fosse o desfecho do meu amor por ela."
Por mais que as falas de Lolita sejam escassas, conseguimos compreender por elas, o quanto ela sofreu por ter apenas ele como tutor após ficar órfã. Sentimos vontade de matar o narrador com as nossas próprias mãos. Sentimos vontade de entrar na narrativa e salvar a menina de 12 anos. Sentimos vontade de chorar por saber que isso acontece todos os dias.
O livro não é uma apologia ao crime, muito pelo contrário, é um alerta para que fiquemos atentos em quem pode ser esse criminoso. Eles normalmente estão por perto, principalmente na família.
É uma obra crítica, dura, difícil, ardilosa e cruel, mas é uma obra prima, extremamente bem escrita.
Agora eu entendi por que é um clássico!