Cris Ingrid 04/11/2020
Minha opinião
Ambientado em uma sociedade inglesa distópica e futurista, Laranja Mecânica nos conta a vida do adolescente Alex DeLarge. Narrado em primeira pessoa, vemos como essa sociedade é adoentada pela violência juvenil. Alex e seus druguis (amigos) saem à noite para cometer os mais variados delitos: invasão de propriedades e estabelecimentos comerciais, estupros, brigas entre outras gangues, dentre tantas outras coisas que deixam o leitor realmente assustado.
Numa dessas, Alex é enganado pelos seus "amigos" e é pego pela polícia. Acusado e condenado por um assassinato, ele é preso e precisa cumprir 14 anos de pena. Dois anos se passam e há rumores de um novo tratamento do governo, que promete "consertar" as pessoas violentas. Sem saber onde estava se metendo, Alex se voluntaria para o experimento.
Após passar por várias sessões torturantes do tratamento, onde a bondade é imposta a ele, Alex está pronto para voltar à sociedade. Sempre que tem alguma intenção mais violenta, é atacado por fortes dores e ânsia de vômito, tendo que recorrer, imediatamente, a um pensamento bom para afastar o mal estar. Ele é impelido à bondade paradoxalmente por ser impelido à violência.
Este livro nos traz a discussão sobre a liberdade de escolha e a perda dela. Ao "consertar" Alex de sua violência, o tratamento arrancou toda a liberdade e a possibilidade de escolha dele, tornando-o incapaz de tomar uma decisão moral por conta própria, ele não tem escolha.
"A bondade vem de dentro, 6655321. Bondade é algo que se escolhe, quando um homem não pode escolher, ele deixa de ser um homem."
Embora seja extremamente violento, Alex ama e aprecia música clássica e até isso foi arrancado dele após a reforma no comportamento. Ele é transformado, quase que literalmente, numa laranja mecânica, incapaz de decidir por si mesmo se quer ser bom ou mal.
"Será que um homem que escolhe o mal é talvez melhor do que um homem que teve o bem imposto a si?"
Um clássico distópico que merece a fama que o precede, com certeza uma leitura mais que recomendada. Que além de trazer tal discussão, nos mostra tamanha genialidade do autor ao criar uma linguagem própria para a história, o Nadsat, que pode trazer um estranhamento no começo, mas que aos poucos se torna familiar.