Edson Camara 28/05/2023
Tremendo desperdício de vidas humanas.
Ciranda de Pedra foi lançado em 1954 quando Lygia Fagundes Telles tinha então 31 anos, é o seu primeiro romance, e já mostra uma escritora madura e com domínio da narração e trama envolvendo personagens complexos como este.
Muitos eventos são características da época, de uma classe média brasileira que se escondia através de aparência e deixava a sujeira sempre entre as paredes.
A história gira em torno de Virginia desde sua infância, fruto de um casamento desfeito, é abandonada pelo pai que na separação a deixou com a mãe e só mais à frente no livro descobrimos a razão.
Sua mãe muito doente morre e ela vai morar finalmente com o pai e suas irmãs Bruna e Otávia que junto com seus amigos Conrado, Leticia e Afonso, formam o grupo central que maltrata muito a menina.
Virginia pede ao pai que a interne em um colégio de freiras para, basicamente fugir da casa, os anos passam e ela volta já adulta e amadurecida.
Infelizmente o comportamento dos demais adultos do grupo, suas irmãs e amigos, não muda com o crescimento, eles continuam fúteis e com vidas vazias e sem sentido.
Virginia descobre os desvios de caráter de todos, inclusive a fraqueza de Conrado, por quem nutre uma paixão desde criança, e decide partir em uma viagem sem volta para se salvar da Ciranda de Pedra que nunca a aceitou totalmente por inveja, medo, egoísmo, fraqueza e crueldade.
A frase mais marcante, dita por Conrado é: “Nascemos todos os dias quando nasce o sol”. Virginia pergunta: E depois? E ele responde: “Começa hoje mesmo a vida que te resta”.
Escrevi a resenha sem revelar segredos importantes para preservar a integridade de quem ainda vai ler.
É um excelente livro.