Resenhas - Ciranda de Pedra

hiliandra.faggion 24/07/2022

Um livro poético, cheio de metáforas... Uma criança que não acha o " seu lugar". Que sofre com uma revelação... Que tem os sentimentos "podados". Pessoas cheias de preconceitos, sendo que julgam as pessoas por suas atitudes e acabam fazendo o mesmo que julgavam nos outros. Enfim fiquei feliz com a decisão de Virgínia pela vida!

Dd/Ju 22/07/2022

O livro é muito bom, o final é muito sem graça
A história é muito boa. A descrição psicológica é a chave, que deixa tão profunda.
Uma criança filha de um adultério, criada pelo "tio" que na verdade é seu próprio pai, que vive na lamuria de ser odiado pela própria filha que não conhece a verdade, além de ver o grande amor da sua vida definhando-se na loucura.
Virgínia trás aquele ensinamento de o quanto nos iludimos com amores falsos e desejos vagos, frutos de inveja e frustração, que quando alçandos se tornam insignificantes.
O livro trás uma grande crítica a estrutura familiar dos "cidadãos de bem" em esconder seus pecados com as belas aparências, onde tudo funciona como uma ciranda de pedra que não se movimenta realmente. São os filhos seguindo os passos dos pais, escondendo suas verdades, no qual nada nunca muda, tudo permanece como sempre foi, com novos rostos e novos trajes e ela finalmente quebra esse ciclo na sua vida.
No momento em que todos da família passam a desejar ela me veio aquela frase "o mundo gira", foi o ápice da história.
Esperava mais, esse final com o Conrado falando do seu "amor" foi uma chatice, ainda bem que ela segue o rumo dela.

Mirelle 21/07/2022

Ciranda da vida
Uma história inicialmente, protagonizada por uma criança convivendo com dilemas familiares. Questionadora e com pouca idade para entender certas verdades, Virgínia é uma menina esperta e que vive ao mesmo tempo em dois lares. Dividida entre amar e odiar, ela cresce se questionando sobre tudo o que viveu e quem são aquelas pessoas com laços de sangue tão diferentes dela. Uma história interessante, um clássico de Lígia Fagundes Teles.

Jordananobre 19/07/2022

Surpreendente
Confesso que início criei um certo preconceito por ser uma novela e eu particularmente não me afeiçoou desse gênero. No entanto , me surpreendi com a narrativa e amei de verdade.

Ciranda de Pedra é uma obra carregada de sentimentos e profundamente forte. A evolução da personagem é bastante clara e bem construída. Através dos conflitos de Virgínia, lidamos com diversos temas que atravessam nosso dia a dia, e o ambiente de qualquer família. Adultério, homossexualismo, doenças psíquicas, entre outros.

Apesar de a trama trazer uma história forte, de conflitos familiares, a escritora o fez de tal forma, que a leitura se torna único.

Amanda 13/07/2022

Ciranda de Pedra
Poético, cheio de metáforas e super intenso.

O enredo não é leve: divórcios, negligências, traições e mortes são a base dos problemas familiares que acompanham a protagonista desde a infância até a vida adulta.
Uma história sobre ressurreição e resiliência, vale a leitura.

Jheny 10/07/2022

Ciranda da vida
?Nascemos todos os dias quando nasce o sol. Começa hoje mesmo a vida que te resta.?
Lygia Fagundes foi uma grata surpresa, a obra é encantadora, cheia de metáforas, poesias e reviravoltas que circundam a teia familiar. O enredo é super bem escrito prendendo o leitor do início
ao fim!

Paula.Steffens 09/07/2022

Lindo e triste
De início meio frenético, a história da garotinha em meio a dramas familiares indecifráveis a uma criança parece dura, apenas dura. Mas a narrativa ganha corpo e se fortalece com a compreensão de Virgínia sobre todas as coisas. Sempre me dói aqueles livros cujas infâncias são roubadas, mas a pequena Virgínia parece um pequeno cordeiro que anda feliz para o sacrifício. Após muitos anos passados, retorna uma Virgínia adulta e tudo que ela sempre quis poder pertencer se mostra na realidade como uma ciranda de pessoas problemáticas e infelizes. E quando a compreensão dela assume a situação toda é que se percebe a grandiosidade da história, sendo o final uma possível redenção da culpa e talvez uma cura de toda da opressão que ela viveu. Grande livro.

LER ETERNO PRAZER 30/06/2022

Bom, é ótimo quando fazemos uma primeira leitura de um autor ou autora e essa leitura não nos decepciona, pelo contrário nós deixa aquela sensação de plena satisfação. Assim foi com a leitura de "Ciranda de pedra".
Obra publicada em 1954,"Ciranda de pedra" nós traz em seu enredo uma, podemos dizer, uma aventura corajoso de Lygia a uma complexa situação familiar. Podemos dividi-lo em duas partes: a primeira que retrata a infância de Virgínia, nossa protagonista; e, a segunda, em sua fase adulta.
Virgínia, menina, vive em uma casa modesta com sua mãe, Laura, que está muito doente e intercala grandes períodos de insanidade, com alguns raros momentos de lucidez. E seu novo marido,(Laura havia se separado do seu primeiro marido) Daniel, que também é médico da mulher e ainda, a emprega Luciana, que nutre uma paixão platônica pelo patrão. Virgínia tem duas irmãs mais velhas, Otávia e Bruna, que moram com o "pai", Natércio (primeiro marido de Laura). As duas meninas são completamente diferentes da caçula. Virgínia passa os finais de semana na casa do "pai", nesse outro ambiente familiar, vamos encontrar alguns coleguinhas de suas irmãs, são eles Letícia, Afonso e Conrado (a grande paixão de Virgínia). Os garotos não dão muita atenção para Virgínia, e ela os compara a uma ciranda de anões de pedra que existe no jardim da mansão, onde não é possível incluir mais ninguém, sendo um círculo fechado.
Virgínia, ainda sem saber de sua verdadeira história, sonha em ter uma vida como a das irmãs, tendo todo conforto na mansão do pai. Mesmo este sendo um tanto distante e de não demonstrar afeto algum.
Então, Laura tem uma acentuada piora em seu estado de saúde e acaba falecendo, daí então, Virgínia passa a morar com as irmãs e o "pai". A partir desse ponto do enredo, algumas revelações são feitas(revelações essas que irá mudar toda a forma de Virginia ver sua família, revelações essas que não posso citar aqui pois iria tirar todo a graça da história para aqueles que ainda não conhecem essa obra) e a menina decide ir para um colégio interno.
Desse ponto então, entramos na segunda parte do livro com Virgínia já adulta. Após concluir os estudos, ela volta para a casa do pai. As coisas estão mudadas, porém, Virgínia ainda carrega alguns sentimentos do passado. Porém, com seu amadurecimento, ela encara a realidade e as pessoas, que até então, eram perfeitas. Virginia absorvi e acaba compreendendo todas as mudanças que o tempo trouxe e passa a refletir profundamente que rumo dar agora para sua vida!!
"Ciranda de pedra" é uma obra carregada de fortes emoções e com bases de reflexões bastante forte. Tudo tem seu cerne é profundo e sempre em volta dos ambientes e acontecimentos familiares. Podemos ver claramente a evolução da nossa personagem principal e diga-se de passagem, muito bem construídas posto que o enredo sempre gira em torno dela! Por meio dos conflitos de Virgínia, lidamos com diversos temas que atravessam nosso dia a dia, e o ambiente de qualquer família. Adultério, homossexualismo, doenças psíquicas, entre outros. E que trona essa obra única e o fato, na minha opinião, trazer todos esses temos em uma época onde tudo isso era visto e recebido tão negativamente pela sociedade da época.
Apesar da trama dessa obra nos trazer uma história forte e conflituosa um ambiente totalmente familiar, Lygia o fez de tal forma, que a leitura se torna única. As vezes algumas situações nos deixam com um pouco de tristeza mas dá para seguir em frete e desfrutar de uma grande obra.
Leitura ótima.??

Vanessa 27/06/2022

Muito bom
Virgínia é o nome da minha irmã, então foi difícil imaginar a protagonista com outro rosto. Mas acho que consegui. E nem por isso ela se tornou menos familiar, já que a narrativa permite sentir essa proximidade com as emoções e o pensamento da personagem. A história é envolvente e o final é muito satisfatório

Carolina.Gomes 23/06/2022

Ciranda da vida
Ciranda de Pedra é o primeiro romance de Lygia Fagundes Telles também considerado o marco da sua maturidade intelectual. Essa foi a minha porta de entrada para conhecer sua escrita e, confesso, fui, de pronto, arrebatada por ela. Lygia surpreende, encanta, envolve e, sem prometer nada, entrega tudo? Impossível não se sentir hipnotizada pela magnitude de sua narrativa. Sua paixão pelas palavras e sua notória intimidade com elas, nos aproximam das personagens de tal forma, que é fácil se transportar para o cenário ali descrito.


Sobre o que a teria inspirado a escrever o romance, a autora conta que a ideia surgiu, quando, durante uma caminhada, ?passava em frente a um casarão abandonado em processo de demolição, e, ao passear pelos cômodos vazios, encantou-se com uma fonte onde se via uns anões de pedra em círculo, e imaginou o quanto de histórias não se escondiam por ali naqueles jardins abandonados, alegrias, tristezas que envolveram os antigos habitantes da casa?.

Dessa inspiração surgiu o romance, dividido em duas partes, narrado sob a perspectiva de Virgínia. Caçula de três irmãs, ela é a única que fica morando com a mãe e o padrasto, Daniel, enquanto Bruna e Otávia moram com o pai, Natércio. Nessa primeira parte, acompanhamos a angústia da personagem, seu sentimento de rejeição em relação ao pai e às irmãs e seu desejo de ver os pais unidos novamente, ao tempo em que idealiza uma vida perfeita, na mansão. A aflição, ansiedade e a angústia, vividas pela personagem, passam a ser experimentadas, também, pelo leitor.

Na segunda metade da obra, acompanhamos Virgínia, agora adulta, retornando do internato à casa da família, e, descobrindo, a partir do convívio próximo com os integrantes da ?ciranda?, a verdade sobre a personalidade de cada um deles. A partir de suas próprias percepções e autoconhecimento, ela rompe o casulo e se percebe pronta para alçar seu próprio voo, longe dali, compreendendo, finalmente, que mais importante que pertencer a um determinado grupo ou sociedade, é pertencer a si mesma.

Em Ciranda de Pedra, Lygia traz à tona temas polêmicos, tais como adultério, doença mental, suicídio, eutanásia, moral religiosa e homossexualismo feminino. Tudo está ali posto de modo a provocar a reflexão do leitor, revelando a coragem da autora e sua ousadia para desafiar os tabus da época. Não bastasse isso, todas as personagens femininas, em certa medida, e ao seu modo, são transgressoras dos padrões sociais.

Ao findar a leitura, o livro permaneceu ressoando na alma. E, uma vez aberta a porta de entrada para o universo fantástico de Lygia, me vi provocada a atiçar em você, que ora me lê, o desejo de atender ao apelo da autora: ?Me leia. Não me deixe morrer.?

Marina Bernardes 18/06/2022

Primeira obra que leio de Lygia Fagundes Telles e tenho certeza que jamais sairá de minhas lembranças.
Foi um livro que despertou diferentes sentimentos em mim, que me fez torcer desesperadamente pela protagonista, e que ela fosse um dia feliz.
Lygia Fagundes Telles se tornou uma das minhas autoras favoritas depois de ter feito essa obra que aborda tantos temas difíceis de se tratar na realidade de um Brasil da década de 50.
Inesquecível e impecável!

Vini 14/06/2022

Não consegui me envolver como eu gostaria. Achei a escrita pesada. Mas, por um lado, é um romance atraente.

Denise Ximenes 13/06/2022

Relações líquidas
O livro de maior destaque de Lygia Fagundes Telles nos faz pensar na forma líquida das relações sociais. Empatia, responsabilidade afetiva e escrúpulos são palavras ausentes do vocabulário dos personagens de Ciranda de Pedra.

O enredo começa manso; frágil, eu diria. Virgínia, caçula de 3 irmãs, sente-se excluída e passa toda a sua vida buscando o sentimento de pertencimento. Não consegue.

Dilemas morais dos personagens são evidenciados. Aqui, percebemos a liquidez das relações proferida por Bauman, anos mais tarde... Ousadia demais inserir tabus para a litertura dos anos 50: impotência sexual, homossexualismo entre mulheres, eutanásia e suicídio. Só uma escritora porreta como Lygia mesmo!

Uma trama de prender a atenção até do leitor mais distraído. Nada aqui é supérfluo ou irrelevante. Lygia entrelaça detalhes para mostrar ao leitor atento às entrelinhas o quanto essa sociedade é, de fato, líquida.

Gabriel 11/06/2022

Uma escrita muito poética e conceitual. Muito bom ver essa ciranda entre os personagens. Os últimos momentos foram de uma sensibilidade extrema. Que Virginia recussite!!!

Mari405 10/06/2022

"Quero entrar na roda também! Não posso entrar?"
? Ciranda de Pedra é o romance de estreia da escritora brasileira Lygia Fagundes Telles, que nos deixou em abril deste ano. O livro foi publicado em 1954 e traz temas intensos e chocantes para a época: traição, loucura, morte, homossexualidade, todos eles entremeados em uma narrativa cheia de metáforas.

O romance já foi adaptado duas vezes pela Rede Globo, em 1981 e em 2008. Na versão de 2008 lembro de pouca coisa, tive que recorrer ao YouTube para conhecer mais da trama. Durante a leitura, percebi muitas diferenças com a novela. O capítulo final do folhetim traz aquela felicidade característica de finais de novelas, mas a realidade do livro é outra bem diferente.

A história não tem bem um começo. Já somos apresentados a uma família desmembrada. De um lado, a menina Virgínia, que mora com a mãe, Laura, uma mulher que sofre os males da insanidade; o tio Daniel, o amante de Laura e pai de Virgínia - fato ainda desconhecido pela menina; e Luciana, uma negra que nutre um amor secreto por Daniel e, por isso, faz de tudo para cuidar dele e de Laura.

Por outro lado, temos o ex-marido de Laura, Natércio, um homem austero, dedicado ao trabalho e de maneiras frias, que mora em um casarão com as duas filhas, irmãs de Virgínia, Otávia e Bruna, além de Frau Herta, uma governanta alemã, com jeito militar.

O livro é dividido em duas partes, narrado sob a perspectiva de Virgínia. Na primeira parte, ela é uma criança convivendo com seus dilemas a respeito da situação da mãe, com o ódio a Daniel e Luciana, a inveja que sente de Otávia, a frieza de Natércio e o distanciamento com as irmãs. Na segunda parte, ela, já adulta, volta do internato para a mansão e percebe as mudanças e descobertas das pessoas com quem conviveu na infância.

A metáfora da ciranda de pedra é uma constante na narrativa. No jardim da mansão, um enfeite de anões que formam uma ciranda em volta de um filete de água é objeto de comparação à tentativa de Virgínia de encaixar-se naquela ciranda formada por Bruna, Otávia, Conrado, Afonso, Letícia e, depois, Rogério. "Tanta inveja da antiga roda de pedra, mas por que não posso entrar?!"

Interessante notar que os textos de Lygia sempre trazem a sua marca constante: o recorrente uso da cor verde, sua predileta; o fantástico; e as metáforas com elementos da natureza. Sobre esse último recurso, nota-se no início do romance Virgínia tentando salvar uma formiga e logo depois, esmagando-a, após lembrar-se da beleza de Otávia. Martiriza-se por se achar diferente da irmã, feia e ruim. Ao final da história, ela aparece tentando salvar uma libélula e fascinando-se após ver o inseto revivendo. "E vendo que a libélula enveredava por entre os juncos, ficou pensando que mais importante do que nascer é ressuscitar." A autora traz aí um desfecho libertador para a personagem, por vezes tão atormentada com as memórias do passado, o ódio e a culpa.