debora-leao 19/03/2024
Aquém das expectativas
Este livro ficou um pouco aquém do que eu esperava. A primeira parte é muito mais científica, traz alguns conceitos básicos sobre dopamina e sobre o sistema de gratificação e recompensa do cérebro. Eu acho o assunto interessante mas acho que mesmo assim não li com tanta atenção, ou algumas dúvidas e dificuldades que cheguei a ter no entendimento me impediram de fixar bem o conteúdo. Mas sigo insistindo no tema, por achá-lo importante.
O que mais gostei, e que infelizmente não foi tão bem explorado, apenas de forma rápida em cada caso, foram os casos dos pacientes da autora. O primeiro capítulo é muito chocante nesse sentido, beeem narrativo e gráfico; fiquei estupefata quando li, cheguei a mencionar na terapia. Esse efeito se perde um pouco no restante do livro. Até há descrições de casos e pacientes, mas me parece que estão mais encurtados e isso gera uma dificuldade maior de empatizar com eles, de lembrar seus nomes... (Agora me pergunta se vou esquecer o nome do Jacob, paciente do primeiro capítulo... DUVIDO!).
Contudo, fiquei com a impressão de que a autora é melhor pesquisadora do que clínica. Ela me parecia relatar atendimentos secos, mais entrevistas que sessões propriamente ditas, bem como uma postura mais medicamentosa mesmo em vez de só holística. Acho que generalizou algumas coisas, alguns comportamentos, em vez de individualizar as situações, emoções, etc, de seus pacientes.
Um detalhe irritante é que o livro é muito voltado para os estadunidenses. Todos os exemplos são dos EUA, toda hora a autora fala em comparações com os "países ricos", gera uma impressão de "ah em países pobres isso não importa, eles têm outras coisas mais importantes para discutir, saúde mental deve ser irrelevante para pobres", algo com o qual discordo fortemente. Também achei que ela pareceu meio conservadora (moral/politicamente mesmo) em alguns pontos, o que me incomodou um tico, visto que não acho que era o escopo do livro.
A segunda parte é um pouco "viajada", mas faz sentido. Trata de enfrentamentos que podemos fazer e ter para ajudar em comportamentos adictos: autocomprometimento, honestidade... Mas não sei. Faz sentido, mas achei engessado, artificial e a neurociência quase sumiu dessa segunda parte, que é maior que a primeira. Isso me dá sempre a impressão de menor solidez, especialmente com ela tendo começado com um teor mais generalizador quanto às experiências humanas, como eu disse.
De uma forma geral, era um livro para dar 3 estrelas, mas considerei o quanto eu aprendi no assunto. Trouxe sim várias informações novas. Sou bem leiga, apesar de interessada. Acho o tema difícil mas insisto nele, pois gosto e quero saber mais. Se o seu perfil for parecido com o meu, talvez aproveite também, se não for, se você estiver mais avançado no assunto, talvez ache a leitura pouco sólida.