Ari Phanie 16/09/2023MidEu tentei, eu tento uma vez ou outra ler um romance contemporâneo muito falado e/ou bem criticado para tentar encontrar alguma pérola. Uma época atrás a minha escritora “chick-lit" preferida era a Marian Keyes, hoje é a Taylor Reid que é boa pra caramba, na minha opinião, e também a Rainbow Rowell e Alice Oseman. Mas é aquele lance, eu nunca encontro romances hoje em dia como os grandes clássicos, tipo Orgulho e Preconceito, Jane Eyre, Mulherzinhas. É impossível encontrar alguém que se aproxime de algo com a qualidade daquelas grandes escritoras de outrora. E provavelmente eu nem devesse procurar por isso, mas todas as vezes que eu termino um romance contemporâneo que está no topo de alguma lista importante e é reverenciado por uma legião de leitores, e ele não tocou meu coração daquele jeito especial que a Jane Austen conseguiu, eu fico triste. Parece que eu ‘tô lendo histórias repetidas, e Book Lovers não escapou disso.
Já conhecia a Emily Henry por People We Meet on Vacation que me pareceu muito bom no começo, e depois me entediou. Book Lovers é melhor, mas não escapou dos momentos entediantes e das coisas desnecessárias. No começo, parecia que seria o tipo de livro que me encantaria e satisfaria. Um livro que fala de livros com uma protagonista durona e um interesse amoroso taciturno? Pode mandar. Mas aí eu cheguei na metade do livro e já não estava mais tão entusiasmada. E vou explicar o porquê.
Em People We Meet on Vacation, a Emily usa o clichê friends to lovers, aqui é algo como enemies to lovers, e beleza, eu já esperava por isso. O que me animou foi o fato de os dois protagonistas fazerem parte do mercado editorial e falarem bastante do processo de edição de um livro. Na realidade, o livro fala bastante de livros, da paixão pelos livros, de como eles nos ajudam tanto em tantos momentos diferentes de nossas vidas, e isso é algo com o qual todo leitor pode se identificar. Mas chegou na parte do desenvolvimento dos personagens e no desenvolvimento das relações, e a autora pecou bastante na forçação de barra.
Nora, a protagonista, é a mulher que todo mundo acha um “tubarão”, que é vista como durona e que tem o emocional de uma pedra. Agora, eu me pergunto: por que? Em momento algum a Nora demonstra ser tão dura e seca como a autora quer nos fazer acreditar que as pessoas a vejam. Tudo o que a Nora me passou foi insegurança, medo e um nível de obsessão pela irmã, que até q é compreensível dado seus traumas. Mas há um nível de drama tão grande no relacionamento das duas que não me pareceu crível em momento algum. Me pareceu desnecessário criar aquele nível de tensão entre elas, e transforma o q poderia ser leve como a história pedia, em algo cansativo. A personagem Libby é uma personagem legal como complemento, mas seria melhor sem todo o drama em volta dela.
Quanto ao Charlie, eu também gostei do personagem, mas a autora forçou tanto repetindo incansavelmente como ele era taciturno, reservado, grave, cenho franzido o tempo todo, mas com vestimenta impecável que encheu o meu saco. Eu ia adorar que ela não ficasse só no preto e branco o tempo todo em relação ao Charlie.
Outra coisa a encher a minha paciência foram as descrições exaustivas. Além das do Charlie, a autora também encontrou mil formas diferentes de falar de tesão e mais uma vez colocou um diálogo no meio do sexo. Quem diabos conversa tanto no meio do sexo para além das sacanagens?
Apesar do que pode parecer, eu não odiei o livro e os motivos estão em algumas coisitas: o lance de escrever sobre editores e agentes literários é um plus. Não acho que tenha lido um livro que abordava o assunto. Mesmo que tenha sido superficial, eu gostei muito dessa parte. As memórias sobre a infância da Nora e da Libby com a mãe também foram ótimas, alguns dos meus momentos preferidos dentro da história porque deram profundidade à personagem. O lance novaiorquinos em uma “small town” também é legal, eu queria ter visto muito mais dessa cidadezinha e seus moradores, infelizmente isso também ficou no superficial para dar lugar a dramas desnecessários. E o casal também tem seus momentos legais.
Em suma, o livro poderia ter sido melhor em alguns quesitos, eu senti uma correria no final que não ajudou na conclusão, mas não foi decepcionante. Apesar disso, esse é meu último livro da Emily Henry. Não é pra mim.