Laranja Mecânica

Laranja Mecânica Anthony Burgess




Resenhas - Laranja Mecânica


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Vanessa Isis 24/08/2010

Certo. Acho que sou doente. É a única explicação plausível para explicar o tamanho do carinho desenvolvido por Vosso Humilde Narrador, Alex. Tudo me prendeu nessa história, a forma como é escrita, os acontecimentos em si, o jeito que Alex compreende e reage às coisas, o vocabulário utilizado e até a ultraviolência. Minha mais profunda admiração a Anthony Burgess por tamanha criatividade e por uma história tão "horrorshow". Uma ótima pedida para quem está cansado de historinhas comuns.
Tarciso 05/12/2011minha estante
Sim, de doente e Alex todos temos um pouco. Ótimas palavras Vanessa, muito "dobi", é difícil ler laranja e não sentir certo afeto por Alex, Anthony Burgess consegue, miticamente, nos transportar para aquele cenário e logo colhemos uma série de elementos que dão sentido às ações de nosso anti-herói.


Alex BS 20/03/2012minha estante
Também acho Alex o carisma em pessoa! Ele é puro, por mais loucas e depravadas que sejam suas ações. Um dos melhores livros que eu li na vida. É difícil não sair falando como o Alex depois de ler!


3.0.3 31/08/2012minha estante
Há uma certa complexidade inicial na leitura desse livro. Confesso que o deixei de lado por três vezes, pois não conseguia terminar o primeiro capítulo. Mas minha vontade de lê-lo foi bem maior e acabou ganhando (ainda bem), porque logo que eu me habituei a sua linguagem, a leitura fluiu de forma extraordinária. Um ótimo livro, uma obra prima! Somos todos doentes, ó meus irmão.


Guilherme Tomás 04/11/2012minha estante
Se gostar do livro é sinônimo de doença, somos doentes! Mas se amar o livro significa algo ainda pior, tenho más notícias para nós!


Marcia 26/02/2013minha estante
Pelos comentários, não vejo a hora de ler este livro!


Fernanda 28/06/2013minha estante
Também sou viciada em Laranja Mecânica, li o livro, e o filme ilustrou maravilhosamente bem a história! Sou devidamente uma doente também! Sem dúvida, o melhor livro!


Sil 21/03/2014minha estante
Pois acho que sou a única pessoa saudável desses comentários entao rsrs, terminei de ler o livro agora mesmo e posso dizer com todas as minhas forças: eu odeio o Alex, senti raiva dele o tempo todo e ficava feliz quando ele se dava mau. Queria muito que ele e seus "drugues" tivessem um final terrível!!!!! Nada disso aconteceu, para a minha grande tristeza...Porém, como escrito no comentário principal acima: este não é um livro comum.
Isso não significa que não gostei do livro...achei o livro "horrorshow", Burgess foi muito criativo.
Sem mais :)


DanielaPSa 21/03/2014minha estante
Também devo ser doente kkkkk não tem como ter um carinho pelo Alex. Esse livro sem dúvidas tornou-se meu preferido, aquele que mesmo depois de um certo tempo, não o esquecemos.


Cristina 24/10/2015minha estante
Ai que alívio! Pensei que estava sozinha na minha simpatia pelo Alex.
Foi difícil ler o livro no início, tanto pelo Nadsat que me cansou um pouco, quanto pela ultraviolência que me chocou. Mas depois do esforço inicial a leitura começou a fluir e este livro se tornou um dos melhores que li na vida!


Evelin.Lins 01/11/2016minha estante
Adorei a resenha, nunca li o livro e so de ler a sinopse ja me interessei, agora to igual a doente que saiu do hospital maluca por esse livro.
Necessito mesmo, quem tiver e quiser trocar nele to aceitando :`)


Marcos Martins 03/11/2016minha estante
hahaahah somos todos doentes, mas o personagem apresentado pelo escritor é altamente cativante. Porém, acho que o filme peca nisso, no livro a gente consegue ter uma enorme empatia pelo Alex.


srttaherondale 14/06/2020minha estante
mas o personagem é sociopata e estuprador ?


Sil 14/06/2020minha estante
Eu sou a que não amou o Alex, conforme mencionei hehe achei ele bem doentio e a repulsa que senti foi enorme. Mas o livro é incrível demais. Faz 6 anos que li e acredito que esta na hora de uma releitura. Que bom que o skoob notifica a gente de comentarios atuais.


Dari 27/08/2020minha estante
Sil, me senti assim como você. Gostei muito do livro, porém não gostei do Alex. Senti raiva e repulsa dele o tempo inteiro. Torcia pra que ele e seus druguis se dessem mal hahahaha.
Também gostaria que tivessem um final terrível, porém isso não aconteceu kkkkk


Kah 30/12/2020minha estante
Eu ainda estou lendo e até agora sinto o horror das pessoas que são abordadas pela trupr do Alex


Nathan. 18/02/2021minha estante
O Alex é tipo assim horrorshow mesmo, me vem ódio na gúliver da kal total que aqueles vek o fizeram, mas bom saber que virou um bom malthik e deve esta agora em um lugar tipo assim no ague da moda nadsat.


Nathan. 18/02/2021minha estante
Fumando um cancer com novos druguis no auge da moda nadsat*** (Obs: tava incompleto)


Kah 18/02/2021minha estante
Eu não senti nenhuma simpatia pelo Alex queria que ele se ferasse mesmo! Ai que me toquei que ele conseguiu gerar a vontade de violência da minha parte contra a pesdoa dele


Vih 10/03/2021minha estante
Seu comentário a respeito da leitura me define em tudo e todos os sentidos. Quando começamos a ler e a ter a conclusão nossos sentimentos mudaram completamente!


Juliana.Cruz 28/03/2021minha estante
Alex estuprava meninas de 10 anos, espacou até a morte uma senhora, agredia pessoas por puro prazer... na minha opinião ele não chegou nem perto de pagar pelo que fez, e quem tem simpatia por é realmente doente.


Tati Baceti 25/04/2021minha estante
Ok, acredito que irei amar o livro com todos estes comentários. Porém as notas, explicações e afins, do início, o que acharam? Eu estou começando agora, terminei essa parte, mas achei bem chato.
Vou continuar, quero a história, mas esse início me fez começar, amanhã rs


Tati Baceti 01/05/2021minha estante
Gente?! Sério? Empatia pelo Alex?! Eu o vejo como um manipulador, um jovem que chega e agrada as pessoas para que ninguém diga o que ele realmente é. Estou em 48% do livro, me adaptando agora com a linguagem depois de parar, no meio do primeiro capítulo por achar sacal ter que "adivinhar" as palavras. E a não ser que tenha um plot gigantesco com o nosso narrador, só posso ter asco dele. A história é ótima, te envolve e te coloca nas cenas, principalmente as de ultraviolência. Mas gostar dele, não. Achei o máximo ele apanhando dos maliquinhas


elw 12/09/2021minha estante
Minha "Gulliver" agora está devidamente ansiosa para ler esta obra. Eu literalmente sou a ansiedade adiposa do Jack Kkkkk.


Cristina.Amaral 01/11/2021minha estante
Afeto? Eu tô tremendo de ódio! Um abusador sexual que maltrata crianças e idosos... Tenho zero empatia por esse infeliz.


Cristina.Amaral 01/11/2021minha estante
Gostei do livro justamente porque entendo que o que o autor quer é criticar a violência desmedida e a exaltação da maldade. Não é porque o personagem é o principal e narrador que o autor concorda com as atitudes adotadas. Na verdade, o que mais me surpreende é que um estuprador, pedófilo seja endeusado...


Clara 16/11/2021minha estante
kkkkk senti a mesma coisa e não tava sabendo explicar, não da pra não sentir empatia pelo Alex em certos momentos da história, principalmente na parte 3. Acho ele um personagem muito bem escrito e carismático, apesar dos apesares.


Murilo.Soares 29/12/2021minha estante
Mano estou aqui só porque sei que o thomas shellby fez uma peça com esse nome


Itana.Romano 30/03/2022minha estante
Esse livro é maravilhoso!! Foi uma das melhores leituras da minha vida!


Bruno 29/08/2022minha estante
Alex é carismático demais, acho que todos q leram criam um tipo de afeto com ele. Não sei como o autor conseguiu fazer isso.


David184 21/03/2023minha estante
O cara é supremacista branco ?-?


Diego Miúdo 22/04/2023minha estante
Ele é construído exatamente dessa forma, o que chamam de "Woobie", um personagem feito para que se sinta pena.


Niiihhh 25/06/2023minha estante
doente mesmo. Ele é carismático com certeza, mas só por causa disso que endeusam ele? Ele não fez nenhuma ação ou algo do tipo que seja digno de admiração, é apenas um sádico supremacista branco e estuprador. Por mais que ele seja doente ou algo do tipo não vejo o que há nele para se gostar. Mas claro, um adolescente branco criativo, "divertido", com boas piadas e um carisma acentuado são capazes de conquistar simplesmente pela estética que transmite. É doentio sim gostar dele, todos temos afeto por personagens que fazem coisas ruins e não tem exatamente boas ações, e isso é normal até porque nenhum ser criado é perfeito, mas um sádico que, seja por doença ou não, é o mal em pessoa é realmente doentio. Desculpe mas não entendo por que aclamam tanto alguém que não tem nada pra mostrar de bom além de boa fala e carisma. Lembro a vocês que carisma é algo relativo, nem sempre é algo bom. Todos os psicopatas se mostram carismáticos, é um comportamento pelo qual não se pode ter em tão alta estima.


JAlia698 09/09/2023minha estante
Carinho pelo Alex? Você é maluca!




Gustavo616 26/01/2021

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A adaptação cinematográfica dirigida pelo Kubrick foi algo maravilhoso, mas o livro em si é infinitamente melhor.

O começo do livro pode ser chocante para muitas pessoas, isso por conter algumas situações da famosa "ultraviolência", e o nosso narrador-personagem é um grande apreciador de tal ato.

É incrível como o livro lhe faz odiar o Alex (e seus druguis) por conta de suas ações durante os capítulos mas, pouco tempo depois, o sentimento de raiva some e o de pena aparece, e você não sabe mais o que sentir em relação ao nosso querido narrador.

Algo super legal e criativo é a presença do dialeto nadsat em todo o livro. No começo pode ser um pouco difícil entender todas essas gírias ditas pelo Alex e seus druguis, mas em pouco tempo você começa a se familiarizar com as palavras mais usadas, até mesmo sem perceber, e a leitura flui naturalmente.

Essa, com toda certeza, se tornou uma das minhas obras literárias preferidas. Um livro que mais pessoas deveriam conhecer e apreciar, da mesma forma como o Alex aprecia seu Beethoven.
Cassia.Strazzacappa 17/02/2021minha estante
Só por essa resenha já está na minha lista. Assisti o filme diversas vezes e sou mega fã... Agora quero ler. ?


Gustavo616 17/02/2021minha estante
O filme é perfeito, mas o livro vai muito além. Me prendeu do início ao fim, muito difícil você esfriar na leitura. Fico feliz por você ter lido e gostado da minha resenha, isso é beeem importante para mim!
Espero que você leia o quanto antes. ^^


Lip Balestra - 08/03/2021minha estante
Caramba, essa resenha eh exatamente o que eu sinto.


Núbia Cortinhas 15/07/2023minha estante
Arrasouuu!! Parabéns pela resenha! ?? ?? ??


Gustavo616 15/07/2023minha estante
Muito obrigado, Núbia!




@aprendilendo_ 29/12/2020

Resenha de Laranja Mecânica
Ambientado em uma Inglaterra deturpada, repleta de gangues e adolescentes extremamente violentos, Laranja Mecânica, escrito por Anthony Burgess, conta a história do jovem Alex. Nesse contexto, a partir de uma narrativa em primeira pessoa, acompanhamos os atos imorais do rapaz e suas drásticas consequências quando, como experimento do governo, o próprio é exposto a uma tortura psicológica com fins de retirar do humano a capacidade de praticar atos maldosos.

De início, com um dialeto próprio o qual representa as diversas gírias de uma geração perdida, a obra causa grande desconforto desde as primeiras páginas. Alex, o narrador e protagonista, não apenas tem um linguajar confuso, como chulo e típico de alguém sempre fora de si. Nesse sentido, um segundo elemento característico de Laranja Mecânica surge. Há aqui uma maldade quase satírica nos personagens, sempre com uma descrição crua, fazendo questão de se eximir de eufemismos e partir para uma vivacidade perturbadora de cenas grotescas. Não é de se esperar, pois, uma leitura de certa forma aprazível, a todo momento o livro causa incômodos, seja pelas palavras, seja pelas cenas violentas. Isso, no entanto, não tira de todo a elementaridade literária de entreter. Afinal, apesar da leitura desconcertante, a história traz consigo uma criatividade singular, característica das distopias, a qual faz com que até mesmo o mais sensível leitor se sinta instigado a continuar os capítulos.

No tanger dos fatos, não podemos cobrar da obra algo que ela não se propõe a fazer, ou seja, uma leitura divertida e amena. Com um personagem intragável e um ambiente sujo, Laranja Mecânica se sai muito bem ao trazer consigo um alto teor filosófico, abordando temáticas como liberdade e violência social. Ainda nesse contexto, o desconforto característico do livro serve apenas como um incrementador das críticas realizadas pelo escritor e geram, dessa forma uma boa sensação de entendimento analítico sobre todo o exposto. Apesar disso, por se tratar de uma narrativa em primeira pessoa, a obra peca ao não contextualizar tão bem o mundo em volta de Alex e suas peculiaridades. Quanto mais, ao fim, deixa consigo um fim exageradamente aberto e apressado, o qual, mesmo terminando a crítica de Anthony, dá a ela uma sensação um pouco inócua.

Uma leitura desconcertante, um personagem intragável e uma crítica mordaz. Laranja Mecânica definitivamente tem seus motivos para estar incluída na lista das maiores distopias de todos os tempos. Ainda assim, no entanto, perde em narrativa e contextualização para outros companheiros de seu subgênero, como 1984 e Admirável Mundo Novo.

Nota: 7,05
Instagram: @aprendilendo_
comentários(0)comente



Rômullo 01/02/2010

"Então, o que vai ser, hein ?"
A obra de Burgess é fascinante por embora ter sido escrita em 1962 é contemporânea. O modo de narrar do jovem Alex é envolvente e mesmo ele sendo um completo criminoso que estupra mulheres não conseguimos sentir raiva ou ódio dele. O livro ainda possui a linguagem 'Nadsat', cercada de gírias, o que torna a leitura um tanto quanto confusa, mas brilhante e muito "horrorshow"!

"Todo ser humano tem direito de escolha. Se uma pessoa não tiver a liberdade de escolher o mal, tampouco terá liberdade de escolher o bem. Não importa se a pessoa opta pelo mal ou pelo bem, o que importa é se ela tem a liberdade ou não de poder escolher.

É melhor ter as ruas infestadas de assassinos do que negar a cada um deles a liberdade de optar".

O que o livro transmite é a incapacidade do Estado de compreender os criminosos, no caso, as gangues de adolescentes que, por puro prazer, destroem, roubam, estupram e matam. O maior exemplo dessa incompreensão é o fato de Alex, o adolescente protagonista, cometer altos crimes e, simultaneamente, amar a música clássica de Beethoven e ler a Bíblia.
De fato, o Estado e talvez o próprio ser humano, não compreendem a verdadeira natureza dos homens e sequer as consequências das suas próprias decisões.

Até mesmo nós estamos amarrados em camisas de força, nossos olhos estão abertos sem possibilidade de fechá-los e ainda somos obrigados a fazer o que o sistema nos impõe. A cada dia nosso direito de escolha, de contestação e nossa capacidade de despreendimento e raciocínio crítico nos são tirados.

A violência não será curada por lavagem cerebral. Não adianta tranformar criminosos em "laranjas mecânicas", como máquinas, tirando-lhes o direito de escolha. A técnica ('Ludovico') usada no jovem Alex é a pura síntese do Totalitarismo e de como esse tipo de governo não se importa com a liberdade de expressões e ideias. O tratamento de usar imagens de ultraviolência para curar a violência do indivíduo é totalmente contraditório.

O Mal está em todos nós, inclusive naqueles que pretendem acabar com ele.

"Quando um homem deixa de escolher, deixa de ser um homem."
Constantinne 01/02/2010minha estante
Meu..você é bom nisso!!!


AStefan 04/02/2010minha estante
Quando eu ler o livro, comento melhor


Felipe 22/02/2010minha estante
Adorei a resenha, me dispertou interesse em ler esse livro. Parabéns pelo modo como escreveu, está ótimo *-* Quando der vou ver se pego esse livro pra ler =D


Rafael 12/07/2011minha estante
Falou exatamente o que eu queria falar mas não sabia como.

Excelente visão sobre a narrativa, parabéns, ótima resenha!


mands 20/01/2012minha estante
Wow!ótima resenha.Realmente trasmite tudo o que eu pude sentir quando o terminei.


Nalice 25/01/2012minha estante
Que resenha fascinante... ! *_*
Você é talentoso! oowoo

Haha, agora já sei que livro pedir de aniversário ¬¬ Valeu, aê ^^


Lulu 16/06/2013minha estante
Discordo da sua resenha em alguns pontos, mas tenho que admitir que foi muito bem escrita. Antes de continuar, queria pedir desculpa pelas faltas de acento e cedilha, pois nao sei como coloca-los pelo ipad.
Inicialmente, gostaria de comentar sobre o que voce tinha dito, de que pelo fato de o narrador gostar de musica classica e ler a Biblia ele poder ser considerado um criminoso "menos pior". Considero que Burguess fez o personagem Alex de forma que pudesse ser cativante a ponto de eu sentir-me como ele em algumas ocasioes, mas isso em nada se relaciona com ler a Biblia ou com o tipo de musica que ele escuta (alem de que as partes que Alex gostava da biblia eram as violentas e que tinham "o velho entra e sai").
A segunda coisa que discordo do seu comentario foi o modo como analisou o tratamento Ludovico; ao meu ponto de vista pouco se relaciona com o Totalitarismo, mas sim com o Behaviorismo. O proprio narrador tinha se oferecido como cobaia para este tratamento. Entretanto, concordo com o que voce disse, "nao adianta transformar criminosos em laranjas mecanicas", pois o Alex nao deixou de ser alguem com instinto criminoso, apesar de nao poder mais exerce-lo por se sentir mal; a bondade eh o homem que escolhe. Alias, o tratamento de usar imagens de ultraviolencia (com a musica que ele gostava como forma de punicao) e as "vitaminas" injetadas no narrador antes baseavam-se no ato de ele associar a violencia com algo ruim, pois era o que a sociedade considerava como resposta positiva a ocasiao; sendo assim, nao era totalmente contraditorio, simplesmente baseava-se em um metodo Behaviorista radical (onde o comportamento eh tratado por estimulos positivos e negativos).
O filme laranja mecanica tambem relaciona-se com o pensamento de Durkheim sobre a criminalidade na sociedade (fato social e etc).


Ninha Machado 14/10/2014minha estante
Cara, sua resenha foi "horrorshow". Apenas fazendo um à parte sobre o comentário abaixo; não achei que na sua resenha você descreve o Alex como um criminoso "menos pior" por gostar de música clássica, pelo contrário, você enfatiza essa nossa falta de compreensão ao comparar um ato bom com um ato ruim vindo da mesma pessoa. O legal de o autor ter incluído no Alex essa peculiaridade, é que nos faz refletir que por mais ruim que uma pessoa seja, ela sempre terá algo de bom dentro de sí


Luh 29/06/2016minha estante
Já queria ler faz tempo esse livro, aproveitei as férias da faculdade e terminei ontem. Uma leitura fácil, criativa , bom livro , apesar de não ter morrido de amores pelo Alex, gostaria que ele sofresse um pouquinho mais rsrsr...




Gustavo Rodrigues 25/02/2023

Inicialmente, não é um livro muito fácil de ler. Além do autor usar uma linguagem meio arcaica em alguns momentos, também cria um vocabulário totalmente novo. Porém, vale muito a pena sofrer um pouquinho no começo, porque depois de algumas páginas você já acostuma com o estilo/vocabulário, e a história flui de uma forma muito natural.

Sendo bem honesto, acho que Laranja Mecânica foi a distopia que eu menos vi uma crítica tão direta e reta a algum tipo de governo. Até tem, mas não vejo como foco principal (ou eu não percebi). Isso não é um ponto negativo, já que a narrativa vai pra outra crítica muito pertinente: livre arbítrio.

O questionamento é sobre o bem e o mal. Quem é mal por natureza pode ser forçado a ser do bem? Uma pessoa que tem prazer em cometer atrocidades pode - através de um ?tratamento? - tornar-se uma pessoa boa e ficar absurdamente aversa a violência? Muita coisa dita te faz pensar sobre diversas perspectivas.

O protagonista é bem detestável, e não poderia ser diferente. Mas até que você chega a ter um pouco de pena dele - a empatia fala mais alto - em alguns momentos do livro.

Livrão que traz diversos questionamentos sobre bem e mal, liberdade, e afins, além de trazer críticas mais sutis ao governo.
AlineMSS 27/02/2023minha estante
Tenho receio de ler esse livro e achar chato, mas pela sua resenha me deu vontade de ler.


Gustavo Rodrigues 27/02/2023minha estante
Eu também tinha esse receio, mas o estranhamento com o vocabulário passa rápido e depois fica de boa. Dê uma chance que vale a pena!


AlineMSS 27/02/2023minha estante
Pode deixar. Confiarei ?.




Regis2020 16/08/2022

Atemporal...
Clássico que abstrai o tempo, que desperta emoções e questionamentos sobre vários assuntos, entre eles o Behaviorismo, área de estudo da psicologia usada como base para o desenvolvimento do tratamento Ludovico.
O Behaviorismo prega: que o livre-arbítrio não existe, que nossas escolhas não são totalmente determinadas por nossa vontade. São influenciadas pelo meio em que vivemos (cultura, ciclo familiar, genética?).

É correto privar uma pessoa de suas escolhas para que ela não possa optar pelo mal?

É essa discussão que é proposta pelo autor de uma forma crua através do personagem Alex DeLarge, de 15 anos.
Alex nos é mostrado como um delinquente juvenil, que comete todos os tipos de atos nocivos (roubo, estupro, invasão, agressão e assassinato) com sua gangue de delinquentes Georgie, Peter e Tosko.
Os garotos têm até uma linguagem própria, o nadsat, uma espécie de gíria adolescente, numa mistura do inglês e do russo.
Li o glossário antes de começar a leitura, e depois não o consultei mais... acho que a confusão com a rarrativa cheia de gírias (o autor criou mais de 200) é proposital, para causar estranheza ao adentrar o mundo dos jovens delinquentes.
E no decorrer da leitura você se adapta a linguagem e aprecia a jornada.

Ao ser preso... Alex, do latim "a-lex" (sem lei), é submetido ao tratamento Ludovico, que se propõe a fazer dele alguém "condicionado" a viver longe da criminalidade, tirando dele o livre-arbítrio, fazendo com que ele seja quase um zumbi.

O livro é narrado pelo protagonista, mostrando toda sua dor e sofrimento, se sentindo uma vítima inocente. Mas ele também narra de forma gráfica toda a dor e sofrimento que provoca, e vê-lo falando com tanto orgulho e prazer, não deixou espaço para que eu fosse sensibilizada por todas as escabrosidades as quais ele é submetido.

A história continua atual e provoca vários questionamentos, sobre a autoridade, criminalidade, psicologia, psiquiatria e manipulação política. Aborda temas fortes e reflexivos, além de ser uma exemplar crítica social em vários aspectos.
Com certeza continua nos fazendo pensar.

Gostei muito desse livro e recomendo a leitura.
AnonymousCow 16/08/2022minha estante
Acho curioso quando livros criam línguas novas. Mas não como Tolkien, acho mais legal como algo bem menor marca bem mais. Nunca quis aprender a falar élfico, mas me surpreendi com a Novalíngua de 1984 e com o objetivo por trás da sua criação.

Mesmo meu irmão sempre elogiando este livro eu nunca senti muito interesse por ele (boa parte disso é em relação aos estupros), mas sua resenha me deixou bem interessado. Vou aproveitar que o Vi tem o livro e lerei mais para frente rs


Alex 16/08/2022minha estante
Depois de sua resenha me encorajou tentar. Confesso que o filme me foi impossível. Mas dado o contexto que vc apresentou me parece que vale a leitura.


Núbia Cortinhas 16/08/2022minha estante
Régis, vc sempre aguça a minha curiosidade em querer ler o livro resenhado. ???


mpettrus 16/08/2022minha estante
Totalmente sem defeitos a sua resenha, Poderosa Regis!!! ???????? Um brinde a essa interpretação genial ???


Brujo 16/08/2022minha estante
Belíssima resenha !!!! ???


Regis2020 17/08/2022minha estante
Giovani, os estupros no livro não são explícitos igual no filme do Kubrick. Você pode ler sem problemas. ?


Regis2020 17/08/2022minha estante
Eu gostei do livro Alex, e espero que você possa gostar também. ?


Regis2020 17/08/2022minha estante
Obrigada Núbia. Não ?


Regis2020 17/08/2022minha estante
Fiquei sem jeito, com o "poderosa"... Mas adorei mpettrus! ?


Regis2020 17/08/2022minha estante
Obrigada, Brujo. ?


Carol 22/08/2022minha estante
Esse livro é fantástico


Regis2020 22/08/2022minha estante
Também achei Carol. ?




Isabella.Lubrano 07/08/2015

Clássico do cinema e da literatura
O que é uma Laranja Mecânica? Um filme dos anos 70? Uma cor de esmalte meio cheguei? Ou quem sabe aquela seleção da Holanda da copa de 74...

O fato é que a gente a usa expressão Laranja Mecânica e nem pára pensar no que ela significa.

Vamos pensar melhor nisso. A laranja, todos sabem, é uma fruta, uma coisa viva, que nasce, amadurece e apodrece. E não existem duas laranjas iguais. Como os seres humanos, a laranja é um ser vivo cheio de mistérios da natureza.

Como é que então uma laranja pode ser mecânica? É uma noção bizarra quanto esperar que as pessoas sejam previsíveis como as máquinas.

E essa é a pergunta que o autor inglês Anthony Burgess tenta responder no clássico “Laranja Mecânica” - o livro de 1962 que inspirou o filme de Stanley Kubrick.

“Laranja Mecânica” conta a história do garoto Alex, que faz parte de uma gangue de adolescentes muito violentos. Eles passam os dias à toa, consumindo drogas, e à noite cometem crimes – que vão do simples vandalismo à agressão física, estupros e até mesmo assassinato.

Um dia Alex é traído pelos companheiros e capturado pela polícia. E, agora nas mãos do governo, ele vira cobaia num experimento científico de reeducação comportamental.

Ao fim do tratamento (que é tão violento quanto os crimes que ele costumava cometer), Alex vira um carneirinho… ele não pode nem pensar em violência, que ele se sente terrivelmente mal, e não consegue fazer nada. Nada mesmo.

E assim, prostrado e impotente, Alex se transforma numa espécie de zumbi depressivo. E até pensa em se matar.

Mas até quando? E mais importante: será que o governo tem o direito de fazer isso com as pessoas, mesmo que seja por um bem maior? O que vale mais: uma laranja podre ou uma laranja mecânica?

As perguntas estão lançadas. E as respostas você vai descobrir no clássico da literatura mundial, “Laranja Mecânica”.

Ficou curioso? Assista a resenha completa no link do meu canal aqui embaixo:

site: https://www.youtube.com/watch?v=PDZRfs4v-0E
Luciana.Borges 18/09/2015minha estante
Vocé é demais


gs 03/10/2015minha estante
Adorei a resenha!!
Mesmo punindo severamente com o condicionamento comportamental, Alex não alterou seu desejo internamente. Ele continuou tão violento quanto era anteriormente, a diferença era que ele tinha algo que o impedia de agir, o mal estar físico.
Será que o homem é o homem quando deixa de escolher suas próprias atitudes. Acredito que esta seja uma das questões levantadas.
Vale a pena descobrir a linguagem Nadset, e conhecer Alex, que apesar de tudo nos faz gostar dele!!
Ps. no filme o ator é tão carismático quanto.


Gabriel1994 12/09/2017minha estante
Excelentes perguntas ao final da resenha. Não sei quanto às outras pessoas, mas à mim elas fazem pensar.


Jeferson 29/09/2020minha estante
Oh tempo bao da franjinha.rrss. Além de ser um livro maravilhoso, o filme está ali no meu Top 5.




André Lucena 20/05/2021

Um mergulho na adolescência
O livro começa mostrando a crueldade de um grupo de jovens em suas noites de crimes e curtição, mas durante a narrativa do próprio protagonista podemos observar as consequências dos seus atos e para onde a vida os leva.

É bastante interessante o modo como o Anthony Burgess conseguiu construir todo um arco de total inconsequência juvenil, sofrimento, lavagem cerebral, cura e amadurecimento. É impossível, apesar de tudo, não simpatizar pelo Alex e torcer que tudo dê certo para ele no final.

Amei este livro do início ao fim. Agora sei o motivo dele ser considerado um clássico. Quem não teve ainda a oportunidade de lê-lo, deveria tentar, pois garanto que será uma experiência fantástica, cheia de reflexão.

?????
SuéllenOak 20/05/2021minha estante
Muito bom ????
Adorei a resenha, confesso que fiquei mais interessada ainda pela história.


André Lucena 21/05/2021minha estante
Eu recomendo demais, Suéllen. A história é muito envolvente e bem construída. Assim como tive boas recomendações sobre ele, eu faço o mesmo e super recomendo-o para você.


SuéllenOak 21/05/2021minha estante
Só ouvi falar bem desse livro mesmo.
Toop ..vai para minha lista sim.
Obrigada pela recomendação, André !! ????




Acnaib 27/12/2010

Horrorshow
No começo a leitura me pareceu um malenk bizumni. Devido às gírias nadsat, eu me sentia um pouco perdida naquele mundo horrorshow que é o de Alex e cia. "Naquele", eu disse? Apesar de uma obra destópica simulando uma realidade futura, eu senti que muito da ironia e sujeira da história de Burgess é relacionada ao hoje.
A ultraviolência se faz sentir através da escrita do autor, que depois de uma certa "ambientação" flui muito agradavelmente, Ó, irmãos.
Outro ponto a se ressaltar é como o livro é cuidadosamente bem estruturado. Dividido em três partes, que por sua vez dividem-se em sete capítulos cada. Essa divisão deixa muito claro a "linha do tempo" do nosso protagonista Alex e demonstra sua evolução e amadurecimento.
Uma leitura que deve ser feita em alguma parte da vida, porque é realmente muito horrorshow e aquela kal total. Não, kal não, leitura celestial.
Tito 10/04/2011minha estante
Essa devotchka, tipo assim, sabe das coisas, Ó, irmãos. :-)


Nathália V. 28/11/2012minha estante
e a tradução é muito bem feita, vale mencionar.


Malu 01/04/2015minha estante
Resenha tipo assim muito horrorshow! :)


Alice 08/02/2017minha estante
Melhor resenha!! kkkkk




Tainateixeira92 05/10/2021

Um livro necessário
O que mais me choca nesse livro é que, apesar de ser uma ficção, poderia muito bem ser realidade. Essa obra é muito rica e aborda tantos temas complexos. A banalização da vida humana contada retrata bem a nossa sociedade atual. Pois, quando ignoramos os problemas sociais, de certa forma, estamos contribuindo para que este problema se amplie. É importante pensar no senso de responsabilidade com o coletivo.
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Renan Lima 12/03/2021minha estante
Lembro que quando li entrei numa crise "filosófica" sobre se é certo anular a individualidade para não haver mal estar social. É um ótimo livro.


Albieri 12/03/2021minha estante
Eu acho que todos entram. Quando entramos na pele do personagem sofremos. Mas e quando entramos na pele daqueles que sofreram por causa desse personagem ? É uma coisa a se pensar. apesar de eu não acreditar no livre arbítrio. São questões a se pensar.


Renan Lima 12/03/2021minha estante
Exato, a gente entra em várias reflexões sob vários pontos




Rafa 29/08/2020

Até onde é permissível o nosso livre arbítrio?
Laranja Mecânica abarca além das reflexões sobre o nosso poder de escolha, temas como: métodos implantados no sistema prisional; vida social; juventude e amadurecimento. O livro nos regala com questionamentos permanentes.
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Francisco 11/02/2023

Um clássico moderno de leitura imprescindível
Em uma Inglaterra futurista, a violência das gangues de adolescentes atingiu um elevado grau e agora todas as ações dessas gangues são atos denominados "ultraviolentos" pelo Governo, uma entidade totalitária e repressiva nas mais diversas esferas da sociedade.

Alex, o protagonista, é líder de uma dessas gangues ultraviolentas que narra a história em primeira pessoa, com uma linguagem informal misturada ao dialeto falado entre os adolescentes, intitulado " nadsat". Após ser preso, o ponto alto da história é a experiência realizada em Alex para torna-lo um indivíduo pacífico, a denominada Técnica Ludovico, mas que lhe trará grandes consequências ao ser inserido novamente na sociedade de origem.

Em uma perspectiva holística, há traços que o identificam com os grandes clássicos modernos. A narração informal de Alex lembra em muitos aspectos Holden Caulfield, de "O Apanhador no Campo de Centeio", de Salinger. Além disso, pode-se dizer que ambos são adolescentes em formação e com desfechos similares. Portanto, é um ótimo livro e imprescindível a quem busca a leitura dos clássicos (sejam eles modernos ou não).
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debroua 16/06/2021

Horrorshow!
Dando um título à resenha tal qual faria nosso narrador: Alex.
Acho que nunca absorvi as experiências de um personagem como aconteceu com esse livro. Fui de extremo desprezo pelo Alex para um sentimento de compaixão e desejo de que ele encontrasse uma realidade digna.
Nosso humilde narrador me encantou e cativou.
Só lendo para saber a experiência.

4,5 de avaliação pois a primeira parte é bem "chatinha" ao meu ver.
Essa edição é muito bonita.

Enfim, obrigada, pequeno Alex!
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Ivan 07/10/2021

Horrorshow!
Lançado em 1962, o livro Laranja Mecânica surgiu após um diagnóstico médico equivocado e que dava a seu autor, Anthony Burgess, poucos meses de vida. A obra aborda uma sociedade inglesa distópica pelo ponto de vista de uma subcultura jovem de ultraviolência. O caos é a força-motriz da obra. Seus personagens são sujeitos alucinados e cuja linguagem – a nadsat – reflete a confusão de suas engrenagens e personalidades.  O título do livro vem de uma expressão cockey (dialeto Londrino) que significa bizarro, estranho. Ao associar a laranja, algo natural e vivo, a uma condição mecânica, temos como resultado algo controlado, que não pensa por si mesmo. O autor escreveu o livro intencionalmente dividido em 21 capítulos, uma referência à maioridade e amadurecimento.

Laranja mecânica retrata a história de um adolescente com inúmeros transtornos mentais. O livro é narrado em primeira pessoa por Alex (cujo nome vem do latim “a-lex” - sem lei), o que nos dá uma visão ainda mais ácida sobre seus pensamentos e suas experiências. Alex, nosso “humilde narrador”, é a soma todas as neuroses e descasos de uma sociedade viciada e que se esconde atrás de um falso moralismo.

O adolescente Alex e sua gangue de amigos (os "druguis" Georgie, Pete e Tosko) estão tão à parte da sociedade britânica que se comunicam por um idioma bem peculiar batizado de nadsat, reflexo da formação de Burgess como linguista, e influenciada pelas gírias russo-inglesas da época. Alex pensa e se comunica neste vocabulário bizarro, o que, apesar de dar qualidade a ambientação, torna a leitura mais lenta e difícil. Além de todas as palavras inventadas, Laranja Mecânica tem uma quantidade quase desesperadora de “tipo assim” e outras gírias com que estamos mais acostumados, dando-nos a sensação real de estarmos ouvindo um adolescente de vocabulário viciado.

Alex e sua gangue de delinquentes londrinos cometem crimes de ultraviolência pelas noites da cidade, dentre eles roubo, agressão, estupro e assassinato. Sempre sob o efeito de drogas sintéticas (ingeridas com leite), o grupo é extremamente agressivo e sem freio. Contrabalanceando todo o caos e horror, Alex apresenta um nível de cultura e refinamento muito elevado para qualquer garoto de quinze anos. Grande fã de música clássica, sobretudo Beethoven, o garoto manipula facilmente os próprios pais, atuando como o filho educado e cuidadoso. Ao mesmo tempo, ele exerce um controle ditatorial sobre os outros jovens de sua gangue, fazendo de sua palavra lei.

Ele talvez conseguisse manipular o leitor também, se todas as cenas de roubos, agressões e estupros não fossem descritas com tanto detalhamento. Alex assume o trabalho de narrador com tanta intimidade que ele compartilha conosco, sem medo, qualquer um de seus pensamentos, não nos poupando detalhes, ainda que uma coisa sempre lhe falte: motivo. Não há motivo, raiva ou negligência que sequer comecem a justificar o seu comportamento ultraviolento. É absolutamente gratuito.

É difícil termos uma dimensão do quão distópico e terrível é a Inglaterra ficcional do livro. Estamos tão aterrorizados com nosso anfitrião que não damos a devida atenção ao fato de que mesmo o prédio de alta-classe em que seus pais moram está absolutamente depredado em todas as áreas sociais, ou ao fato de que seus pais pouco se importam se ele está preso, vivo ou morto. Alex é, de fato, um narrador tão impecável que nós não conseguimos prestar atenção em mais nada além dele. É o próprio Alex que nos escancara a terrível e inevitável natureza de seu mundo com uma frieza que apenas ele seria capaz: discutindo conosco com consciência e tranquilidade sua realização de que nem mesmo ele será capaz de lutar contra o tempo e a natureza doentia das pessoas.

Mas  Alex é submetido a um condicionamento que o torna fisicamente incapaz de sequer estar próximo de qualquer insinuação de agressividade. Em consequência, ouvir sua música favorita causa nele o mesmo efeito.  Ao tirar o livre arbítrio de Alex, foi tirado dele o direito de escolher o mal, porém ele também perdeu a capacidade de escolher o bem. Somos todos fruto de nossos erros e acertos, aprendemos com nossas falhas e através delas descobrimos o correto. Mas Alex não pode fazer isso. Suas atitudes eram extremamente repulsivas e dignas de punição, mas essa deveria mesmo ser sua anulação completa? Não existe oportunidade para o aprendizado ou amadurecimento, apenas o condicionamento?

Longe de ser um livro superficial, aborda temas fortes e reflexivos, como violência, livre arbítrio e poder de escolhas.  O autor critica a superlotação e violência encontradas dentro do presídio, que por si só já comprometeriam a correção e reabilitação dos presos. Aborda ainda a relação de Alex com seus pais e sua criação permissiva.

O vocabulário nadsat deixa a leitura travada no início, por ter que olhar o glossário frequentemente, porém, depois de alguns capítulos fluiu melhor. Até porque, Alex repete várias vezes algumas expressões e a gente passa a compreendê-las no decorrer da história. “Laranja Mecânica” deveria estar na lista de muita gente.
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