Natalia Faria 20/10/2023
Assim que se formou na escola, Delilah abandonou a pequena cidade que morava em busca de se tornar uma fotógrafa reconhecida em Nova York. Não somente isso, também deixou para trás o passado em que viveu com a madrasta e a irmã postiça após a morte de seu pai. Entretanto, a necessidade de dinheiro e a oportunidade de trabalhar no casamento de sua irmã postiça Astrid a trazem de volta a Bright Falls. E é através desse retorno que Delilah, sem nem imaginar, pode ter a chance de ressignificar antigas situações e seus relacionamentos com os moradores daquela cidade, em especial, Claire, uma das melhores amigas de Astrid.
Através de uma narrativa leve, divertida e até certo ponto clichê, acompanhamos as implicações que a presença de Delilah causa nos preparativos do casamento, ao mesmo tempo que compreendemos melhor os motivos que a fizeram se afastar. E não só os dilemas da protagonista são abordados, a maior parte dos personagens tem profundidade e trazem para trama novos debates que são feitos de forma leve e responsável. E embora pareça que isso vai tirar o foco do romance, pelo contrário, ele dá novas camadas para a relação a ser desenvolvida por Delilah e Claire.
E o que falar delas?? Não tem como não se apegar! Cada uma é maravilhosa da sua maneira e mesmo com o estranhamento inicial, fruto de mal-entendidos da época da adolescência, o relacionamento delas é construído de forma delicada e muito bonita. Aliás, destaco o fato de que o modo como elas encaram a relação é condizente com as experiências diferentes que cada uma vivenciou: se por um lado Delilah só pôde vivenciar sua adolescência tardiamente quando foi para Nova York, saindo com várias mulheres ao longo dos anos; de outro lado Claire engravidou do primeiro namorado e ainda adolescente teve sua filha Ruby, encarando a responsabilidade muito cedo. Assim, Delilah não se entrega ao amor romântico de início, e Claire se preocupa muito com a duração do relacionamento e como isso pode afetar Ruby caso ela se apegue a Delilah (inclusive uma das minhas cenas favoritas é Delilah ajudando Ruby a transformar o vestido dela em algo que ela goste).
Enfim, estou empolgada para ler as próximas histórias da série e espero que sejam tão divertidas quanto essa. Aliás, autoras(es) por gentileza continuem escrevendo clichês em livros sáficos, é reconfortante e de alguma forma ressignifica pontos da nossa própria história.