spoiler visualizarCakola 08/03/2021
Ainda estou digerindo tudo o que eu li... Uma obra pra refletir.
A história conta sobre Holly e Jules, duas amigas de longa data, que apesar de diferentes, se complementam de um jeito único. Sempre unidas, elas incentivam uma a outra e sempre estão presente nos momentos bons e ruins.
No entanto, sua amizade é posta a prova quando Saffie (filha de Jules) faz uma denúncia grave sobre Saul (filho de Holly), mudando toda a dinâmica desta amizade e fazendo com que elas - e todos a sua volta - entrem em conflitos complexos e mostrem o pior de si mesmos.
Alternado entre a visão de Holly e Jules, o livro traz questionamentos e reflexões profundas e verdadeiras, provando o peso que simples palavras têm na vida do outro.
Se você ainda não leu, recomendo muito. Se já, seguem mais algumas reflexões, desta vez com spoilers:
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ALERTA DE SPOILER
1. Apesar de não gostar da atitude de Holly (uma grande ativista sobre consentimento sexual) perante a acusação de estupro do seu filho a uma garota (criança), eu achei sua reação muito verdadeira. Isso porque uma mãe nunca quer acreditar que seu filho seja capaz de cometer qualquer crime, ainda mais um tão horrível quanto o estupro de uma criança. Sua atitude só mostrou o quanto ela é humana e falível e todos os seus sentimentos só me fizeram ter mais empatia por ela ao decorrer das páginas.
2. Não apenas a Holly, mas a construção da linha de pensamento que a autora traz da Jules, da Saffie e do Saul é totalmente humana e complexa. Conseguimos sentir toda a angústia, raiva, dor, dúvidas e etc de cada um - mesmo que os filhos não tenham capítulos próprios e sejam representado pela visão das mães. Dava vontade de abraçar cada um só pra acolher a cada momento de dor que eles vivenciavam.
3. Eu ainda estou pensando na Saffie e o quanto deve ter sido difícil para ela lutar com o desenrolar de toda a historia: o estupro, o medo, a falsa acusação, as consequências de suas palavras e o sentimento de culpa crescente. Lidar com este trauma será muito doloroso e difícil (sim, eu sei que ela é só uma personagem, mas fico pensando mesmo assim). Não tenho nem palavras pra descrever... Parafraseando o próprio livro: "(...)minhas palavras parecem absolutamente inadequadas, como se o dicionário que a gente conhece não desse conta do arrependimento que eu sinto vontade de expressar". Pg. 395.
4. Por fim, odieeeeeeei que a Jules ficou com o Rowan no final. Mesmo que ele tenha buscado se redimir, ele sempre foi um escroto preconceituoso e preguiçoso, que foi mandado embora e ficou lá de boa, jogando golfe, bebendo no pub, querendo reformar a casa...as procurar emprego que é bom, nada... Com certeza a Jules merecia coisa melhor! Mas dps de um tempo, refleti sobre o assunto e até que faz sentido ela não querer se separar dele... porque, se analisarmos bem, toda a confusão afetou muito a sua relação com a Holly. Que embora elas tenham se perdoado, é nítido que a relação não é e nem será a mesma. Não só perdeu a amizade de longa data de sua melhor amiga, como também precisa lidar com todas as dores e traumas de sua filha após o incidente. Escolher ficar com o marido pode ter sido uma forma de manter a "normalidade" do seu mundo... uma forma de manter uma "segurança" sobre sua própria realidade....muito complexo e humano. O principal motivo por eu ter me envolvido tanto com esta história!