Lendário Tchonsky 18/11/2022
Quincas Borna
Na minha opinião, esse é o melhor livro de Machado. “Ah, mas Dom Casmurro...” Falam em Casmurro, por não terem lido os outros. A título de comparação, quando se lê o início de Casmurro, você tem uma ideia do que pode acontecer no final, e quando você lê Quincas Borba, você acha que tem uma ideia do que vai acontecer no final, mas e aí que o mundo gira. Machado fez algo que até então não tinha lido, uma reviravolta, que ao mesmo tempo dava para prever (ao mesmo tempo que não dava).
Primeiro que ele já puxa a orelha, se quer conhecer Quincas Borba, leia Memórias Póstumas de Brás Cubas. A genialidade está em colocar o nome de Quincas Borba em um cachorro para contar a história do amigo de Quincas que fica com sua fortuna. E Rubião, o amigo agora rico, sabe ser rico. Porém não sabe se apaixonar, ou sabe, mas pela pessoa errada. E quando parece que agora achou o caminho, a pessoa se casa com outro e o amor da vida dele não abandona o marido. Sim, só lendo para entender todo esse vai e vem. E o cachorro? É graças ao cachorro que ele é rico, e ele tem que ficar vivo para não perder o dinheiro. Claro que se ele fugisse ou morresse por causas naturais estaria, de certa forma, tranquilo. Mas o cachorro não morre nem foge. E depois de tudo, o cachorro ainda vira um aliado nas conversas, pois parece que o Quincas Borba humano está em alma no Quincas Borba cachorro.
Ler Machado é tentar ler nas entrelinhas o que ele quer dizer com aquilo tudo. Em Memórias Póstumas, Quincas é um filósofo, mas louco, pobre sem ter onde cair morto. Mas em Quincas ele é rico e tem uma filosofia própria. E tem seguidores pela sua Humanista (filosofia) e depois de morrer, o cachorro assume seu nome para não esquecerem dele. E Rubião se torna rico, mas pobre de espírito, e essa pobreza atinge todo o seu ser. Te incentivo a ler mais o genial Machado de Assis
site: https://youtu.be/Y_F84_8dhKI