-Rafaela 10/02/2024
Casa de Chama e Sombra
Esta resenha contém spoilers. Dito isso, tenho diversas considerações a serem feitas, afinal, é um livro longo e há muitos acontecimentos ocorrendo ao mesmo tempo e em um curto período de tempo.
Desde o final do livro anterior, estava com altas expectativas de como Casa de Chama e Sombra seria desenvolvido, principalmente pela frase icônica que se encerra. Foram dois anos aguardando para ler a continuação que não via a hora de ter o livro em mãos.
?? Oi, Bryce Quinlan. Meu nome é Rhysand.?
Primeiramente, começando pelo crossover de Acotar: Quando CC2 termina com essa frase do Rhysand se apresentando a Bryce após ela aterrissar em Velaris, imaginei que o foco em si desse crossover seria a Bryce e o pessoal de Acotar ajudando ela a descobrir como derrotar os asteri. Mas, desde sempre, nunca achei que o foco do livro fosse toda a galera de lá - até porque a protagonista é a Bryce - só pensei que todos de Acotar iriam ter uma participação significativa. Não estou dizendo que o que a Sarah entregou foi ruim, porém, lendo através da percepção da Bryce de quem seria o Rhys e o pessoal da corte dele, eu também não iria ser tão receptiva assim.
O problema é que o crossover foi algo muito aguardado pelos fãs, inclusive por mim, e muitas teorias foram sendo criadas, expectativas foram geradas e no fim, muita gente se frustrou. Como disse logo acima, não é ruim, mas não foi extraordinário. Espero que no futuro, caso haja outro crossover, este possa ser melhor desenvolvido.
Continuando, esperava que alguns personagens tivessem tido mais destaque, como o próprio Rhys, assim como a Feyre, sendo Grã-Senhora da corte noturna esperava uma apreciação dela. Afinal, o reino dela também poderia ser afetado pelos Asteri (Daglan) novamente. Isso é uma coisa que me incomodou muito, porque desde da época do Tamlin, a Feyre queria fazer parte das coisas. Entendo que agora ela é mãe, só que a mudança que a Sarah costuma fazer nas protagonistas não me agrada nem um pouco.
A respeito da Nestha, foi uma surpresa - positiva - a aparição dela. Nunca achei que fosse dizer isso, já que eu particularmente não gosto do desenvolvimento dela em Acotar. Mas aqui, pude começar a enxergar ela com outros olhos, e por incrível que pareça, senti compaixão pela personagem (o conto da Bryce e dela junto com o Azriel ajudaram para que isso acontecesse, bem como, o conto da Ember). Deu para perceber que ela está mais aberta e receptiva aos outros, e menos reclusa. Acredito que ela terá um papel fundamental para os próximos livros de Acotar, e sim, estou ansiosa para isso - quem diria eu tecendo elogios à Nestha.
Não tenho muito o que falar da aparição do Azriel porque para mim, ele ainda continua sendo uma incógnita e às vezes o fato dele ser tão fechado só me causa indiferença mesmo. Não é um personagem ruim, só falta ser melhor explorado, e acredito que isso também acontecerá nos próximos livros do universo de Acotar. Obs: Azriel, como você deixa a Bryce roubar a Reveladora da Verdade? Para um mestre espião, aqui você foi ingênuo.
E não, não é somente Acotar que está interligado a CC, Tog também está, e Sarah já plantou algumas pistas do que podemos esperar nos próximos livros. Basta saber quais teorias ela irá seguir a partir deste enredo. Incrível que enquanto eu lia, conseguia conectar todos os universos, realmente, essa mulher tem tudo arquitetado e planejado.
Voltando o foco para os personagens de CC e começando pela protagonista Bryce. Não sei o que aconteceu com a personalidade dela, mas, nesse livro, parecia outra, me irritando em diversas cenas. A Bryce sempre teve esse jeito de falar, fazer piadas das próprias situações, ser debochada, no entanto, achei que foi um tanto forçado. Além disso, fiquei muito indignada dela simplesmente ter roubado a Reveladora da Verdade, ter na maior parte do livro destratado o próprio parceiro que sofreu horrores, questionando a vontade dele de lutar contra os asteri, logo o Hunt, que foi escravizado por anos, sofreu diversos tipos de torturas e perdas.
Achei a Bryce um tanto quanto egoísta, sim. A maneira como ela agia e falava, chegou a me fazer desgostar um pouco dela. Principalmente porque ela não conseguia ser sincera, sempre estava escondendo algo do parceiro e dos próprios aliados. Nela isso não funciona, infelizmente. Não é porque funcionou na Aelin de Tog que na Bryce também funcionaria. Mas aí você olha e pensa ?nossa a Bryce morreu na guerra se sacrificando para salvar a todos?. Cadê a criatividade da Sarah quanto a esse plot? Por que só consegui pensar em Acowar, na cena do Rhys.
Tirando tudo isso citado acima, teve partes sim que eu gostei da Bryce, porque mesmo ela escondendo as coisas, tudo foi feito por amor, e a frase da Danika nunca fez tanto sentido para mim conforme o livro avançava.
?Por amor, tudo é possível.?
Sobre o Hunt, eu senti muito por ele. Por que como eu já disse, infelizmente, a própria parceira dele não compreendeu a dor e o medo que ele sentia naquele momento. Ele estava sofrendo, se culpando por todos estarem naquela situação, era normal de se esperar que ele estivesse relutante. A revelação de quem seria o pai dele não me surpreendeu tanto assim porque eu já aguardava algo do tipo. De modo geral, o Hunt é um personagem que eu gosto, só que eu sinto que falta personalidade nele, algo que me faça amá-lo com os outros protagonistas da Sarah.
Ruhn nesse livro foi o meu sofrimento e felicidade. Desde sua primeira aparição sabia que seria o meu personagem favorito e depois desse livro só confirmou que ele é o melhor de todo o universo de CC - só minha opinião importa. Simplesmente gostei de ver a evolução que o Ruhn percorreu, aquele príncipe feérico que tinha receio do que o futuro o aguardava, assim como, toda a crueldade que viveu nas mãos do Rei Outonal. Sem mencionar a dor e angústia que ele experienciou no calabouço. O que importa é que no final, ele encontrou a Lídia, sua parceira, amiga, companheira, alguém que o entendia e que o amava na mesma intensidade.
?Eu te amo. Eu me apaixonei por você do fundo da alma, e é minha alma que encontrará a sua de novo em outra vida.?
Lídia Cervos foi o maior acerto nesse livro, roubando o protagonismo de todos. Os capítulos dela foram os melhores. Ficar sabendo que toda sua história foi traçada em dor, perdas, submissão para salvar aqueles que amavam e que ela só teve quatro momentos felizes em sua vida, me fez amar ela ainda mais e com certeza, se tornando uma das minhas personagens favoritas da Sarah. A descendência dela vindo do próprio Brannon e o nome do próprio filho, foi mais uma coisa confirmada de que logo logo teremos um crossover com Tog.
?? E você me viu. Pela primeira vez você me viu. Eu podia falar com você como nunca tinha falado com ninguém antes. Você me fez lembrar que eu estava... estou... viva. Há muito tempo que não me sentia assim.?
Não poderia deixar de afirmar que meu casal, Lídia e Ruhn são os melhores de CC. A construção de relacionamento desde quando eram os agentes Night e Day, um curando o outro de todo o sofrimento, a química, o amor, fazem deles os melhores.
?Os dois não eram a Corça e o Príncipe Herdeiro dos Feéricos. Não eram Day e Night. Ali, naquele momento, eram somente Lídia e Ruhn. Ele não mudaria nada.?
Preciso confessar que achei o Ithan mal desenvolvido na maior parte do livro. Todos os capítulos narrados eram para dizer que ele precisava salvar a Sigrid, e isso me cansou. Porém, depois começaram a acontecer várias coisas quando ele foi para a casa de Chama e Sombra, que comecei a gostar mais do desenvolvimento. Vejo que toda a construção do Ithan neste livro é para que no próximo, ele possa ter um papel fundamental, já que agora ele é Primo dos Lobos, e seu poder está totalmente pleno. Assim como desconfio que a Pery possa ser parceira dele. Perdi as contas de quantas vezes ele falou sobre o cheiro que vinha dela. E foi muito bonito de se ler que o Ithan enfim conseguiu se despedir do Connor e ter paz perante a ausência do irmão.
?Dê orgulho ao seu irmão.?
Tharion assim como o Ithan, acredito que também ganhará mais protagonismo no próximo livro. Porque vejo que só agora a história de ambos poderá ser contada e desenvolvida melhor. O Tharion foi a pessoa que mais fez escolhas ruins e que as colocaram em apuros em todos os livros. Estou ansiosa para saber como o relacionamento dele com a Sathia vai ser desenvolvido e também o amadurecimento do próprio.
Outra personagem que teve sua história contada foi a Jesiba e que particularmente gostei de conhecê-la, e por fim, compreendê-la. Não imaginava nada do tipo, e o final que foi dado a ela foi emocionante. Quem diria que Jesiba Roga poderia ser, afinal, uma pessoa de um bom coração?
Sobre os demais personagens como, Flynn, Dec, Baxian, June e Fury - que eu ainda não sei nada sobre - senti que faltou mais participação na história, desenvolvimento mesmo. Gostaria de saber mais sobre suas respectivas vidas. Tirando o Baxian que conhecemos um pouco mais, só que ainda assim, poderia ter aprofundamento. Como a própria Hypaxia, que parece padrão, entra no meio da história e sempre acaba ajudando.
E por um milagre, a Danika dessa vez, não foi o centro do desenvolvimento do livro. Não aguentava mais ler o nome dela nos outros sendo a responsável por todos os plots. Ainda bem que dessa vez, ela só foi mencionada vez ou outra.
Sobre a construção do livro em si, percebo que novamente teve páginas a mais que não iriam interferir no rumo da narrativa se não tivesse. Algumas cenas foram bastantes emocionantes, mas nada se compara a CC1 e o seu final. Outras coisas aconteceram muito rápido, essencialmente se levarmos em consideração que tudo ocorre dentro de uma semana mais ou menos.
Não sei por qual rumo o próximo livro irá, visto que para mim, a história do casal Bryce e Hunt teve um bom desfecho final. Como também Ruhn e Lídia, que tiveram aquela cena extra que foi maravilhosa, com direito a casamento e tudo mais. Gostaria que Ithan e Tharion fossem os próximos protagonistas, pois vejo a história deles apenas sendo iniciada a partir do final que tiveram. Claro que ficaram algumas pontas soltas como o parasita na água, o antídoto que a Hypaxa desenvolveu para devolver o poder a todos os vanir e a questão da Primalux. Então enredo para ser desenvolvido tem, agora só resta aguardar.
No mais, eu gostei de Casa de Chama e Sombra, claro que alguns pontos poderiam ser melhor abordados, como em qualquer narrativa. No entanto, entregou emoção, surpresa, plot atrás de plot, e pude matar a saudades dos personagens.